O Homem Baile

Chegando aos poucos

Na abertura para o Black Sabbath, Rival Sons não corre riscos e reafirma a força do classic rock contemporâneo. Fotos: Frederico Cruz.

O ótimo vocalista do Rival Sons, Jay Buchanan, e seus trejeitos junto ao pedestal do microfone

O ótimo vocalista do Rival Sons, Jay Buchanan, e seus trejeitos junto ao pedestal do microfone

A tarefa de fazer a abertura de uma turnê do Black Sabbath em tudo o que é canto do mundo pode não ser das mais fáceis. Em 2013, o cascudo Megadeth passou por cima sem dó (veja como foi), honrando a agressividade inerente ao thrash metal. Agora é a vez do Rival Sons, e se o som praticado pelo grupo, revelado no classic rock contemporâneo, é muito mais identificado com o do Sabbath, o quarteto é absolutamente desconhecido do grande o público que enche a Apoteose, ainda que tenha feiro excelente papel no Monsters Of Rock do ano passado (relembre). E se existe um bom lugar para uma banda estar é em um palco abrindo para o Sabbath.

Por isso a conversa é curta, a guitarra canta sem parar e o som é pesado e estridente. O ótimo vocalista Jay Buchanan se esforça agradecendo em português o tempo todo e pede para que façam festa em local feito para festa, numa referência desengonçada à Praça da Apoteose. O negócio dele é mesmo soltar o gogó, e com boa performance de palco, manipulando o pedestal do microfone como David Coverdale em uma banda cuja referência maior é o Led Zeppelin – Coverdale Page detected. É o que acontece logo de cara em “Secret”, a segunda música do set de cerca de 40 minutos, e na ótima “Open My Eyes”, guiada por um excepcional riff setentista que deságua em refrão daqueles grudentos, cortesia do abundante guitarrista Scott Holiday.

Porque esse ele entra na chuva é para se molhar, e não há música que seja tocada pela banda sem que ele debulhe a guitarra como esta fosse sua plena extensão corporal e cerebral. Na cadenciada “Fade Out”, dedicada a um amigo próximo da banda que faleceu durante as gravações do novo álbum, “Hollow Bones”, Holiday emenda um solo acima da média em relação aos encontrados em bandas clássicas ao longo dos anos. “Pressure and Time” é praticamente uma convocação à contemplação a irresistíveis evoluções de guitarra. “Torture”, desencravada de um obscuro EP, é a senha para o desfecho anunciado com “Keep On Swinging”, que já pode ser considerado um hit de refrão fácil, riff grudento e cantarolar embutido. Foi nela que o público mais esboçou o que se pode chamar de interação com a banda.

O abundante guitarrista Scott Holiday: instrumento parece plena extensão corporal e cerebral

O abundante guitarrista Scott Holiday: instrumento parece plena extensão corporal e cerebral

Como se vê, embora tenha lançado o bom, mas curto “Hollow Bones” em junho, o Rival Sons não se arrisca tanto, preservando o repertório mais conhecido ao tocar só a já citada “Fade Out” do material novo; “Black Coffee” é outra que mereceria entrar. “Great Western Valkyrie”, o trabalho anterior, de 2014, fornece nada menos que quatro das sete músicas do show. Talvez nem fizesse tanta diferença, já que no meio do público soa como se fosse tudo novidade mesmo. Quem sabe o quarteto, então, esteja guardando poder de fogo para uma necessária passagem em show único pelo Brasil ainda na turnê desse disco? Tomara.

Set list completo:

1- Electric Man
2- Secret
3- Pressure and Time
4- Open My Eyes
5- Fade Out
6- Torture
7- Keep On Swinging

Clique aqui para ver como foi o show do Black Sabbath na Praça da Apoteose, no Rio

Nota: lamentavelmente a produção do Black Sabbath não permitiu a atuação de fotógrafos da imprensa brasileira, tampouco forneceu imagens oficiais aos jornalistas credenciados para fazer a cobertura do show.

Tags desse texto:

Comentários enviados

Sem comentários nesse texto.

trackbacks

There is 1 blog linking to this post
  1. Rock em Geral | Marcos Bragatto » Blog Archive » Eterno

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado