No Mundo do Rock

Enfim, livre

Após ficar em apuros com problemas de saúde, o guitarrista Bruno Kayapy reformula o Macaco Bong e desabafa tudo o que sofreu ao ser cooptado por um projeto político/messiânico. Fotos: Divulgação (1) e Luciano Oliveira (2, 3, 4 e 5).

Bruno Kayapy: único remanescente da formação clássica do Macaco Bong, reformula o grupo

Bruno Kayapy, único remanescente da formação clássica do Macaco Bong, reformula o grupo

Essa é uma história de uma banda que, ao ter seu disco colocado em primeiro lugar numa lista com os 25 melhores do Brasil, levou uma bronca do chefe, que logo quis se apropriar de seus méritos. A história de uma banda sem igual no cenário musical brasileiro que durante anos serviu de “case” de sucesso de um projeto político/messiânico que tem chocado o Brasil nas últimas semanas, a cada espantosa revelação de quem esteve lá dentro e conseguiu sair. E, sobretudo, a história de um músico que cedeu sua força de trabalho em diversas áreas para uma causa política e se viu desamparado quando mais precisou, ao ser diagnosticado com 50% de chances de morrer.

O Macaco Bong não acabou como muita gente imagina, mas segue vivo curando traumas e se reestruturando. Além do guitarrista Bruno Kayapy, sobrevivente da formação clássica, estão na banda Igor Jaú (baixo) e Eder Uchôa (bateria). Nascido em Cuiabá em 2004, o trio se destacou no meio independente (e depois fora dele) fazendo um som instrumental de altíssima qualidade, mas também por envergar a bandeira do coletivo Fora do Eixo, a ponto de titular seu álbum de estreia com o slogan “Artista Igual Pedreiro”, lançado em 2008. Ainda foram colocados no mercado o EP “Verdão e Verdinho”, em 2011, e o segundo álbum, “This Is Rolê”, em 2012. Depois disso, tudo desmoronou.

Essa era para ser uma entrevista com uma banda como outra qualquer, afinal é o rock que interessa aqui, e um grupo como o Macaco Bong e um músico talentoso como Bruno Kayapy não podem ficar no limbo da manipulação política. Mas os relatos do guitarrista, feitos via e-mail, em tom de desabafo, têm passagens tão impressionantes que não poderiam - e nem foram - editados ou replicados. Assim como aconteceu com outros sobreviventes do Fora do Eixo, Bruno desabafou longamente boa parte de tudo o que viveu nesse período intenso (e tenso) de sua existência.

Apropriação de criação artística, pressão psicológica, manipulação da boa fé alheia, trabalho árduo sem reconhecimento e remuneração - não é só pelos cachês -, projeto de perpetuação no poder, descaso, abandono, ingratidão, falta de solidariedade e sim, um pouco de arte, música e rock’n'roll você vai encontrar nas linhas abaixo, escritas pelo próprio guitarrista. As respostas são longas - a internet está aqui pra isso mesmo - e pode te cansar, mas, se eu fosse você, leria tudo até o fim, nem que faça isso em partes. As revelações de Bruno são realmente assustadoras.

REG: Como está a formação do Macaco Bong hoje? Além de você, quem está na banda?

Bruno Kayapy: A banda voltou a residir em Cuiabá, cidade onde foi fundada em 2004 e já se encontra com novos membros. O novo batera é Eder Uchôa (Frog), que substitui o Ynaiã Benthroldo, e no baixo está tocando um outro parceiro meu de longas datas, o Igor Jaú, ambos cuiabanos.

O Frog é amigo meu de infância, começamos a aprender a tocar juntos por volta dos nossos oito anos. Ele também toca guitarra, temos uma sinergia muito boa, ele me conhece muito bem tanto pessoalmente quanto musicalmente e espiritualmente. A gente respira no mesmo timing, viemos desde o inicio bebendo das mesmas fontes. Antes de o Macaco e do meu envolvimento com o Espaço Cubo (embrião do Fora do Eixo, criado em Cuiabá) e o Calango (festival independente que era realizado em Cuiabá), eu e o Frog tivemos uma banda instrumental chamada TX3. Foi ali que desenvolvi e tive os “estalos” de toda essa minha linguagem que aplico no Macaco Bong. Fazíamos extensos laboratórios trancafiados no quarto da casa dele tocando guitarra e bateria. A casa dele sempre foi vizinha da minha, crescemos juntos e hoje estou muito feliz em poder ter ele junto da banda, um cara que além de tudo é um grande irmão desde infância e é um músico incrível.

Estamos ensaiando toda semana o repertório dos discos anteriores e ao mesmo tempo criando novas ideias para o terceiro disco, sem pressa alguma. Nossa prioridade no momento tem sido aproveitar mais esse nosso reencontro curtindo nossa sinergia e tirando o máximo proveito disso. Esta nova formação tem sido como estar reprocessando tudo desde o zero novamente, os ensaios têm sido upgrades e constantes, criando novas possibilidades e caminhos. Tem me deixado bastante estimulado e satisfeito o resultado a que temos conseguido chegar no geral.

REG: O que motivou a saída do baixista Ney Hugo e do baterista Ynaiã Benthroldo, que com você eram a formação clássica do Macaco? Houve atrito entre vocês?

Bruno: Em partes o caso do Ney foi quando fomos morar em São Paulo em, 2011. Ynaiã e eu morávamos em uma casa que funcionou como o QG da banda na Vila Madalena, e o Ney morava na Casa Fora do Eixo SP, que ficava no Cambuci. Eu já não estava mais ligado diretamente ao FDE, o Ynaiã estava parcialmente, porém mais focado no Macaco Bong, e o Ney Hugo estava totalmente envolvido. Com o passar dos meses fomos sentindo falta da presença dele nas coisas do dia a dia da banda, o Ney passou a assumir cada vez mais novas demandas de trabalho com o FDE e foi consensual da nossa parte a saída dele, já que a banda estava sendo prejudicada em seus compromissos. Foi decidido a saída dele, amigavelmente, para que a banda não continuasse se prejudicando em seus compromissos. Ele saiu e continuou segurando a bronca nos shows tranquilamente, até que encontramos Gabriel Murilo, que saiu logo em seguida junto com o Ynaiã.

A Saída do Ynaiã surgiu no início com uma colocação da parte dele que estava escolhendo voltar a se dedicar integralmente às ações da Casa FDE, justamente no início da turnê de lançamento do “This is Rolê”, em novembro de 2012. O objetivo dele passou a ser se dedicar integralmente a Rede de Festivais FDE, Rede Música Brasil e ao TNB - Toque no Brasil (todos projetos do Fora do Eixo), assim como criar outros projetos musicais paralelos.

Ele queria que a banda desse um tempo indeterminado, propôs que eu voltasse para Cuiabá, montasse um projeto novo e que, caso desse certo, a gente não precisaria mais voltar com o Macaco Bong. Discordei por uma série de motivos, mas os principais logo de cara foram: 1) Havíamos acabado de lançar o “This is Rolê” e havia metas a se cumprir e contas a se pagar; 2) Tínhamos acabado de fechar dois patrocínios de endorsers com o Pedrone Amps e a marca de guitarras e baixos Peruzzo. Tal parceria consistia em um calendário de ações anual incluindo shows, gravações, turnês, vídeos e outras coisas; e 3) Com a proposta do Ynaiã, todo o projeto seria congelado e isso não faria com que a banda perdesse os endorsers e também queimaria para sempre o nome da banda com as marcas.

Voltar a Cuiabá e montar um projeto novo do zero, sozinho, necessitaria de todo um processo de investimento a longo prazo e naquele momento aquilo para mim seria literalmente impossível, diante das condições em que as coisas estavam. De certa forma a gente não conseguia chegar em um consenso que fosse justo para os dois lados e isso começou a fazer com que a gente entrasse em atrito diversas vezes e a banda parou. Independente de tudo, a necessidade do Ynaiã parou a banda após a turnê de lançamento do “This is Rolê” e esta pausa acabou gerando um imenso prejuízo em todos as áreas de trabalho da banda.

Muitas das propostas feitas a mim naquele momento para que a banda desse um tempo giravam em torno de propositividades isoladas e separatistas, porém em tom passional como: “volte para Cuiabá man, monte seu projeto novo e seja feliz, me dá um abraço aqui ‘mano’ (em clima sorridente)”. Porém, eu já não estava nada sorridente, mas extremamente preocupado com a situação. Fui pego de surpresa, pois estávamos aguardando o palco ficar pronto para passar o som logo nos primeiros shows da turnê, e o Ynaiã puxou o assunto de dar um tempo indeterminado com a banda, e naquele instante ele foi totalmente planejado para a conversa, já haviam até emitido uma passagem aérea de volta de Belo Horizonte para Cuiabá para mim sem me avisarem. Depois do abraço rolou um: “volta lá pra BH, pega suas coisas e vaza”, em tom romântico e gaguejado. Parecia que ele sabia que não estava fazendo a escolha certa, mas no decorrer do tempo vi que ele fez a escolha certa, porque pior seria a banda parar e acabar.

Quando o Ynaiã resolveu anunciar a saída dele, em seguida realizamos um encontro em São Paulo em março deste ano para a realização do último show da banda com a formação original, na última noite do Studio SP, que fechou a logo em seguida.

O show aconteceu normalmente junto com convidados (Vitor Araújo e o Quarteto de metais do Móveis Coloniais de Acaju), foi uma noite linda, um show emocionante. Porém, no dia seguinte, Pablo (Capilé, dirigente do Fora do Eixo) me chamou para uma conversa na Casa Fora do Eixo e o papo com ele, como sempre sincero, foi o seguinte: me deu uma sugestão de que se ele fosse eu naquele momento, ele não viveria este pesadelo que seria de continuar o Macaco Bong sozinho e que achava que seria mais interessante eu acabar a banda porque isso seria acabar com chave de ouro depois do show do dia anterior, que tinha sido ótimo e um marco como uma das últimas noites no Studio SP na noite Fora do Eixo. Por fim me sugeriu montar um projeto novo e se eu topasse montar esse projeto, poderíamos de repente nos tornarmos parceiros novamente. A conversa foi tranquila, em nenhum momento fiquei afrontado com isso, porém ali eu vi que de fato, definitivamente, o FDE não era mais o meu lugar mesmo.

A forma com que trataram o Macaco foi muito vazia, de assumirem uma postura de esvaziar politicamente a banda simplesmente instalando um aplicativo de tensão, principalmente nos que tem ligação com a arte e que é artista de fato, e que tenha um trabalho minimamente reconhecido. Isso faz com que te coloquem sempre em uma posição de dualidade à deriva de escolhas do tipo a banda ou o processo. As saídas dos ex-integrantes do Macaco Bong se basearam nas mesmas causas e circunstâncias e isso tudo fica muito claro para mim que tudo aquilo foi conversado, foi de certa forma uma estratégia, bastava a banda estar em um bom momento dela que esse “DualApp” (como vou chamar aqui o tal “aplicativo da dualidade”) era instalado e tensionado no grupo. Toda essa tensão sempre foi colocada para que a gente pudesse, digamos, sentir na pele a pressão pelas escolha diante dessa dualidade e assim temer uma questão principal como não ficar na sinuca de bico diante das tais escolhas, “não emitir nenhum símbolo relacionado ao seu lado artístico para que você não perca sua credibilidade com o processo”.

Após a saída do Ynaiã, tenho notado em alguns posts, pessoas defendendo mais o lado do artista ali dentro recentemente, espero que não seja para esvaziar politicamente essa questão que aconteceu com o Macaco em si. No fundo, acredito que simbolicamente o processo tem procurado se re-significar neste sentido. Se isso for verdadeiro, vai ser lindo! Espero que não seja por estratégia de esvaziamento político de causas porque isso lá na frente explode, como sempre, e os exemplos da saída de todos os caras do Macaco Bong são claras, o motivo de todas elas foi em função do processo do FDE. O Ney para se dedicar à Cafe (Casa Fora do Eixo), e já não dava mais conta dos compromissos da banda. Inclusive a cartada veio do Ynaiã, que já não se sentia mais seguro com o Ney musicalmente porque o Ney não estava trabalhando em cima das músicas em função das atividades que o sobrecarregavam na Cafe-SP. Porém a decisão final foi minha, eu chamei o Ney, comprei os desgastes, como sempre sem conflito algum, e toquei o boi para frente.

O caso do Ynaiã foi exatamente o mesmo, ele queria parar a banda por um tempo indeterminado para se dedicar a Rede de Festivais e ao TNB (projetos do Fora do Eixo). Isso de certa forma também acontece porque ninguém ali, depois que entra para o processo, vai querer estar na pele do cara que sai, porque o primeiro choque vem de quando você ainda é do grupo e participa da dinâmica interna do processo. Tão logo vai presenciar a tensão com a saída de alguém, e a única coisa que fica na tua cabeça é: “Mano, eu não quero um dia ser esse cara que vaza nem fodendo”.

Bruno no Festival Fora do Eixo, no Rio, em 2010

Bruno no Festival Fora do Eixo, no Rio, em 2010

A partir daí o agente entra em um processo de fuga entre a justificativa e a prova. Provar para si, provar ao outro, provar ao nada, a justificativa de tudo passa se tornar a prova seguida de justificativa arrogante, compreende? Por que? Para que se prove ao grupo que você é “leal” o suficiente ao processo, não emitindo estes símbolos ao grupo e principalmente às maiores lideranças do processo.

O processo fica testando os níveis de lealdade das pessoas com o processo, e é exatamente este o contexto de entendimento do processo. O entendimento inicialmente começa a se aflorar no cara, que ele é apenas mais um passando por aquilo, e que é de boa e, sendo assim, “todos são iguais”.

Entender o processo do FDE é estar pronto para qualquer demanda, aceitar todas as condições sem questionar, desde limpar o chão, carregar caixa, organizar eventos, tocar, buscar gente no aeroporto… As articulações mesmo quem faz a frente são sempre os mesmos, não muda os cargos. Quem entra e sai são esses que são “pau-pra-toda-obra”, entendendo que você tem que apenas fazer de tudo sem questionar ou justificar seu erro, aceitando ser chamado de incompetente e entender isso como estímulo. Se não você não entende o processo, além de que, se você questionar, você esta sendo “arrogante” diante das leis do processo.

Portanto tudo o que aconteceu foi como qualificar um julgamento pautado em cima destas leis que obrigam o agente voluntário a se render às premissas de um estatuto, e nas internas a coisa é completamente diferente. Todos ali, além do Macaco Bong, são pessoas iguais às outras, e acima de tudo são livres na sociedade e não devem passar por peneiras que de fato vão contra a formação livre. Você aprende a fazer coisas no FDE, sim, claro que aprende, várias, porém, só no berro e aceitando ouvir que você é incompetente quando for conveniente te chamar diante de um erro cometido em qualquer nível de escala.

Este modelo de gestão não estimula o auto gestionário, o que mais vejo é o FDE tropeçando sempre nos mesmos erros lá de trás, quando a gente ainda na fase embrionária, debatia cena local, em que as diretrizes eram pautadas nos formatos industrial, econômico e político, e não social e muito menos cultural. A Volume (Voluntários da Música), por exemplo, foi uma ação que serviu para turbinar o atendimento das demandas do Espaço Cubo, era industrial, sim, porque ela era formada por quatro comissões: Distribuição (venda de discos); Produção de Eventos (produção, atendimento, bilheteria e bar); Comunicação (bombar o evento pra dar gente); e Sonorização (os caras que montam o som para poder rolar o evento). Perfil industrial, tudo é industria hoje no mercado atual, senão é comunidade hippie. Sabe quantos eventos a Volume e o Cubo faziam por ano? Quase 100. Depois que o Cubo foi embora e montou a Cafe-SP, sabe quantos eventos tem hoje em Cuiabá, por ano? Nem 10. Isso é uma é mais um símbolo de que os interesses eram capitalizar a Rede, porque São Paulo já era meta, no fundo.

Afinal todas essas frentes caminham juntas ali, porém o maior interesse na Cultura para o FDE é a mobilização e não a arte. A arte enquanto construção ou desconstrução é finalidade atrativa, não é vista como meio, a que estimula para uma continuidade. O conceito de artes integradas, por exemplo, integradas agora à Rede Brasil de Festivais, foi adotada aqui do Calango, em Cuiabá, e hoje percebo que o slogan das Artes Integradas estimula o número, a quantidade, e não a arte em qualidade e acesso. O incentivo e o estímulo ao aumento da qualidade das prestações de serviços através da formação de “novos” agentes que somam a rede é de fato modelo de gestão industrial, com ênfase no entretenimento. É importante não confundirmos cultura com entretenimento. Cultura vem dos costumes de uma região que não é o caso do slogan das artes integradas, e o entretenimento, sim, usa do agregar números restringindo o acesso aos mais envolvidos. É modelo empresa, é igual ao Lollapalooza. Filiais para agregar mais números ainda, isso tudo aqui a gente pode também resumir mais claramente em duas palavras: Grito Rock (festival criado pelo FDE que acontece em várias cidades).

Minha opinião quando defendo a valorização de uma banda/artista não consiste aos limites dela ou pelo simples fato dela se achar iluminada/ter um dom, ser humilde ou não, e sim, até onde ela dá conta de “tocar o boi”. Isso quer dizer que não consiste na “grossura da pica dela” e sim até onde “a pica dela vai”. Aprendi isso certa vez em uma sessão de mixagem dentro do estúdio.

O rolê não é pessoal, é contextual. Me pergunto sempre para onde estou indo. Não existe fim para quem acredita na eficiência. Caiu no tatame? Levanta e segue a luta. Errou? Aprende a fazer certo, depois da tempestade vem a calmaria. Não existe fim e nem verdade absoluta, tudo que existe só morre uma vez para quem vive ao lado dela se dedicando da forma que você mais ama. Se dedicar acreditando sempre com aquilo que sonha conquistar um dia na vida.

Não acredito em bandas que acabam e voltam, acho muito romântica e arrogante essa visão. Acho até mesmo pretensiosa, é a cara do Bon Jovi essa onda errada. Acredito que a decisão sempre tem que ser pelo melhor (da banda e dos músicos). Quem está sendo eficiente no processo não tem porque sair. Quem sabe o que quer não conflita com dualidades. Vai buscar o que é seu e faça da melhor forma possível, sem se limitar e muito menos conflitar. É importante saber até onde a gente vai assim como os outros que estão do teu lado.

Reforço que é totalmente desnecessário qualquer tipo de “estratégia” que consista no esvaziamento politico de artista ou pessoa. Esse “modelo de formação” funciona dentro de eleição e partidos, nunca vai funcionar dentro de um movimento artístico porque só vai prejudicar as pessoas e o futuro delas e do projeto. Sabe o que soa para mim hoje, após ter saído do processo? Que todo este modelo de gestão e estratégia que emplaca e estimula as lideranças, no fundo é alimentado de um prazer pelo poder de ser quem as pessoas se tornam ali dentro diante dos confortos delas mesmas, que são pactuados entre si por interesses em comum que se tornam “coletivos”, e, consequentemente, compartilham o gozo vendo aqueles que se desligam do processo se submetendo a defender uma posição “medíocre” em que o cara que se fode na mão deles acaba se rendendo a uma posição de vítima, “saboreando” o que alimenta a fome de estar apenas em uma posição “importante” no processo. As coisas ali tendem a caminhar somente para onde o vento assoprar, e, consequentemente, o que for mais fácil de operar sem precisar fazer aquilo definido para inglês ver! Foram anos mastigando isso para que eu realmente pudesse hoje ter uma visão mais clara diante de tudo isso que rolou e ainda rola, analisando de fora.

REG: É verdade que o Macaco Bong chegou a ser um quarteto, com músicas com letras? Qual era a formação?

Bruno: A primeira formação da banda foi como quarteto, mas não tinha letras. O Macaco sempre foi instrumental desde o início, na formação quarteto tinha uma guitarra a mais.

REG: O Macaco Bong sempre teve a trajetória associada ao Fora do Eixo e sempre foi apontado como um “case” de sucesso dessa forma de trabalhar no meio artístico/cultural. Por que, então, houve o rompimento?

Bruno: O rompimento se deu justamente por aqueles fatores que citei acima, a forma com que se trata o artista ali através de uma tensão totalmente desnecessária. Porém isso não foi o ponto crucial da coisa, e sim como minhas demandas passaram a ser tratadas. Coordenei durante anos o núcleo de Áudio/Sonorização e Produção de Palco das ações do Espaço Cubo e do Fora do Eixo, então trabalhei em muitos festivais pelo Brasil como roadie, diretor de palco, coordenador de palco, técnico, e toquei também como músico. Trampava e tocava, isso foi muito legal, para mim era o “artista igual pedreiro” na essência. Porém eu sempre sentia um cheiro que me era estranho no ar do rolê, que era como se na dinâmica do grupo as lideranças temessem que o artista fosse se promover em cima do FDE. Logo de cara a gente já lida com a anulação de toda uma possível união, porque a gente trabalha junto, mas se você for artista e ralar junto, você é artista e nunca será visto como o cara do rala, e isso começa a te esvaziar naturalmente do processo. Todo esse modelo de gestão me motivou a me desligar do processo, porque sempre fiz propostas às casas para a criação de uma rede de estúdios comunitários pelo país para gravação, edição e fabricação de discos independentes com apoio do poder público, via solicitação, funcionando através de uma gestão compartilhada. Daria para isso funcionar muito bem aqui no Brasil, sob a gestão de grupos e coletivos de áudio e vídeo do país inteiro. Assim como programas baseados no estimulo ao incentivo da utilização de matéria-prima e mão-de-obra nacional para a fabricação de instrumentos e equipamentos nacionais. Como não deram bola para isso (no rolê tem uma visão do áudio em especial como “os cara do som carregador de caixa”), de certa forma apliquei tudo ao Macaco Bong. Hoje a banda está conectada com estúdios por todo o País, marcas, lojas, e tenho um modelo próprio de amplificador com nível de primeira linha, top de nível mundial, da marca Pedrone Amps, desenvolvido pelo meu engenheiro de áudio, Pedrone Augusto, que é do Rio de Janeiro mas reside em São Paulo. E vou usar uma linha de guitarra nacional feita com madeira brasileira como freijó, jacarandá e pau-marfim com o Peruzzo, que é do Rio Grande do Sul. Todo o hardware é de linha sul americana de um novo parceiro, argentino (DsPickups), o Dario, que constrói microfones e captadores ativos e passivos pra mim.

O FDE poderia ganhar aonde com isso? Em nenhum edital, claro, mas teríamos hoje sem dúvida, pelos longos anos de articulação, um cenário e um mercado da música totalmente auto-sustentável. O FDE ainda não se define como indústria e mercado e o entrave foi com o setor do áudio. Tivemos em Cuiabá o estúdio do Cubo que funcionava com card (moeda paralela) e geral ensaiou e produziu conteúdo lá. Para mim o card se enquadraria nisso, no estímulo de uma cadeia produtiva, e jamais depender de um banco. O fluxo de sustenta, a criação do papel moeda foi um erro tremendo, equivocado.

Já atendi solicitações para a realização de orçamentos para compras de uma estrutura de som para teatro, pub, de várias formas, mas nunca saiu do orçamento e isso refletia em mim o símbolo real do capital simbólico do setor. Ele ia até o papel somente, o papel era o valor e não a necessidade real. O fato de você sistematizar planilhas de controle de fluxo através das demandas do capital simbólico apenas para agregar números e vender para os patrocinadores e chancelar o movimento com o poder público e seus representantes, o principal, os editais que hoje visam o quanto que você vai gerar, mobilizar, inserir e movimentar no seu projeto. O conteúdo programático da rede está sempre pautado em cima dos benefícios pautados pelos editais, diante das normas e do atual contexto dos programas de inclusão em si do que estiverem na ponta. A rede faz do capital simbólico o conteúdo de atividades que funciona através de laboratórios e vivências, o que de certa forma é um modelo já muito adotado hoje por empresas. Da mesma forma que, quando a gente propõe um projeto baseado no que se vê a rede vendendo, a gente não tem retorno. Por exemplo, acabei de fazer uma turnê de um projeto experimental do Macaco Bong com a banda Skrotes (SC), fiz um projeto para a Unicult (Universidade Livre de Cultura, do FDE) que se baseava em fazer do projeto uma criação de bolsas de vivências no exterior para as bandas após a turnê emitindo um certificado via Unicult, que sistematizaria a turnê toda como um laboratório de formação e o material didático disso que seria produzido pelo Macaco Bong e pelo Skrotes. Entraria como tese de rotas no Brasil, ia virar um material didático para realizar turnês, escrito pelas duas bandas para a Universidade Livre de Cultura. Não tive retorno. Conversei com a galera, trocamos e-mails, me pediram para enviar o projeto, inicialmente demonstraram um certo interesse, mas não saiu do papel, como sempre. E não tive mais retorno, ou seja, não era interessante para a Unicult. Por que? Me compreendem?

Esses dias caminhando no centro, passei em frente a um outdoor com uma propaganda do dono do outdoor inclusive, que era uma gráfica chamada Print, muito conhecida aqui em Cuiabá, e a propaganda dizia assim: Publique seu outdoor por R$ 600 e ganhe a produção. É no caso o cliente, associado ou parceiro, colocando o valor em real do serviço e eles compensando do outro lado com a força de trabalho da empresa para somar com o resultado final da obra, certo? O outdoor e o lucro.

O card como valor simbólico funciona da mesma maneira, você com sua força de trabalho estimula a cadeia produtiva dos setores e automaticamente começa a gerar recursos, tanto com capital em espécie, quanto com capital simbólico (que se resume a sua força de trabalho para o processo), o que no final apenas “simboliza” a sua importância no jogo. Ao mesmo tempo este símbolo pode ser benigno ou maligno, porque com um tempo ele pode virar um câncer. Somente será benigno se você aceitar as condições entendendo o jogo do capital simbólico e se pactuar a ele. Consiste no quanto que as pessoas estão dispostas a se abdicarem de si pelo processo.

Conforme o Macaco ia crescendo, conforme meu nome foi saindo em listas de melhores guitarristas, entre outras coisas que acontecia neste sentido, era instantâneo o aumento do nível de tensão comigo, temendo que eu fosse reconhecido, sim, pela minha arte, e não pela minha militância no processo junto ao FDE. Com isso comecei a receber provocações que foram chegando no nível de: “Você vai pular, você vai pular”. Com esse tom de tensão que soava ameaçadora às vezes, isso me deixou muito puto com tudo que me dediquei pelo processo, um sentimento de arrependimento profundo.

O guitarrista Bruno Kayapy e o rapper Emicida, numa das raras parcerias, no Grito Rock RJ de 2011

O guitarrista Bruno Kayapy e o rapper Emicida, numa das raras parcerias, no Grito Rock RJ de 2011

Em 2008 recebemos como um parabéns para banda uma “comida de rabo” por ganhar o primeiro lugar dentre os 25 melhores discos nacionais do ano pela “Rolling Stone”. Pablo (Capilé) convocou uma reunião interna no Cubo e disse pra gente que este prêmio não tinha mérito algum do Macaco Bong, “só se vocês forem muito ‘prego’ mesmo para achar que quem ganhou esse prêmio foi o Macaco Bong e não o FDE”. Sem nenhum dos três citar ou mencionar nada a respeito, nem sequer comemorar um prêmio como aquele, do tipo, um “parabéns galera!”, no mínimo, nem isso. O papo foi reto e saí da conversa com aquele sentimento de que o Macaco Bong não significava nada dentro daquilo tudo que estava sendo posicionado. Era tudo política. Ali eu entendi o jogo, isso deu um certo baque na banda e ao mesmo tempo nenhum de nós jamais conversávamos entre nós três sobre isso. A gente ignorava a questão e fingia que estava tudo de boa. Em compensação a banda não compôs mais por anos, não ensaiou, e eu particularmente passei a fazer todos os shows dali em em diante sem o mínimo tesão, era como se fosse um sacrifício. Passei a não curtir mais a minha própria banda naquela época, o Pablo sempre estava colocando a banda pra baixo, assim como as pessoas ao redor, e vi que aquilo não estava sendo saudável e também não contribuía com nada a não ser com as necessidades do Fora do Eixo. Os direitos e a necessidade do Macaco sempre foram reprovados, se fizessem algo pela banda a gente tinha que retribuir em dobro com serviços e participação no processo, e aí a gente chega no ponto X da questão de como realmente funciona o rolê de todo este capital simbólico. Estou eu aqui hoje nessa, por exemplo, investi anos e hoje estou tendo que reconstruir tudo de novo, porque saí do processo. Até quanto vale o card para quem sai da rede na real? Qual é realmente o valor do capital simbólico disso tudo que não seja jogar na cara que se não fosse o FDE você não era um nada? Esse valor circula? Quem sai praticamente paga por algo como se tivesse cometido um crime. No final das contas, o FDE esquece de citar os juros do card quando cita o capital simbólico, falar só da parte boa não resume tudo, tem os juros também, vale para aqueles que “desfidelizam” o plano, ou melhor, saíram fora e são queimados na rede toda do card.

REG: Essa separação teve a ver com os problemas de saúde que você enfrentou?

Bruno: Sim, a forma como fui tratado por todos da rede e pelos ex-companheiros da banda, né? Falando a real, foi bem foda para mim, quando estive internado com um tumor e não recebi nenhuma visita, nem mesmos dos caras da banda. Minha família ligou para pedir ajuda, minha situação era de 50% de chance de sobreviver, estava realmente entre a vida e a morte, e eles optaram por absolutamente ninguém ficar sabendo, além das “internas do cubo”. Foi uma atitude totalmente conservadora de não correr risco de manchar a imagem do processo, e naquela altura foi necessário fazer um procedimento na cirurgia que deveria ser urgente para que o tumor não se alastrasse mais e se tornasse maligno (câncer). Isso aumentou os custos. Tivemos custos com exames, tratamento, diária de internação, remédios, cirurgia… O custo foi muito alto e minha família, sem saber o que fazer, resolveu pedir ajuda ligando no Cubo. O que nunca aconteceu na história, sempre foi o contrário, inclusive minha família sempre ajudou muito o Cubo e o FDE, foi uma das famílias que mais investiu e ajudou a consolidar este processo na base aqui. Minha família tem as pessoas mais do bem do mundo, daquelas de outro planeta, só fazem de tudo pelos outros, totalmente solidários. E a resposta que eles tiveram foi que eu não merecia esse tratamento que eles consideraram “especial” a mim. Porque eu, segundo a justificativa, não merecia mais do que eu já havia “recebido” pelo processo que eles justificavam como viagens com o Macaco Bong, como seu eu nunca tivesse feito nada pelo processo, como se eu tivesse chegado na porta do Cubo, batido na porta falando que eu era do Macaco Bong e precisava de parceiros para banda. A justificativa foi que eu já viajei o mundo inteiro, toquei no Brasil inteiro, fui para o Canadá, e que por isso estava bom para mim, eu já era o “guitar hero”. Agiram como se eu tivesse cometido uma mega “filha da putagem” com o processo por ter tido um tumor e pelo reconhecimento da minha arte, em tom de “vai, quero ver você sofrer agora”.

Minha família questionava: “Galera, o Bruno esta correndo risco de vida, gente, vocês poderiam dar uma ajuda que fosse para a gente? Não precisa ser em dinheiro, apenas uma força, ele está precisando”. E a resposta foi: “Sinto muito, tia, é a vida né? Morrer, morreu! Fazer o que?”. E, sinceramente, ouvir isso da galera que vivi quase uma década, todo dia junto construindo isso tudo, foi foda! Foi um momento que mudou minha vida para sempre, minhas intenções, tudo! Foi um choque de realidade e cultural futuro para mim, para a reconstrução da minha pessoa. Tudo mudou completamente depois daquilo, foi um trauma muito grande para mim. Não só determinou a minha saída (do FDE) como me afastou para sempre de todos eles. Ficamos eu e toda a minha família muito tristes com tudo que aconteceu. Mas não guardamos rancores, minha família é gente de bem. Na época parecia que tinha alguém morrido mesmo, minha família parecia estar de luto nesta fase. Foram os piores anos de toda a minha vida. Até hoje esses últimos seis anos que se passaram, do “Artista Igual Pedreiro” pra cá, o Pablo fez da minha vida um pesadelo.

Até que felizmente consegui ajuda de outros familiares que ficaram revoltados com toda a história. Todos viam o quanto eu era apaixonado pelas atividades do Fora do Eixo e o quanto eu me dedicava por aquilo, até mais que ao Macaco Bong. Foi preciso eu ouvir “morrer, morreu pra mim” e decidir: “Opa, agora sim vou sair fora” do quanto eu era realmente apaixonado pela possibilidade da construção de um novo mundo. Como fui idiota de acreditar um dia. Tudo bem, eu era muito novo, muito moleque, quadrado, vivendo sobre a pressão de tudo sem poder ter a liberdade de desenvolver minha própria personalidade e ser quem eu sou. A única verdade que sei que saiu dali foram aquelas músicas que compus no “Artista Igual Pedreiro”, de lá para cá estou com meu coração entalado na garganta, precisando vomitar tudo!

Eles gostavam de me chamar de “guitar hero”, era um jeito irônico que me chamavam quando queriam me afrontar, tirar onda, me deixar puto… Nunca pedi nada em troca em tudo que investi durante anos, desde o início no processo, e aquela foi a única ajuda que pedi na vida. Nunca cobrei pelos meus anos de trabalho e nem um centavo de cachê do Macaco Bong, que nunca foi remunerado desde o inicio da banda até a minha saída do processo, em 2010. Toda a grana ia para o “Banco FDE”. Em determinado momento, minha família insistiu em pedir ajuda, conversar numa boa e tal, mas mesmo assim o ódio e o repúdio a mim era 100%. Nunca fiz nada de mal a ninguém do processo, jamais teria a capacidade de fazer, e a resposta foi: “Sinto muito, mas se vocês investiram na gente, Dona Cecília, vocês foram incompetentes de achar que por isso a gente tem que ser obrigado a ajudar a pagar um tratamento para o seu ‘filhinho’”.

Quando fomos para o Primavera Sounds, na Espanha, conseguimos apoio de passagem pelo Minc e havia vaga para uma pessoa a mais. Conversamos entre a gente e decidimos levar nosso técnico de som (Markito), e quando solicitei se nosso técnico poderia em um e-mail da lista do Cubo, o Pablo nos respondeu com um grande e-mail ridículo: “Kayapy, quem você pensa que é pra se achar no direito de hipervalorizar o seu lado artístico? Estou achando estranho esse posicionamento de vocês em relação ao Macaco. Se é para esse lado que querem partir, me avisem porque sinceramente não acho interessante esse modelo de gestão”. Tenho o e-mail salvo. Em determinado momento, diz assim: “Essa porra desse DVD tem consequência de que? Esse show na Espanha tem consequência de que?”, se referindo que nada do Macaco Bong poderia ser importante, somente as “entregas” para o FDE.

Detalhe: eu fiz duas turnês sentindo muita dor, tonturas, desmaios, sofrendo hemorragias, e a galera ficava acobertando. Quando não, diziam que eu estava “dando pala” ou me fazendo de vítima, tratando com descaso. Além disso, o Macaco tinha grana em caixa, naquele momento do tumor havíamos tocado em duas viradas culturais e acabado de sincronizar uma música nossa para uma trilha sonora para o (Campeonato) Mundial de Futsal para a Sportv. Contrato de sincronização (não quero citar valor por vergonha, porque foi alto) e nunca pedi nada de volta em tudo que investi no processo. Repito: diferentemente do processo que sempre me cobrou e me repudiou, o discurso que a rede emprega e tenta convencer, até hoje os outros de que o rolê é um modelo interessante a se seguir, qual exemplo que eles usaram muito para convencer a maioria? O Macaco Bong. “Olhem lá os meninos do Macaco Bong, ralam, ralam, ralam e tá tudo certo, não reivindicam seus direitos, não reclamam de nada, é a melhor banda do Brasil!” E nunca fomos nem agradecidos por isso, nem pela rede, nem pelo Pablo e nem por ninguém. Já agradeci ao Pablo ao vivo, publicamente, em entrevistas e em muitos lugares, e mesmo assim fui chamado de ingrato quando saí do processo. Ele mesmo nunca me agradeceu por nada, nem ninguém. Para geral ali eu sou um oportunista e um filho da puta. Ele contaminou todo o processo com isso após minha saída, fez da minha imagem um filho da puta para o processo.

Sem o Macaco Bong e sim nas internas, ralando, quando o Hermano Viana, o Edson Natale, o Pena Schimidt foram visitar o Cubo, em 2006, e estávamos nós lá ralando em uma reforma, trabalhando freneticamente, teria sido tudo muito mais difícil de ele ter convencido toda essa gama de pessoas que hoje circulam no FDE. Muito diferente do Macaco Bong, que como qualquer outra banda, poderia muito bem caminhar com as próprias pernas se dedicando à arte dela e investindo em suas ações, modelo que o Cubo sempre repudiou e reprovou. Trabalhar a articulação para o Macaco Bong mesmo. Não estou aqui desmerecendo o que o FDE e o Macaco Bong construíram juntos, é só uma analogia em relação à troca. Nunca foi justo beneficiar o Macaco em qualquer sentido, qualquer benefício era tipo como se fosse um único prato de comida do dia. Tá bom, era errado, um crime no processo a banda estar bem.

Me dediquei ao trabalho pesado e fiz músicas que representaram um momento único para tudo aquilo que aconteceu, e essas músicas pagaram muitas articulações para a Rede FDE, porque para o Macaco não veio nada. Eu não recebi, Ynaiã não recebeu e Ney Hugo também não recebeu, nunca recebemos em pleno boom do “Artista Igual Pedreiro”, nunca pudemos ter a chance de curtir nossa liberdade, nossa independência. Isso era supérfluo, era um crime na dinâmica interna do processo. O Macaco foi submetido a ralar, se foder e calar a boca. Achavam que porque a banda viajava, ela já estava no bem bom, sem a minima noção da responsabilidade que é de subir em um palco e fazer um show que seja relevante e “Phoda”. Eles acham que o cara liga um botão e pronto: o show vai rolar lindo. Era bizarro.

Tive que aceitar tudo, ouvir muitas coisas do tipo “artista é assim mesmo, tudo medíocre”, sendo que, no fundo, quem pagava as contas da parada era nosso “rala” nos trabalhos do Cubo e a grana dos nossos shows do Macaco Bong.

Toda a grana que o Macaco movimentou, de 2005 a 2010, serviu para pagar almoços, jantas, passagens, hospedagens e contas da Rede, para mostrar para os outros “a grossura da pica da parada”, deturpando, no final das contas, todo o rolê por causa de ganância, sede de poder, capitalismo. A rede nunca teve grana para se bancar realmente. Estão sempre no vermelho e agora vivem um terror de serem acusados de uma série de coisas, porque ficaram por aí pagando de patrão para cima e para baixo, falando de números irreais, esbanjando poder de articulação e ganância, bancando jantar caríssimos em encontros. As lideranças tinham liberdade da grana, podiam pegar a quantia que quisessem, quando quisessem, comer em restaurantes caros, e a gente comendo marmita, quentinha, sempre o mesmo rango do restaurante do Inácio (José Ignácio Lima), aquele que saiu no jornal esses dias com milhares de cards em cima da mesa parado (matéria da Folha de São Paulo, veja aqui). Já as lideranças, andavam de carro para cima e para baixo, viajavam a hora que queriam, bancavam tudo para os outros, chancelando o rolê. Enquanto isso o Macaco Bong se fodendo. O compositor das músicas internado com um tumor e a rede lá bombando!

Nunca foi subsidiado nada para o Macaco Bong de 2005 a 2010, nem mesmo um tratamento médico que precisei em caso de vida ou morte. Esses três caras, eu, Ynaiã e Ney, nunca foram remunerados em espécie, nem mesmo pelos maiores shows que a banda fez até hoje. Espero que lembrem que o Macaco Bong foi muito importante e a banda mais solidária que já existiu nesse país. Antes de me julgarem ou pensarem qualquer coisa a respeito do envolvimento da banda com o FDE, pensem nisso. Foi por solidariedade, se fosse por status e benefício próprio, eu estaria no Fora do Eixo até hoje. Meu objetivo ali dentro nunca foi me tornar o “guitar hero”, toda a minha dedicação ali foi pela música brasileira.

O dedilhado de Kayapy, no Circo Voador, em 2010

O dedilhado de Kayapy, no Circo Voador, em 2010

REG: Explique o que houve com sua saúde e se está tudo ok agora:

Bruno: Eu tive um tumor benigno (o local prefiro não revelar publicamente), tudo por consequência das condições de trabalho e saúde que tínhamos. O tumor caiu como uma avalanche, sentia medo de morrer. Nunca passou pela minha cabeça passar por isso e ainda mais tão jovem como sou (26 anos). Ainda tive crises de revolta, entrei em uma depressão profunda, foi uma fase muito difícil porque a avalanche foi “tudo ao mesmo tempo agora”. Eu saindo do Cubo, internado no hospital, galera tretando comigo, tirando onda… Fiquei um mês sem conseguir andar depois da retirada do tumor, devido ao efeito da anestesia, quatro meses de cama no pós-operatório, e ninguém quis saber como eu estava esse tempo todo. Foram meses que me deixaram largado lá como se eu não existisse, quando estava ali, precisando da ajuda deles.

Foi realmente difícil essa fase para mim, mas quanto ao tumor, graças a ajuda dos meus familiares e amigos esta tudo ok. O que eu realmente preciso curar é tirar o DNA do FDE de mim. Acho que estou me curando disso cada vez mais, meu humor esta melhor, hoje estou um cara muito mais calmo do que eu era até pouco tempo atrás. Principalmente em me relacionar com as pessoas, eu saí do processo um pouco paranoico, juro que achei que eu estava pirando. Fiz várias sessões de terapia e os diagnósticos eram o mesmo, de que eu estava passando por uma depressão apenas. Mas eu não tinha depressão, descobri que é comum a todos ter depressão, inclusive em períodos de tensão, que não é exatamente um distúrbio. Uma pessoa não possui depressão, ela entra neste estado. Sou realmente leigo neste assunto porque paranoia sempre foi uma parada muito distante de mim.

REG: Nesse processo, circulou a notícia de que você deixaria a música. Até que ponto isso é verdade?

Bruno: Deixei por alguns meses, tentei. Me enojou ver todo esse lado podre do ser humano, sabe? Da indústria. Jamais imaginaria que aquelas pessoas poderiam fazer tudo aquilo que fizeram comigo e com o Macaco, sabe? Essas coisas para mim só existiam em filme. Após os caras terem me mandado de volta para Cuiabá forçadamente, sem que eu pudesse optar por uma escolha, a forma como tudo aconteceu, o abraço passional, a passagem emitida já antes do papo, tudo tramado, tom gaguejado… Eram tantas coisas que ficaram na minha cabeça que me vi incapaz de confiar em alguém novamente. Lembrei das tretas que rolaram na minha saída do processo, aquilo estava me consumindo. Com a saída dos caras eu tive novamente esse baque de querer largar tudo porque foi uma sequência muito punk.

Primeiro sai o Ney, depois o Ynaiã sai inesperadamente, o Gabriel vai junto. Ano após ano a coisa se repetia, de fato tinha alguém trabalhando contra o Macaco e parecia que ano após ano eu estava dando murros em ponta da faca. Mas pouco a pouco fui retomando o gás com meus amigos, fazendo tudo aquilo que o processo não deixava fazer (curtir com os amigos que não fazem parte do processo, por exemplo) e ali percebi que todo esse rolê que eles dizem ser “forfanagem” foi responsável por me incentivar. O amigo é diferente do amigo da rede, não existe amizade na rede, existe o processo. O amigo da rede é seu amigo até ali, só dentro da rede, portanto é seu amigo até ali mesmo. Já aquele seu amigo mesmo de verdade, quando o papo é sério, ele sabe ser verdadeiro contigo porque ele é teu amigo, um verdadeiro amigo, aquele que sabe tocar seu coração e nunca será aquele cara que paga de espertão pra cima de você ou que um dia te coloca em uma posição de vitima ou que for. O amigo de verdade, o que não é do processo, não te cobra nada em troca pelo que ele faz por você e pelo que você faz por ele, é sempre recíproco, não te julga pelo que você é, não impõe a você o modo dele de pensar. A sua atitude fica mais em jogo quando está com amigos, assim como a tua personalidade. É divertido, percebi o quanto o processo havia me tornado um cara quadrado, idiota. O verdadeiro amigo te ama como amigo pelo que você é, jamais te deixa na mão. Independente de seus defeitos e limites eles gostam de compreender o seu mundo e estão dispostos a trocar as diferentes formas que cada um tem de ver o mundo. Não dão risada da tua cara se você chora por algo que realmente esta te machucando profundamente. São justo esses caras que mudam as nossas vidas de verdade. Foi assim que comecei a tocar guitarra, por exemplo, e da mesma forma que retomei o gás para continuar a banda. Uma coisa que aprendi muito desde que saí do processo foi fazer amizades. Eu achava que tinha amigos ali para o resto da vida, mas me enganei. Devido ao modelo empregado na base de qualquer estratégia, vai sempre acabar matando o que de mais importante tem as virtudes de uma personalidade e das atitudes essenciais das boas intenções de um ser humano.

REG: O Macaco teria gravado um show para lançar em DVD, há três anos, mas parece que isso não vai mais acontecer. Explica o que houve?

Bruno: O DVD foi produzido em 2009 em uma parceria entre o Fora do Eixo, Greenvision, Construtora Música e Cria Cultura, que organizava o Conexão Vivo em Belo Horizonte. O material foi produzido normalmente, mas acredito, vendo aqui hoje, que o objetivo maior daquilo tudo foi uma outra coisa que não era lançar um DVD para os fãs. No término da ação, as marcas envolvidas já se encontravam chanceladas, com isso o DVD ficou anos congelado. O objetivo politico foi concluído, certo? As pessoas viram o show, viram as marcas, o Macaco falou, agradeceu, acabou o show, as pessoas foram embora e pronto. Ficou nisso! Quando os caras estavam saindo da banda, por acaso entrei no e-mail da banda e vi que estavam encaminhando em um grande e-mail com vários tópicos sobre o lançamento do DVD, com várias conversas e nenhum dos emails havia sido colocado em cópia comigo, muito menos falaram comigo, e pelo visto não tocavam no assunto quando eu estava perto. Os caras de fato queriam que eu calasse a boca e tocasse guitarra e ainda estavam na de me esvaziar politicamente. Achei muita sacanagem não me envolverem nisso, de eu ficar sabendo do rolê através de um e-mail. Os caras diante do todos os papos que vínhamos tendo de continuar a banda ou não, nem sequer tocaram no assunto do DVD. De fato trabalhando para me esvaziar politicamente, para me deixar somente com este espaço de artista no processo para depois não ter o que dizer sobre o fato de ser artista em relação aos outros que “ralam”.

Quando o Ynaiã e o Gabriel saíram definitivamente, eu retomei a coisa, terminei de encaminhar tudo com a Cria Cultura, toda parte de agradecimentos, ficha técnica, logotipos, arte gráfica, diagramações, planejamento do lançamento virtual. Já o formato físico do DVD ficou de ser a Cria e o FDE. Eu não me meti nessa da prensagem, desde então me propus somente ao virtual. Pedi o arquivo bruto do DVD para subir para o site e tive uma espera de pouco mais de quatro, cinco meses. Chamava no bate-papo e as pessoas ficavam off line quando eu ia falar com elas. Fiquei naquela situação em que as pessoas não querem trabalhar junto, fiquei igual uma barata tonta atrás de um arquivo de um projeto da minha própria banda. Resolvi deixar quieto, eu não toco mais neste assunto. Para mim é assunto encerrado. O engraçado é que, quando pedi os discos do “This is Rolê” que tinham na Casa, a galera disse que tinha acabado. Nem os discos do Macaco a galera fez questão de me entregar, queriam que eu realmente me fodesse e não assumem isso.

REG: Fora esse material, vocês estão compondo? Pretendem lançar um novo álbum ou músicas avulsas?

Bruno: Nos dois formatos. Estou preparando um novo single para lançar dentro do site. O disco, assim que tivermos com um material legal, irei entrar em estúdio. O momento agora é de tocar, estou voltando ativamente para a estrada a partir de outubro e a cada ano minha meta é se distanciar cada vez mais deste passado da banda, da fase “artista igual pedreiro”, a fase que tínhamos que tocar com um uniforme do FDE. Agora a banda fala o que quer no palco, toca com a camiseta que quiser e não tem logo de ninguém sendo chancelada aqui. No palco só tem logo do Pedrone, do Peruzzo e das demais marcas que virem a patrocinar equipamentos musicais para a banda.

REG: Você tem se destacado como um dos grandes guitarristas da sua geração, mas não se tem notícia de convites de outros artistas/bandas para você tocar em shows e/ou discos deles. Por que você acha que isso acontece?

Bruno: Realmente sempre saquei isso. Todos os destaques em que fui mencionado em relação a ser um dos guitarristas mais influentes da minha geração, etc., não me trouxeram benefícios neste sentido, principalmente convites. Os únicos que me chamaram foram o Agridoce, o Emicida, o Vitor Araújo e o Siba. Foi no show do Siba com convidados, em São Paulo, e sou muito grato a ele pelo convite. Foi muito gratificante para mim dividir palco com caras como o Fernando Catatau (Cidadão Instigado), que pra mim é um grande mestre, que respeito e admiro profundamente. Estou sempre ouvindo e aprendendo com as coisas dele, como guitarrista e produtor, inclusive. Chico César, Lirinha e o Otto, sem palavras, três personalidades incríveis, artistas sensacionais. Já o Siba é um mestre nato, né? Convidamos ele para este show do DVD, inclusive, que tem participação dele tocando rabeca. Siba é um cara muito irmão. De certa forma acho que mais convites não acontecem pelo fato também de terem uma imagem de mim muito associada ao FDE, em vídeos que tem pela internet comigo defendendo cegamente o FDE, naquela fase ali que eu era mais moleque. E, claro que também existem outros tantos fatores. Também não me sinto incomodado ou injustiçado por isso, quem chama é porque o cara pode achar meu som interessante para a proposta. Se não me chamaram é porque não acham meu som interessante. Normal.

REG: Você tem um modo bem próprio de tocar guitarra, sem utilizar pedais e efeitos que não façam parte do próprio instrumento. Conte como você desenvolveu esse estilo de tocar:

Bruno: Estudei violão erudito por uns cinco anos, sempre toquei violão e em especial o folk de aço e o náilon, mas não suporto ler partitura. Como tenho TDAH (Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), descobri que por causa dela aquilo me dá tontura, dor de cabeça, sono e fome, e é horrível lidar com essas quatro questões ao mesmo tempo. A TDAH atrapalha um pouco a gente a focar em leitura, os portadores são mais intuitivos. Meu estilo de tocar é totalmente intuitivo, vem da minha cultura, acredito, da forma como cresci, na raça, no modo crú e real. Meu verdadeiro lado interior é mais introspectivo, sei que para muitas pessoas eu sou sempre brincalhão, mas esse é meu lado social e não está ligado ao meu estilo de tocar. Sou mais da interpretação do que da teoria em si, a arte para mim é como a alquimia, nosso desafio é sempre de buscar transformar os elementos, seja água em cola-cola, o blues em samba ou a madeira em couro.

Essa é minha meta com a música, transformar, brincar com ela, interpretar a dramaturgia, o barroco, o cômico, brincar com as expressões. Porém, acredito que meu som seja mais introspectivo. Quando ouço eles, quando ouço minhas músicas me desperta meu lado mais introspectivo, coisas que ficaram marcadas em minha memória. Eu interpreto aquilo em forma de som. Aliás, tento, por isso acho também que meu som não é nem alegre e nem sério, muito menos dramático. Ele é introspectivo, reflexivo. Não sorri, mas não faz cara feia, está sempre ali, trabalhando em cima, criando camadas. De todos os lugares minha alma sempre repousa nos mantras, esse sou eu em termos de essência, um mantra, acredito.

REG: Quais seriam suas referências na guitarra? Jimi Hendrix me parece bem claro, mas queria que fizesse e comentasse uma espécie de top 5 (ou mais) de seus guitarristas mais influentes.

Bruno: Randy Rhoads, Angus Young, Dimebag Darrel, Tony Iommi, Tom Morello, Robert Jonhson, Luiz Bonfá, Gilberto Gil, Hélio Delmiro, Raphael Rabello, Baden Powell, Garoto, Pat Metheny, Toninho Horta, Son House, Blind Willie Jonhson, Markus Vamvakáris, Helena Meirelles… São muitos, ouço guitarristas e tudo quanto é som com cordas praticamente o dia todo, quando não estou na estrada. Tenho ouvido muito uma rádio chamada Venerable Radio, que só toca músicas originais de LP em 78 rpm, coisas muito raras. Gosto de som velho, aquele velho ditado: música boa nunca envelhece.

REG: Já pensou em ter uma carreira de guitarrista solo, a la Joe Satriani e Steve Vai?

Bruno: Deus que me Livre! Nem na Califórnia (risos). Minha pegada sempre foi mais Tony Iommi, Randy Rhoads, Angus Young, Dimebag Darrell. Posso considerar aqui esses caras como minha referência para tudo, em como se fazer som, em como tocar guitarra, em como construir carreira. Sempre fui mais influenciado por guitarrista de uma banda. Acho guitarrista solo a coisa mais careta, crente e evangélica que existe. Minhas músicas atuais já não possuem solos, eu não tenho prazer em solar mais diante deste tipo de referência, Vai, Satriani. Acho chato, sem rumo para os dias de hoje, é uma punheta mal batida. Para mim, hoje em dia quando ouço até mesmo o melhor solo do momento, soa apenas como se fosse somente uma “punhetinha gostosa”, porém não deixa de ser punheta né? Convenhamos! Todo solo em si acho um tipo de linha de som muito datada para guitarra. Já vi improvisos maravilhosos, aprendi a improvisar e tudo, fui aluno do Nelson Faria e do Lula Galvão. Claro que sempre estou pesquisando novos caminhos e rumos para linguagem de solos, mas no geral acho chato. O negócio para mim hoje é riffs, frases e ruídos/gemidos, mesmo porque o Macaco Bong, apesar de ser instrumental, é uma banda como qualquer outra de rock. Satriani, Vai e Eddie Van Halen foram referências muito fortes para todos nós que estudamos guitarra nos anos 90, mas o modelo de gestão de carreira desse tipo de mercado hoje em dia é o da igreja, infelizmente é muito careta.

Bruno Kayapy se contorce todo para solar no palco do Circo Voador, no Rio de janeiro, em maio de 2010

Bruno Kayapy se contorce todo para solar no palco do Circo Voador, no Rio de Janeiro, em maio de 2010

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Comentários enviados

Existem 42 comentários nesse texto.
  1. Vinicius em agosto 29, 2013 às 15:13
    #1

    Muito a entrevista! Saudades, Macaco Bong.

  2. ROLF AMARO em agosto 29, 2013 às 15:59
    #2

    Como imaginei, histórica essa matéria. Passei pro Lobão (sim, aquele) que já retuitou.

    Parabéns!

    Abraço!

  3. Renato em agosto 29, 2013 às 20:51
    #3

    Grande entrevista. Quase nunca ouvi Macaco Bong, Bruno me parece ser um ótimo guitarrista, me interessei pela temática da entrevista e resolvi ler. Esse FDE para mim sempre foi uma farsa, uma enganação. É uma indústria para ganhar editais, quase nunca pagam cachês, operam através do aparelho estatal, é uma máquina de autodivulgação - mais preocupada com si do que com os artistas, jovens jogam suas vidas fora trabalhando como robôs, etc. O resultado das atividades do FDE são refletidas na vida de Bruno. A cultura no Brasil está ficando totalmente dependente dessa farsa e a música brasileira deixou de caminhar com as próprias pernas e de fazer sua própria cena. Aposto que se Bruno e sua banda (seja ela o Macaco Bong ou qualquer outra) tivessem se dedicado apenas independentemente, sem ajuda desses sanguessugas, toda a história seria outra. Talvez Bruno não tivesse o reconhecimento que tem hoje, mas teria uma grande reputação. Teria sido mais feliz e não passaria por todos esses traumas. Espero que Bruno se recupere totalmente e que encontre um caminho verdadeiro no meio artístico. Toda a sorte do mundo para o cara.

  4. Hugo em agosto 30, 2013 às 0:15
    #4

    Lembro-me dos dias em que você estava ali do lado da minha batera, segurando os pratos e os tambores durante alguns shows, sempre enxerguei aquilo como algo seu, não como trabalho, mas sim por ser algo vindo dentro de ti. Já passei “poucas e boas” quanto ao “pilantra manipulador beiçola” e sentia tristeza e nojo diante das atitudes dele para com os funcionários FDE e bandas. Vi amigos entrarem e saírem dessa patifaria hipócrita FDE, e hoje depois de ler isso, fico feliz, muito feliz que você está fora dessa patifaria, pois você é muito mais além disso. Os dias em que eu “trabalhei” nos shows do Macaco no Ibira e Terra (o que defino como: estava lá com meus amigos fazendo aquilo por que eu queria e por que acreditava em vocês).
    Força e sua história esta só começando!

  5. Carlos Alberto em agosto 30, 2013 às 1:04
    #5

    Uai Bruno, por que você não falou na entrevista o tanto que você falava mal de bandas e pessoas em nome do FDE? Por que não comentou sobre quantas pessoas e bandas você ajudou a prejudicar? Você é farinha do mesmo saco e só está colhendo o que plantou. Sentiu no lombo o que você mesmo fez com muita gente. Aqui se faz, aqui se paga.

  6. NEIDE REGINA BELLINI PETROCINIO em agosto 30, 2013 às 1:54
    #6

    Querido Kayapy, bravo! Que a vida ilumine seus passos, você tem luz e acima de tudo, muito amor no coração. Estou sensibilizada com o seu depoimento, é pura manifestação do melhor de um ser humano. A vida antecede a morte que o opressor impõe. Você é vida, é um grande artista e assim brilhará! Sinceramente, bravo!

  7. fernando coelho em agosto 30, 2013 às 2:22
    #7

    Me lembro (no episódio da crítica do China ao FDE) do Kayapy chamar meus companheiros da banda Mamma Cadela (banda que sempre fez questão de não estreitar relações com o FDE) de Leite com Pera e falsos amigos paulistanos. Hoje percebo que por bem ele mudou de ideia, sempre que ele precisar estarei pra ajudar. E no próximo show do Macaco chamarei um grito de: Fora do Eixo, vai se foder, o Macaco Bong não precisa de vocês! Fiquei realmente comovido com a história e faz muito sentido tudo isso que ele fala, nunca fui a público para falar das experiências com o FDE que tive na estrada com o Seychelles, mas agora entendo porque sempre deu errado tudo que tentamos fazer juntos. Talvez o Capilé não queira artistas com opinião forte sabendo das coisas. Vida curta ao movimento.

  8. José em agosto 30, 2013 às 8:32
    #8

    Blá Blá Blá

  9. mario marques em agosto 30, 2013 às 9:00
    #9

    Que sirva de lição para ele e aquele baterista bobalhão, que quando estavam “por cima” (nunca estiveram, mas achavam que estavam) ficavam atacando os outros, de forma absolutamente patética.

  10. Dum em agosto 30, 2013 às 10:04
    #10

    Ele demorou a entender que foi usado, e não foi por falta de aviso. Lembro de um debate no Facebook, após o China e eu publicarmos (2011) matérias denunciando o FDE, aonde ele defendia o coletivo com unhas e dentes. Acreditou tanto e quase morreu. Boa sorte a ele, apesar de achar o MB bem fraca.

  11. Dum em agosto 30, 2013 às 10:09
    #11

    Um complemento: achar solos de guitarra careta é o fim… Óbvio que ele deixa a desejar como guitarrista.

  12. paulo jr em agosto 30, 2013 às 11:25
    #12

    O Macaco Bong é mais uma banda ruim pra caramba. Mesmo se Capilé fosse a Madre Teresa não teria acontecido. Não há quem aguente uma música tão estática, pobre em timbres e infantil. Agora, sacanagem o que fizeram com eles. Como dizia o poeta, chapeu de otário é marreta.

  13. Real em agosto 30, 2013 às 12:34
    #13

    Agora é mole pular do barco. Agora é fácil falar mal. Enquanto colhia o louros (que pelo citado não foram de caráter financeiro), tudo era belo, tudo era arte, tudo era “pedreiragem”. Não sei o quanto disso é inocência, não sei o quanto disso é burrice, nem sei o quanto disso pode ser falsidade. O que sei é que o Macaco tem culpa no cartório. Foi a banda usada para a propaganda do processo, evidentemente usada. Então, o Kayapy tem que colocar isso na conta dele!
    Enfim, falar disso só em 2013 é ser retardado pra caramba.

    Mas todo mundo tem seu tempo né?

    Bora ver como será o trampo do Macaco agora, sem o aparelhamento do FDE. E depois dessas declarações, acho que o Gato Capilé não vai deixar barato e vai jogar WAR com a banda!

  14. Francis em agosto 30, 2013 às 12:40
    #14

    Mais um que caiu na real. Demorou, mas se ligou.

  15. Lucia Paula em agosto 30, 2013 às 13:03
    #15

    Bruno, você poderia dizer sobre os demais fora-do-eixo, como o Fabrício Nobre, qual o papel dele nessa lógica infernal do FDE.

  16. antonio kuntz em agosto 30, 2013 às 14:18
    #16

    De boa, a entrevista toda é uma choradeira de ressentimentos do tipo “eu amava o FDE e ele não me amava, ele era especial pra mim e descobri que eu não era especial pra eles. E agora vou mostrar sou mais eu sem ele”. A mágoa poderia ser por uma gravadora, uma Yoko Ono, um empresário qualquer. E o fato de não correr atrás dos pontos de vista de quem é citado, transforma a entrevista em jornalismo de oportunidade, mais preocupado em alimentar polêmicas que informar e esclarecer as pessoas.

  17. Ronaldo Schirmer em agosto 30, 2013 às 15:31
    #17

    Me impressiona o estado de profunda confusão mental em que se encontram todos estes participantes do FDE. Percebe-se neles que o discurso nunca é claro, direto e objetivo, tudo é dito de uma maneira quase hermética, obtusa, beirando o auto-embuste. Lançam mão de um verdadeiro dicionário de novilíngua apenas para falar sobre coisas tradicionalmente conhecidas da cultura brasileira: politicagem, populismo, exploração e corrupção.

    Este cara foi enganado e usado direitinho, mas também é culpado, deixou-se enganar e usar por uma visão de mundo completamente deturpada. Não é que a ideia do Coletivo Cubo tenha sido subvertida, ela já nasceu como uma semente do que é hoje. Só não vê quem não quer.

    A ideia de substituir um sistema de trocas voluntárias dentro do livre mercado, por um novo sistema baseado em “solidariedade”, foco no “coletivo” e na “verdadeira cultura” não é novidade, ao contrário do que este iludido artista possa ter pensado. É uma armadilha repetida ao longo da história para cooptar jovens como ele, que ao invés de vender honestamente seu serviço, passa a fazer parte de um plano de dominação política que culmina inevitavelmente em autoritarismo e miséria.

  18. Marcelo em agosto 30, 2013 às 15:33
    #18

    “Livre”? esse cara é um dos principais culpados pelo Fora do Eixo, experiência cultural mais escrota da história do Brasil, para dizer o mínimo… Pelo amor de Deus, jornalista! Se toca! Vão ficar puxando o saco desses retardados pra sempre?!?

  19. Manoel em agosto 30, 2013 às 17:15
    #19

    Não é fácil pra ninguém se expor, mas pior ainda é viver sabendo que quem te passou pra trás continuará se dando bem sobre outras pessoas. Parabéns Kayapy pelos seus esclarecedores desabafos que mostram para quem nunca esteve dentro o que realmente é, e para quem está se ligar na cilada que entrou. O Pablo mostra como sempre que para ele as pessoas não passam de trampolins para ele subir graças a um talento que nunca teve. É um playboy mimado manipulador que usa da sua máscara para se fazer de coitado, sempre apontando defeitos e cobrando favores. Ainda tem a Lenissa e a Marielle que se dizem esclarecidas e são duas pau mandadas respaldando e dando a cara a tapa por ele por todo esse tempo, são uma vergonha para a classe feminina que luta por liberdade enquanto são as mais submissas de todas. Acordem! Capilé deveria ser internado, todos que já conviveram com ele sabem que esse não é o tipo de pessoa que serve para viver em sociedade.

  20. Nuno Marques em agosto 30, 2013 às 18:31
    #20

    Na boa Bruno. Bem feito! Tu merece!

  21. Ricardo Albuquerque em agosto 30, 2013 às 18:44
    #21

    Eu acho que todas as falcatruas do FDE já eram sabidas há muito tempo, mas ninguém de dentro havia se manifestado. Acho também que a dor pessoal do abandono, do escanteamento é muito ruim, e é legítimo botar a boca no trombone. Porém me veio a seguinte visão: e se o Bruno fosse tratado como ele acha que deveria pelo FDE, Capilé e demais comparsas? Ele teria esse lapso de conscientização para com o outro, de estatura menor que a dele, que estivesse sendo humilhado, como muitas vezes ele mesmo o fez, e já assumiu? Se você não fosse abandonado, como muitas vezes o fez com muitos moleques que foram humilhados por você, teria aparecido esse sentimento de paladino da justiça? Bruno, o FDE sempre foi filho da puta, e você, como um porta voz ativo, como imagem dessa escrotice, o foi também, assim como outros que operam o FDE em outros estados. Seria bom assumir a escrotice e começar do zero, mas precisa assumir a sua filhadaputagem também, durante esses anos todos de “ou soma, ou some”, ou como você mesmo falava “ou tá com a gente, ou então é guerra”.

  22. Gerard em agosto 30, 2013 às 21:05
    #22

    Algumas perguntas:
    1- Poxa, demorou tanto a tempo para entender o óbvio, Bruno?
    2- Será que alguém aguenta ouvir todas as músicas da banda no CD do carro ou em qualquer lugar?
    3- Será que essas músicas complicadas da banda, cheias de partes, loucuras harmônicas, elocubrações musicais, música para músico, será que o expediente não está datado também?
    4- Será que descobriram finalmente que esse Capilé é um nazista recalcado odioso espertolino egocêntrico megalomaníaco aloprado louco e sem um pingo de amor no coração, que teve uma vida ridícula e agora quer se vingar do mundo fazendo esse coletivo comunista muito doido?

  23. Rony de Sousa em agosto 31, 2013 às 0:22
    #23

    Esse sujeito tem tanta culpa no cartório quanto o Capilé. Foi usado porque foi um otário e avançou e mordeu feito um cachorro quando o Capilé deu a ordem. É ridículo como as pessoas tendem a passar a mão na cabeça desses ex-membros desiludidos, quando eles são tão babacas quanto o guru deles e, sem a obediência incondicional (e idiota) deles, não conseguiria fazer todo esse estrago.

  24. Eduardo X em agosto 31, 2013 às 15:28
    #24

    Alguns comentários aqui evidenciam claramente o analfabetismo funcional do Brasil.

    Vindo do rock (mundo do qual faço parte) nem me espanta, mundo cheio de coxinha ignorante que nem sabe que o rock nasceu do movimento negro americano antes de ser cooptado pelos brancos e virar mainstream.

    Como é que alguém pode ao mesmo tempo “se deixar usar” e “ter culpa”? O cerne de ser enganado e ser usado é que você não compreende o processo por inteiro.

    É esse tipo de mentalidade burra que bota a culpa do estupro na mulher (ela se deixou usar, estava usando roupa provocante), e criminaliza a vítima em vez do algoz. Canso de ver esse tipo de atitude de gente roqueira, por que será?

    Muita cretinice junta.

  25. Jura em agosto 31, 2013 às 23:24
    #25

    Seria mesmo interessante o Bruno apontar as próprias falhas. Mas pelo menos ele está revendo-se no processo. E isso não é nada fácil. imagine para alguém que ameaçava outras bandas, ter que engolir a própria saída. Enfim, ele foi realmente muito inocente e quadrado, como ele mesmo diz. A FDE nada mais é que uma rede de jovem de classe média, que mistura tipos que sonham com um mundo diferente com jovens que sonham em mandar em um mundo diferente. Essa combinação é explosiva. E a mídia ninja nada mais é que a transmissão ao vivo de manifestações, o que muita gente faz há muito tempo com seus celulares. Comportamento que se intensificou na primavera árabe. A única diferença é que a mídia ninja (na busca por audiência) o faz na integra, porque eles tem tecnologia para tal. Muita estupidez pensar que FDE e NINJA representa alguma revolução.

  26. Du Oliveira em setembro 1, 2013 às 0:05
    #26

    O FNM (Fórum Nacional da Música), entidade que desde 2005 está presente nos debates sobre políticas públicas para a área, com participação no Colegiado Setorial de Música e no Conselho Nacional de Política Cultural, acompanhou de perto toda essa polêmica com o Fora do Eixo (que hoje, na verdade, é o “No Eixo”) de valorização dos artistas que participavam - e ainda participam - dos festivais que eles organizam. Uma coisa que sempre fizemos questão de frisar foi que, sem produtores, se realiza eventos, mas sem músicos, impossível, pois eles são o principal elo dessa cadeia. Isso é um fato que eles nunca admitiram, como pode ser visto neste depoimento do Kayapy.

  27. caio em setembro 2, 2013 às 0:56
    #27

    Eduardo X, finalmente um comentário sensato!

  28. Adelvan em setembro 2, 2013 às 2:11
    #28

    Eduardo X mandou uma observação pra lá de pertinente …

  29. qui pro quó em setembro 2, 2013 às 10:56
    #29

    Muito rancor emana desse pós-rancor. E com razão: egotrip pra cacifes e arcebispos, anulação pra rapa. Mais dentro do eixo, impossível.

  30. Marcelo em setembro 2, 2013 às 15:46
    #30

    Eduardo X, mulher estuprada sai estuprando outras? Que tipo de raciocínio é esse? Lembrando (para quem insiste em esquecer): entre outras coisas, o Macaco Bong criou o “artista=pedreiro”, lema da ideologia que transformou boa parte da juventude criativa do país em Oompa-Loompas do Capilé. O resultado taí pra todo mundo ver. Pelo amor de deus, gente, que tal aproveitar essa experiência pra deixar a burrice de lado de uma vez por todas?

  31. Lopes em setembro 4, 2013 às 11:58
    #31

    Bruno,
    1) Não importa o quanto especial seja a sua banda, o quanto você ache que sua música é arte, no final da cadeia é tudo entretenimento, o que vai contar no final é o quanto de pessoas a sua música agradou ou não;

    2) P.C., C.F.E., E.C., etc estão preocupados com números, com quantidade e não com qualidade;

    3) Cuiabá agradece o fim das ações do P.C., C.F.E., E.C. por aqui. Embora tenhamos menos eventos hoje em dia, todos estão ganhando (digo financeiramente mesmo) de acordo com o esforço de cada. Quem quer ser profissional ganha mais, quem quer só tirar onda só tira onda. Mas acabou aquele negócio de nivelar todos sem critérios, ou critérios “pseudo socialista-comunista”;

    4) Tudo o que você passou de ruim ou ainda vai passar é resultado do que você plantou diretamente ou só chancelando, apoiando sacanagens do tipo: lima fulano, lima sicrano, isso pra não falar de outras coisas bem piores;

    5) P.C., C.F.E., E.C. empresarialmente falando são incompetentes, se tirar as verbas públicas dos mesmos não fazem nada, e quando o fazem o mesmo não gera retorno financeiro para fazerem o próximo;

    6) Parabéns pela coragem, como músico você tem a minha admiração, bola pra frente, espero que as experiências vividas o torne um ser humano melhor, a sua banda é legal, faz um som honesto e original.

    Lopes

  32. rainel Dantas de Fontes em setembro 4, 2013 às 13:49
    #32

    maravelha

  33. Rubão Lisboa em setembro 4, 2013 às 17:34
    #33

    Kayapy, primeiramente fico feliz por você ter se curado.
    Muitas vezes demoramos a enxergar que o que é bom para alguns não bom para todos.
    Você sentiu na carne o que muitos aqui sentiram o que PC e seus subordinados faziam com as bandas locais, caso não topassem as propostas que era bom apenas para ele. Em uma resposta sua você disse que o vocês do Macaco receberam foi uma puta comida de rabo por terem se destacado como disco do ano, e que quem ganhou o disco foi a FdoE.
    Posso dizer que, agora, fora do olho do furacão, você enxergou melhor. Nós sempre cometemos erros, mas o amadurecimento nos faz enxergar além do alcance, porque para o FdoE as bandas eram a atração para se disseminar as ideologias cretinas e furadas dos cabeças do FdoE, ou seja, pão e circo. Quantos como você não foram usados com mão de obra barata e depois descartados quando não serviam mais aos interesses deles? Bem-vindo a realidade e sucesso em sua nova empreitada.

  34. tiago jaime machado em setembro 9, 2013 às 23:43
    #34

    Pra ser bem sincero, nunca quis ouvir uma música sequer da Macaco Bong por causa do FDE. Quando lançar o próximo material, farei questão de ouvir e comprar.

    Abraço.

  35. Capivara da AMP em setembro 14, 2013 às 9:55
    #35

    Brother! Força ae! Todo trabalho arduo sera recompensado! abraco

  36. Amanda em outubro 9, 2013 às 0:24
    #36

    Eu ouço esse som todos os dias sem faltar um, há 3 anos, sou completamente fã da sonoridade que essa banda tem. Macaco Bong

    Honestamente, FDE, vá fazer lavagem cerebral na puta que te pariu, vocês são super fodas, mas vá ser foda lá longe que eu me contento em ser merda entre as pessoas comuns.

  37. Hiro em outubro 28, 2013 às 9:44
    #37

    Legal bagarai, mas alguem poderia traduzir o que o cara fala? Ele deixou a FDE, mas ainda usa o linguajar deles :/

    Não dá pra entender nada… o que seria ‘esvaziamento político’? “O rolê não é pessoal, é contextual”? “Prazer pelo poder de ser quem as pessoas se tornam ali dentro diante dos confortos delas mesmas”?

    Não entendi nada e a linguagem me parece bastante prolixa… a denúncia do artista é importante, mas se quer ser ouvido poderia falar mais claramente.

  38. Fabíola em novembro 20, 2013 às 13:56
    #38

    4- Será que descobriram finalmente que esse Capilé é um nazista recalcado odioso espertolino egocêntrico megalomaníaco aloprado louco e sem um pingo de amor no coração, que teve uma vida ridícula e agora quer se vingar do mundo fazendo esse coletivo comunista muito doido?

    adorei rsrsrs

  39. Bertola em dezembro 5, 2013 às 14:52
    #39

    Macaco Bong = Chato pra caralho. Música pra músico foi foda hein rs

  40. Marcio Gama em abril 9, 2014 às 17:04
    #40

    Eu até gostei da entrevista, mas esse sujeito fala uma língua que é tudo menos português. Meu Deus do céu! Parece mensagem cifrada.

  41. De em dezembro 4, 2015 às 13:07
    #41

    Muito interessante o conte

  42. Ricardo em setembro 1, 2018 às 10:39
    #42

    Cada comediante nesses comentários heim!? Se o cara não tem capacidade cognitiva pra entender nem o que o Kayapy escreve, vai entender um som 100% instrumental?

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