Avenged Sevenfold
Hail to the King
(Warner)
Carregando para sempre o peso de ter que provar que é uma banda de heavy metal “de verdade”, o Avenged Sevenfold chega a este sexto álbum em grande forma. Explica-se que o grupo, por ter um passado ligado ao metalcore (como se isso fosse inédito) e ao emocore, e ainda por ter iniciado carreira com integrantes muito jovens, é sempre taxado por não fazer “metal o bastante” por gerações mais antigas e pelos chamados “haters”, praga que perturba o mundo da música contemporânea, sobretudo no meio virtual. Talvez por isso pode-se dizer que “Hail to the King” é uma tentativa de fazer um disco clássico de metal, com várias de suas tendências, fórmulas, clichês e artimanhas, tudo de uma vez só, reunidas. O que não é necessariamente ruim.
Verificadas separadamente, muitas das músicas desse disco se enquadrariam facilmente em subgêneros do metal, identificados com suas respectivas bandas ícones. A boa “Hail to the King”, cuja introdução é um solo de guitarra, poderia sem faixa de um álbum do Judas Priest ou de qualquer derivado do metal melódico subsequente. “Doing Time” é puro hard rock à Guns N’Roses/Velvet Revolver, incluindo as inflexões vocais de M. Shadows, com um “quê” de Scott Weiland. As orquestrações de “Requiem” são ponte expressa com o metal sinfônico europeu, e as guitarras “gêmeas” de “Coming Home” são puro Thin Lizzy ou Iron Maiden, grupo do qual Shadows é fã de carteirinha.
Isso não quer dizer, entretanto, que estamos diante de uma banda quase cover ou genérica. Se as composições, de um modo geral, precisam de um viés mais criativo/original, outras características se destacam no quarteto. Não há como negar que M. Shadows é um dos grandes vocalistas de sua geração, com alcance e timbre de voz tenor bastante peculiar. Ou que a dupla de guitarristas de nomes esquisitos Zacky Vengeance e Synyster Gates tem embasamento técnico e entrosamento necessários ao desempenho das funções em uma banda de heavy metal. Quem já viu a dupla no palco – do Rock In Rio, por exemplo, veja como foi - sem aquele olhar “conclusivo de antemão” sabe bem disso.
O que falta ao grupo é um pouco mais de peso, o que pode ser resolvido com a escolha de um produtor mais ligado ao metal. Mike Elizondo, que assina este disco, só há pouco tempo vem saindo do mundo pop para trabalhar com grupos como o Mastodon. É dele também a produção de “Nightmare”, o disco anterior do Avenged Sevenfold, lançado em 2010. Quem sabe importar o britânico Andy Sneap dos porões do metal extremo europeu não seja um bom ponto de partida? Ou mesmo testar os dotes de Nick Raskulinecz, cujos trabalhos com Foo Fighters e Alice In Chains são dos mais recomendáveis.
“Hail to the King” é, no fim das contas, um bom disco de heavy metal, com boas músicas que, com tudo que já foi explicado, não nega as origens. A faixa-título, também lançada como primeiro single; a forte e pulsante “Shepherd Of Fire”, que abre muito bem o CD; e “This Means War”, de tom épico e com vocação para a bateção de cabeça são três exemplos de faixas que vão fazer o disco ser lembrado para sempre. Cabe ao grupo manter o a formação – completada pelo baixista Johnny Christ e pelo baterista Aron Ilejay, que estreia em disco – e seguir em frente sem ficar olhando no retrovisor. Mas sempre lembrando que, quanto mais pesado, melhor
Tags desse texto: Avenged Sevenfold