Caveirão
Cannibal Corpse ignora cidade sitiada por arruaceiros e, sob bombas e gás, passa carreira a limpo com o mais puro death metal made in USA. Fotos: Daniel Croce.
Numa tacada só a banda solta três porradas de dar gosto, com destaque para o solo matador de Patrick O’Brien em “Staring Throught The Eyes Of The Dead”, o que seria uma constante durante a noite, nas músicas que, em meio à selvageria extrema, têm solo. O repertório é uma espécie de folha corrida da carreira do Cannibal, com todos os álbuns contemplados com ao menos uma música. A lista, no entanto – veja no final do texto – é montada de modo a permitir que o início e o final tenham passagens velocíssimas (muito por culpa do baterista Paul Mazurkiewicz, em grande forma), e a meiúca fique com as músicas mais cadenciadas. O que não quer dizer sem peso. “Scourge Of Iron”, por exemplo, é lenta e tão pesada que vai minando os ouvidos e trincando o pescoço da plateia rumo ao caos. A dobradinha “Disfigured”, com um belo trabalho de guitarras, e “Evisceration Plague” soa como tortura não só sonora, mas flagrantemente física.
Não por acaso o disco mais recente do Cannibal Corpse é “Torture”, e dele, três faixas são tocadas: a genial porrada “Encased In Concete”; a já citada “Scourge Of Iron” e “Demented Agression”, enraizada no hardcore. O gogó de Corpsegrinder vai bem em todas, incluindo as mais antigas, da fase com Chris Barnes, que saiu do grupo há quase 20 anos. O vocalista ignora o clima de tensão nos arredores, pouco fala, a não ser para anunciar músicas e sugerir - como se fosse preciso - roda e bateção de cabeça. Mas, no final, depois de hora e meia de show, dedica toda a apresentação ao guitarrista do Slayer, Jeff Hanneman, morto em maio. É quando o público se acaba pra valer em “Hammer Smashed Face” e expele todo o gás do mal ingerido desde cedo, em rodas de pogo intermináveis. Volta, Cannibal, que a coisa pode ser ainda melhor.A noite era também a do lançamento do suado DVD “Desagradável”, do Gangrena Gasosa, e não ia ser uma bombinha de gás lacrimogêneo que ia fazer os guardiões do saravá metal desistir. Afinal, os caras precisam ter o corpo fechado para levar à frente uma banda como essa. Além de reunir ex-integrantes como Ronaldo Chorão e o impagável Paulão, dessa vez até os bateristas Magrão e Cid, fundador do grupo, vestido à caráter como um Zé do Caixão de branco, participaram. O resultado foi uma espécie de comemoração nesses quase 25 anos de banda, incluindo clássicos como “Surf Iemanjá”, “Pegue Santo Or Die!” (uma das preferidas da casa), “Centro do Pica-pau Amarelo”, que o público adora, e a oportuna “A Supervia Deseja a todos Uma Boa Viagem”. No final, como não se via há muito tempo, os despachos foram lançados deliciosamente ao público. Mais cedo, quem abriu a noite foi o metal extremo do Fórceps, que, segundo relatos, também teve que parar a apresentação duas vezes por causa do gás e da pimenta.
Set list completo Cannibal Corpse:1- A Skull Full of Maggots
2- Staring Through the Eyes of the Dead
3- Edible Autopsy
4- Addicted to Vaginal Skin
5- An Experiment in Homicide
6- Sentenced to Burn
7- Gutted
8- Demented Aggression
9- Scourge of Iron
10- Disfigured
11- Evisceration Plague
12- Dormant Bodies Bursting
13- Disposal of the Body
14- Decency Defied
15- Dead Human Collection
16- I Cum Blood
17- Encased in Concrete
18- Make Them Suffer
19- Hammer Smashed Face
20- Stripped, Raped and Strangled
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Banda linda!!