Pearl Jam
Lightning Bolt
(Universal)
Quando o single “Mind Your Manners” apareceu na web, associado à força do título “Lightning Bolt”, a expectativa por um novo álbum do Pearl Jam pungente, cru e direto ao ponto como a própria música se estabeleceu. Mas o disco não entrega o que a canção promete. Diferentemente de “Backspacer”, o bom antecessor, lançado em 2009 (veja aqui), dessa vez o grupo, positivamente, não consegue reunir músicas em torno de uma ideia a ponto de se chegar a um bom álbum, de modo que, sem diálogo, as 12 faixas, se lançadas em separado e apresentadas como uma coletânea, seguramente não fariam feio. Ou, por outra, pode ser que estejamos, por caminhos tortos, de volta a época dos singles, de modo que cada canção aqui reunida tenha lá seu valor individual. De álbum mesmo, só o espetacular formato da embalagem: um verdadeiro livro com 40 e tantas páginas com capa dura de papelão.
“Mind Your Manners” é, sim, parente próxima da boa “Getaway”, uma porrada das boas que abre o CD, mas o que as duas desencadeiam em seguida estabelece um contraponto nada interessante. Há músicas lentas pouco inspiradas como “Sirens”, que não passa nem perto de baladas que até hoje são marcas registradas do Peal Jam, seja pela fraca composição mesmo ou pelo desenvolvimento pouco inspirado da música. “Yellow Moon”, de seu lado, é prima distante de clássicos como “Jeremy”, com um belo solo de Mike McCready, mas acaba soando como pálida recordação. A inócua “Pendulum” e a ingênua de tão limpinha “Sleeping By Myself” lançam o disco de volta à vala comum de um sarau universitário. As duas talvez façam mais sentido estrelando um álbum neo-hippie do vocalista Eddie Vedder tocando ukelelê até de madrugada.
Ressalta-se que o Pearl Jam – e já faz tempo – não deve ser associado ao grunge tal qual ele era representado lá no início dos anos 1990. Hoje, o grupo virou um representante de um “classic rock do bem” que agrada ao todos: fãs das antigas, interessados de última hora, novidadeiros e até – curiosamente - a crônica musical ansiosa por renovação a curto prazo. Tudo por conta de apresentações ao vivo arrebatadoras, nas quais sempre inclui covers de… classic rock. Ou seja, o quinteto poderia viver do que já construiu, sem precisar se colocar à prova, depois de tantos anos de consagração popular. Se parte para materializar um novo álbum, tudo isso conta na hora de compor, adicionando-se a segurança de homens de meia idade que quase sempre resulta em estagnação. Vem daí, quem sabe, a irregularidade entre as músicas desse “Lightning Bolt”.
O sotaque classic rock permeia todo o álbum, o que não significa necessariamente que apareçam rockões de todos os lados. A boa faixa-título, por exemplo, é um resgate do rock de verdade, animado como deve ser e enfatizado pela “performance rock’n’roll de raiz” de McCready e com o plus de um Eddie Vedder cantando pra valer, num prenúncio de como a música deve se sair bem nos shows. A esforçada “Swallowed Whole”, de seu lado, também pode entrar no rol das faixas que se salvam, junto com as já citadas “Mind You Manners” e “Getaway”, mas convenhamos que é muito pouco para um álbum do Pearl Jam, lembrando que o single “Olé”, lançado em 2011 às vésperas de uma turnê que passou pelo Brasil, ficou e fora. No desfecho com a acústica “Future Days”, com jeitão de U2 em “40”, o disco vai embora deixando a sensação estranha de “era só isso mesmo?”. Um futuro melhor, Pearl Jam, por favor.
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Não sei se você concorda que esse álbum poderia ser dividido em 2 lados, como os discos de vinil. O “lado A” abre com uma trinca de canções mais urgentes (Getaway, Mind Your Manners e a fraquinha My Father’s Son) e segue com duas baladas (a baba Sirens e a ótima Infallible) separadas pelo rockão da faixa-título. O “lado B” é mais variado, Pendulum e Yellow Moon são o tipo de canções estranhas presentes em todos os álbuns do Pearl Jam, gosto muito de ambas. Swallowed Whole é animada; Let’s the Records Play tem um baixo animal e Future Days é um final meio brochante. Quanto a Sleeping by Myself… dá vontade de mandar os caras da banda enfiar o ukelelê no c* do Vedder!
Melhor álbum desde o Riot Act (2002), na minha humilde opinião essa criatividade nunca esteve tão aguçada. Minhas favoritas são Getaway, Let the Records Play e Infallible. Estranhei, de fato, a nova versão de Sleeping by myself, mas é questão de tempo até acostumar (o mesmo aconteceu com Sirens, que não curti de inicio). Sempre vão ter as que você acaba se identificando mais. Ouvi as mesmas criticas no Backspacer e chegando no show tava geral cantando. Pearl Jam é isso: um misto de sentimentos que até quem acompanha a banda há mais de 10, 15 anos se renovam a cada dia.
Amigo, parei de ler quando disse que “Sirens” e’ pouco inspirada…