O Homem Baile

Bem planejado

Em fase “paz e amor”, Dave Mustaine aproveita abertura do Black Sabbath para destilar peso e velocidade com o thrash metal de cartilha do Megadeth. Fotos: Léo Corrêa

O guitarrista Dave Mustaine debulhando a guitarra logo no início da noite, na veloz 'Hangar 18'

O guitarrista Dave Mustaine debulhando a guitarra logo no início da noite, na veloz 'Hangar 18'

Aquele Megadeth que durante anos teve a imagem vendida como a banda do guitarrista frustrado que foi expulso do Metallica ficou para trás. Por isso o grupo topou fazer a abertura da turnê que marca a volta do Black Sabbath original numa nice, sem reclamações do por vezes marrento Dave Mustaine, o chefão da boca. E mais. O grupo ainda bolou um set especial para a ocasião, incluindo vídeos em profusão em todas as músicas e a adição de dois telões particulares em pleno palco. Resultado: um belíssimo show de abertura na Apoteose já bem cheia, no Rio, ontem (13/10), de uma banda cujo poder de fogo também está longe se esgotar; muito ao contrário até, se consideramos a qualidade e sotaque grudento dos trabalhos mais recentes.

Pode parecer pouco, mas a volta do baixista Dave Elefson, ex-desafeto de Mustaine, somada aos dois álbuns recentes e às várias turnês com a formação estabilizada dão um advantage especial à banda. Ainda mais que, nesse ínterim, o Megadeth fez turnês tocando a íntegra de dois de seus álbuns mais representativos, “Rust in Peace”, de 1990 (veja como foi), e “Countdown to Extinction”, de 1992. Ou seja, a banda tem repertório ensaiado à rodo para tocar o que quiser, e o entrosamento é latente. Tanto que o tempo de uma hora disponível para o quarteto vira quase 50 minutos, dada a velocidade e o alto poder de explosão em que as músicas são tocadas. Se para o Sabbath (veja como foi) o peso é primordial e imbatível, o thrash de cartilha do Megadeth se alterna nos dois flancos, ora veloz, ora cadenciado.

Chris Broderick e Dave Mustaine apostam corrida em um dos muitos duelos do show do Megadeth

Chris Broderick e Dave Mustaine apostam corrida em um dos muitos duelos do show do Megadeth

Assim, se as partes mais lentas de “Wake Up Dead”, comandada por um duplo bumbo animal, e “Symphony Of Destruction” colocavam o público para pular, o desespero de “Holy Wars”, a música mais veloz do oeste thrash metal, enlouquecia até o fã de metal tradicional interessado “só” na atração principal da noite. Ajudado por uma qualidade de som extraordinária, em volume e potência, Mustaine comandou um verdadeiro massacre sonoro, emblematizado pelo tiroteio reproduzido em “Sweating Bullets”: era bala para todo o lado. Tudo - repita-se – com muitos vídeos sincronizados com o som, o que fazia o impacto das músicas, já forte, crescer enormemente em intensidade e pressão sonora.

Até uma música como “She Wolf”, do apenas razoável álbum “Cryptic Writings”, ganhou um up grade com um solo genial de Mustaine, seguido de um duelo espetacular entre ele e Chris Broderick, com um apostando corrida com o outro sem a menor cerimônia. “Kingmaker”, o single de “Super Collider”, lançado este ano, tem um quê de grudenta como as musicas mais recentes do Megadeth, e é terreno fértil para Broderick se lançar solo enquanto Mustaine se garante na base. Poucos guitarristas, aliás, conseguem fazer as duas guitarras – base e solo – e ainda transitar facilmente entre elas num mesmo palco como o Diabo Loiro.

Em pose emblemática, Mustaine sola forte em um show bem planejado como banda de abertura

Em pose emblemática, Mustaine sola forte em um show bem planejado como banda de abertura

Outros destaques em um set curto, mas bastante bem aplainado foram a abertura avassaladora com “Hangar 18”, mostrando logo de que ninguém ali estava para brincadeiras; “Tornado Of Souls”, quando Mustaine lembra que o Rio foi a primeira cidade da América do Sul em que o Megadeth tocou, no Rock In Rio de 1991, no Maracanã; e ele usava a mesma roupa!; “Peace Sells”, com a entrada da caveira mascote Vic Rattlehead, trajada como um general de guerra; e a já citada “Symphony Of Destruction”, quando a plateia grita o nome da banda na cadência do thrash. Um belo show de abertura, mas o grupo ainda fica devendo um volta para uma apresentação inteira na cidade. Afinal, desde 2008 isso não acontece, e, na ocasião, nem foi tão bom assim (veja aqui).

Clique aqui para cer como foi o show do Back Sabbath.

Dave Elefson, que arredondou a atual formação

Dave Elefson, que arredondou a atual formação

Set list completo:
1- Hangar 18
2- Wake Up Dead
3- In My Darkest Hour
4- Kingmaker
5- Sweating Bullets
6- Tornado of Souls
7- She-Wolf
8- Symphony of Destruction
9- Peace Sells
Bis
10- Holy Wars… The Punishment Due

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Fabio em outubro 14, 2013 às 16:07
    #1

    Esse show foi legal. Em geral a galera do thrash tá de bem com a vida, tocando bem. O show do Anthrax no ano passado foi ótimo também. Exceção é o Slayer, com os vários problemas. Mesmo assim o show deles foi bom vendo pela TV, lá na Cidade do Rock foi marromenos.
    Mas eu sinto saudade da formação clássica do Megadeth, com Friedman/Menza.

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