Megadeth
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Banda recria “Rust In Peace” em noite que já se anunciava histórica. Resenha do show do Credicard Hall, em São Paulo, dia 24 de abril de 2010. Publicada na Revista Billboard de maio de 2010. Foto: Marcelo Rossi/Divulgação.
Era para ser apenas mais uma turnê do Megadeth no Brasil, só que: a) O grupo decidiu tocar a íntegra do álbum “Rust In Peace” (1990), um dos mais relevantes do thrash metal; b) Lançou “Endgame” no ano passado, tido como o melhor disco deles desde o próprio “Rust In Peace”; e c) Reintegrou o baixista David Ellefson, de sua melhor formação. Aí ficou fácil fechar o repertório numa noite que já se anunciava histórica.
Além do cenário, bateria e guitarras customizadas, Dave Mustaine repetiu o figurino – jeans e camisa social branca – que usou quando os brasileiros viram o Megadeth pela primeira vez, no Rock In Rio II, de 1991. Falastrão contumaz, Mustaine só abriu a boca antes do petardo “Holy Wars… The Punishment Due”, que deu início à sequência das nove faixas: “Sabemos porque estamos aqui, certo?”. Pela primeira vez desde que a turnê começou, em março, o set list foi alterado. Entraram a instrumental “Dialectic Chaos” e “This Day We Fight!” (ambas de “Endgame”) e as clássicas “Sweating Bullets” e “A Tout Le Monde”. Tá bom pra você?
Curioso ver como Chris Broderick, um iniciante quando “Rust In Peace” foi lançado, se encaixa tão bem nas músicas da época, o que não é para qualquer um. As intrincadas evoluções do álbum exigem esforço até mesmo de quem é fera. Em “Hangar 18”, ele apostou corrida com Mustaine; em “Take No Prisioners”, puxou todos para a beira do palco em vistosa coreografia.
A reação do público, que só engoliu o som terrível da casa porque conhecia as 21 músicas de cor e salteado, foi estupenda. A introdução cadenciada de “Peace Sells” foi cantada em uníssono, e rodas de pogo não paravam de surgir, a despeito da lotação quase total. O riff cadenciado de “Symphony Of Destruction” se transforma no grito ritmado “Me-ga-deth! Me-ga-deth!”. A interação foi tanta que até o áspero Mustaine sorriu, recolheu bandeiras do Brasil e, quase cinquentão, apareceu sem camisa no bis. Também não precisava exagerar, né?
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