Metalizado
Sepultura atualiza a mpb visceral de Zé Ramalho em apresentação concorrida e ovacionada no Rock In Rio. Fotos Divulgação Rock In Rio: Ariel Martini (1 e 2) e Victor Nomoto (3 e 4).
Mas, também pudera. Zé Ramalho é representante da mpb, mas não é um mauricinho como Chico Buarque nem um cabeçudo oportunista como Caetano Veloso. Figura sombria, sempre esteve envolvido com temas pouco comuns ao universo mpbista chatonildo e metido à besta. Em seus discos, participavam gente como Zé do Caixão, Sérgio Dias e até Patrick Moraz, guitarrista do Yes. E, naquela pasmaceira dos anos 1970 em que quase não existia rock no Brasil – não me falem de jovem guarda - eram figuras como Zé Ramalho que mais se aproximavam, pelo conjunto da obra, ao universo rocker. Daí a coisa ter casado tão bem. Ele ainda cantaria, do Sepultura, com sucesso, a mestiça “Ratamahatta”, música gravado no álbum “Roots”, o de maior sucesso do Sepultura, mas desprezada por causa de um nefasto convidado. Com Zé, valeu à pena ouvi-la.
Muito antes de Zé Ramalho entrar no palco, porém, o show já era diferente. Isso porque o Sepultura limou o repertório que tem tocado nas turnês recentes e escavou o solo fértil das músicas pouco (ou nunca) tocadas ao vivo, caso de “The Hunt”, do New Model Army, cujo registro está no álbum “Chaos AD”. E, ainda, houve tampo para levar a versão de “Da Lama Ao Caos”, de Chico Science e Nação Zumbi, gravada para o novo álbum, “The Mediator Between the Head and Hands Must be the Heart”. A música foi tocada ao vivo pela primeira vez, e com um rico detalhe: Andreas Kisser nos vocais. A reação do público ante a essas mudança? Enlouquecimento amplo, geral e irrestrito.O resumo do metal é que Sepultura e Zé Ramalho conseguiram como poucos fazer o que sugere a curadoria do Palco Sunset, e justamente no show de encerramento. Uma apresentação única, misturando de verdade o trabalho dos dois artistas. A maioria fracassa por falta de ensaio, interesse ou talento. E vejam vocês o que é o Sepultura. Equivocadamente escalado no Rock In Rio de 2011 no palco secundário, fez um dos melhores shows daquela edição (veja como foi). Este ano, foi chamado de “arroz de festa” por fazer dois shows, um no Palco Mundo com o Tambours Du Bronx, e este no Palco Sunset, seguramente um dos melhores de 2013. Quem segura?
Set list completo:1- Dark Wood of Error
2- Inner Self
3- Propaganda
4- Dusted
5- Spit
6- The Hunt
7- Da Lama ao Caos
8- A Dança das Borboletas
9- Jardim das Acácias
10- Mote Das Amplidões
11- Em Busca do Ouro
12- Ratamahatta
13- Admirável Gado Novo
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