Bem planejado
Em fase “paz e amor”, Dave Mustaine aproveita abertura do Black Sabbath para destilar peso e velocidade com o thrash metal de cartilha do Megadeth. Fotos: Léo Corrêa
Pode parecer pouco, mas a volta do baixista Dave Elefson, ex-desafeto de Mustaine, somada aos dois álbuns recentes e às várias turnês com a formação estabilizada dão um advantage especial à banda. Ainda mais que, nesse ínterim, o Megadeth fez turnês tocando a íntegra de dois de seus álbuns mais representativos, “Rust in Peace”, de 1990 (veja como foi), e “Countdown to Extinction”, de 1992. Ou seja, a banda tem repertório ensaiado à rodo para tocar o que quiser, e o entrosamento é latente. Tanto que o tempo de uma hora disponível para o quarteto vira quase 50 minutos, dada a velocidade e o alto poder de explosão em que as músicas são tocadas. Se para o Sabbath (veja como foi) o peso é primordial e imbatível, o thrash de cartilha do Megadeth se alterna nos dois flancos, ora veloz, ora cadenciado.
Assim, se as partes mais lentas de “Wake Up Dead”, comandada por um duplo bumbo animal, e “Symphony Of Destruction” colocavam o público para pular, o desespero de “Holy Wars”, a música mais veloz do oeste thrash metal, enlouquecia até o fã de metal tradicional interessado “só” na atração principal da noite. Ajudado por uma qualidade de som extraordinária, em volume e potência, Mustaine comandou um verdadeiro massacre sonoro, emblematizado pelo tiroteio reproduzido em “Sweating Bullets”: era bala para todo o lado. Tudo - repita-se – com muitos vídeos sincronizados com o som, o que fazia o impacto das músicas, já forte, crescer enormemente em intensidade e pressão sonora.Até uma música como “She Wolf”, do apenas razoável álbum “Cryptic Writings”, ganhou um up grade com um solo genial de Mustaine, seguido de um duelo espetacular entre ele e Chris Broderick, com um apostando corrida com o outro sem a menor cerimônia. “Kingmaker”, o single de “Super Collider”, lançado este ano, tem um quê de grudenta como as musicas mais recentes do Megadeth, e é terreno fértil para Broderick se lançar solo enquanto Mustaine se garante na base. Poucos guitarristas, aliás, conseguem fazer as duas guitarras – base e solo – e ainda transitar facilmente entre elas num mesmo palco como o Diabo Loiro.
Outros destaques em um set curto, mas bastante bem aplainado foram a abertura avassaladora com “Hangar 18”, mostrando logo de que ninguém ali estava para brincadeiras; “Tornado Of Souls”, quando Mustaine lembra que o Rio foi a primeira cidade da América do Sul em que o Megadeth tocou, no Rock In Rio de 1991, no Maracanã; e ele usava a mesma roupa!; “Peace Sells”, com a entrada da caveira mascote Vic Rattlehead, trajada como um general de guerra; e a já citada “Symphony Of Destruction”, quando a plateia grita o nome da banda na cadência do thrash. Um belo show de abertura, mas o grupo ainda fica devendo um volta para uma apresentação inteira na cidade. Afinal, desde 2008 isso não acontece, e, na ocasião, nem foi tão bom assim (veja aqui).Clique aqui para cer como foi o show do Back Sabbath.
Set list completo:1- Hangar 18
2- Wake Up Dead
3- In My Darkest Hour
4- Kingmaker
5- Sweating Bullets
6- Tornado of Souls
7- She-Wolf
8- Symphony of Destruction
9- Peace Sells
Bis
10- Holy Wars… The Punishment Due
Tags desse texto: Megadeth
Esse show foi legal. Em geral a galera do thrash tá de bem com a vida, tocando bem. O show do Anthrax no ano passado foi ótimo também. Exceção é o Slayer, com os vários problemas. Mesmo assim o show deles foi bom vendo pela TV, lá na Cidade do Rock foi marromenos.
Mas eu sinto saudade da formação clássica do Megadeth, com Friedman/Menza.