No Mundo do Rock

Envolvida

A vocalista do Evanescence, Amy Lee, conta como encerrou um longo recesso e reuniu os integrantes certos para gravar o novo álbum, espécie de recomeço na carreira. Fotos: Divulgação.

Amy Lee, com Troy Mclawhorn e Terry Balsamo (guitarras), Tim McCord (baixo) e Will Hunt (bateria)

Amy Lee, com Troy Mclawhorn e Terry Balsamo (guitarras), Tim McCord (baixo) e Will Hunt (bateria)

Sentada numa sala reservada dentro do restaurante de um hotel no Rio, a vocalista do Evanescence, Amy Lee, falava sem parar. Também, pudera. A gravadora do grupo reuniu a imprensa de vários países da América Latina para sabatinar a moça, aproveitando o lançamento do novo álbum, depois de um longo recesso, e a apresentação que o grupo faria no dia seguinte, na noite de encerramento do Rock In Rio. Em pleno sabadão ensolarado, certamente ela preferia continuar mergulhando ali, pertinho de Copacabana. “A água estava muito boa”, disse Amy, em off, enquanto recebia mais um retoque de maquiagem na tez claríssima.

A vocalista recebeu a reportagem deste Rock em Geral junto com outros três jornalistas, colombianos e argentinos, e o papo se concentrou – claro – no show do Rock In Rio (um trecho foi antecipado aqui) e na feitura de “Evanescence”, o novo disco, mas também na situação da mídia e na participação de Amy em outros projetos. O show do grupo, o segundo no Rio, marcou a estreia de nada menos que seis músicas do novo CD, comprovando que o Evanescence vive mesmo um renascimento, depois de tantas mudanças, incluindo o aparecimento de um clone montado por ex-integrantes, único assunto que não apeteceu a nossa simpática tagarela.

“Evanescence”, o álbum, estreou no topo da parada americana, e em quarto lugar na parada britânica. O CD foi produzido pelo cascudo Nick Raskulinecz, que já trabalhou com bandas como Alice In Chains, Rush e Foo Fighters. A formação atual do grupo conta com Terry Balsamo e Troy Mclawhorn (guitarras), Tim McCord (baixo) e Will Hunt (bateria), além, claro, de Amy Lee. Confira abaixo a íntegra da entrevista minicoletiva (as perguntas não identificadas foram feitas pelos colegas colombianos e argentinos):

Foi um intervalo grande entre o último disco e este, vocês devem ter feito muitas músicas. Foi difícil selecionar as que estão no disco?

Amy Lee: Foi difícil, sim, gravamos e compomos muitas músicas, por muito tempo. Eu nunca faria um disco se não achasse que ele é melhor do que tudo que já fizemos. Havia muitas expectativas, porque fizemos dois discos dos quais nos orgulhamos e adoramos. Então continuamos compondo e havia muitas músicas. Tínhamos um grande produtor que nos ajudou a tomar decisões difíceis, o Nick. Ele foi incrível, nos ajudou a encarar os fatos e a fazer um disco fechado. Mas ainda assim nós gravamos 16 músicas, então fizemos o disco padrão, com 12 faixas, mas há outras quatro sem as quais não podíamos viver, que colocamos como extras na edição deluxe.

Quanto tempo vocês levaram para fazer todo o disco?

Amy: Eu andei compondo durante dois anos. Diria que ficamos realmente focados nesse disco diariamente por dois anos, o que é muito. Íamos ficando mais e mais obcecados pelo disco, e as gravações duraram uns três meses. Houve uma pré-produção de seis semanas antes disso, quando trabalhamos as músicas como banda, desenvolvemos várias partes e juntamos as coisas com Nick, ele é um grande produtor de rock.

Como funcionou no estúdio? Ele colocava vocês para tocarem juntos ou fazia tudo separado?

Amy: As duas coisas. Na pré-produção, todos sentávamos em círculo e trabalhávamos nas músicas, fazendo arranjos, guiados um pouco pelo Nick, o que foi incrível. Todos colocavam ideias sobre a mesa, e até compomos muitas músicas. Tocávamos todas as músicas ao vivo, sem nada de produção, de estúdio. Assim que entramos para gravar no estúdio, já tocamos as músicas ao vivo, e fomos aperfeiçoando cada parte ao máximo. A bateria foi primeira, depois juntamos guitarras, voz e assim por diante.

Há uma frase sua, publicada na mídia, segundo a qual você só faria um novo álbum se ficasse emocionalmente envolvida de novo. Por que você não se sentiu envolvida antes?

Amy: Porque isso veio cedo na minha vida (compor), desde que eu era uma adolescente. É um presente impressionante estar apta para fazer isso, ter vocês aqui, interessados naquilo que eu tenho a dizer, e ter pessoas comprando os nossos discos. Mas quando é todos os dias, o tempo todo, é difícil. Mentalmente dá até medo. Eu também quero conversar com outras pessoas sobre o que elas têm a dizer, tanto quanto sobre a minha vida. Então eu sinto que eu sou mais do que só uma cantora e preciso viver. E me casei também, tenho marido e tudo que isso envolve. Voltar a se envolver com a banda é estar um passo longe disso, mas é também uma parte grande de mim.

Voltar a gravar com paixão resultou em títulos pessoais para algumas músicas…

Amy: É sempre uma jornada de autodescoberta, o tempo todo, sem saber onde vai dar. Compor é algo muito próximo do meu coração, é pessoal, num nível profundo no que eu estou sentindo em determinadas situações. É sobre minhas relações, mas ao mesmo tempo é sobre outras experiências na minha vida. Acho que é por isso que há músicas mais agressivas, outras músicas vulneráveis, outras… sei lá… Eu não previa como as músicas iriam soar, pode ter certeza.

A vocalista em estúdio, gravando o novo álbum

A vocalista em estúdio, gravando o novo álbum

REG: Você falou que em muitos momentos todos tocavam juntos ao vivo, de onde se conclui que o entrosamento da banda cresceu. Você acha que agora finalmente o Evanescence vai ter uma formação de verdade?

Amy: Bem, nos temos que acreditar nas pessoas com as quais trabalhamos. Eu tenho uma grande banda, nós experimentamos uns aos outros tocando juntos, como uma banda ao vivo. Essa é exatamente a formação que eu queria, cada um desses caras é incrível, o que faz da banda algo bem dinâmico. Acho que tive sorte, essa vez houve uma interação entre todos, as coisas não ficaram concentradas em poucas pessoas. Dessa vez cada um cuidou de partes diferentes, acho que no final isso resultou num disco mais dinâmico, profundo.

Por que você decidiu chamar o disco de “Evanescence”?

Amy: Exatamente por isso, tem a ver com isso tudo que eu falei, a volta a esse processo apaixonadamente. Eu no meu lugar e o Evanescence como era antes.

Foi uma decisão tomada antes?

Amy: Levou um tempo para o título do disco aparecer. Todos concordamos que isso era o Evanescence, o que fazíamos era muito verdadeiro. Isso tudo é o que eu tenho feito em toda a minha vida e me vejo num grande lugar agora, como um novo começo em vários sentidos. Quando se está numa banda como essa, ela é parte de você.

REG: Você já tem algo sobre o próximo single e o próximo vídeo?

Amy: O próximo single é “My Heart is Broken”, mas ainda não pensamos no vídeo. Decidimos muito cedo que essa música seria um single e já está na hora de pensar no vídeo.

REG: Já temos um diretor?

Amy: Ainda não sabemos. Primeiro temos que ter a ideia do vídeo e depois escolhemos o diretor.

REG: Sobre o grupo formado pelo Ben Moody, o We Are The Fallen, você ouviu o disco deles?

Amy: Não ouvi, não.

REG: Gostaria de falar sobre?

Amy: Não, nenhum comentário.

Como você vê as mudanças no mundo da música? Em uma grande gravadora você se considera um pouco “fora do lugar”?

Amy: Não vivo pensando nisso como pensava antes. As coisas são diferentes, estamos no meio da indústria musical e tentamos nos posicionar. As coisas têm mudado rapidamente nesse meio, mas eu não estou preocupada, porque todos precisamos de música, sempre vai acontecer. Eu sinto que nunca ficaremos sem espaço. Acho que nós nunca nos encaixamos na indústria, nunca fomos os “queridinhos”. Não somos o tipo de banda que deveria estar na capa da Rolling Stone, embora eu ache ótimo. Eu nunca tive essas expectativas, sempre fomos mais underground, é mais sobre nós e os fãs. Nunca é porque a mídia esta nos expondo, não somos os “cool” da vez. Mas eu adoro, não reclamo, eu não era a garota “cool” no colégio, quero ser “cool” agora… (risos).

Há noticias de rádios rock fechando com muita frequência nos Estados Unidos. Isso te preocupa?

Amy: Sim, isso é um saco. Mais e mais a indústria musical vem perdendo dinheiro, e ficam mais e mais com medo de arriscar com algo que não se encaixe na idéia que eles tem de fazer um hit, uma música de sucesso. E isso afeta todas as rádios, todas elas acabam soando como uma coisa só. Eu adoro a Adele (cantora britânica), é uma das coisas legais que está quebrando essa mesmice, isso me faz muito feliz, é sinal de que ainda há esperança. Tem muita coisa boa rolando que em algum momento vai aparecer. Hoje os meus discos favoritos eu não ouço nas rádios, fico só no i-Pod. É a maioria das pessoas está fazendo. É uma questão de tecnologia também.

O que você acha quando dizem que você tem olhos bonitos?

Amy: (Envergonhada) Já ouvi muito dizerem que tenho os olhos mais bonitos do rock’n’roll, as pessoas gostam, mas não me importo com isso. Tenho visto pessoas com olhos muito bonitos nesse meio. O Chris Cornell (vocalista do Soundgarden) tem olhos bonitos.

Como foi a experiência der participar do disco “Nightmare Revisited” (coletânea de covers das músicas do filme “The Nightmare Before Christmas”, no Brasil “O Estranho Mundo de Jack”)?

Amy: Conhecemos o Danny Elfman (autor das músicas e ex-líder do Oingo Boingo) de longa data, ele fez muita música que me inspirou e inspirou o Evanescence, honestamente, muito antes de isso tudo acontecer. A ideia de fazer rock, mas com a paixão dos cinemas, isso sempre foi uma grande influência. Foi incrível fazer isso, visitei o estúdio onde a músicas foi mixada, e cantei na TV, o que não é muito comum.

Você também gravou no disco dos “Muppets” (disco tributo à série de animação)…

Amy: Tem a ver com a gravação do “Nightmare”. Depois de fazer, disseram que fui bem e me chamaram para fazer o disco dos “Muppets”. Eu não sabia se me encaixaria, mas por quer não? Mais uma desculpa para fazer algo sem tanta pressão de gravar um disco. Eu gosto de todo o tipo de música, e decidimos fazer uma que eu já conhecia desde que era criança. Foi divertido.

Amy Lee enfrenta o calor e se esgoela durante o show da noite de encerramento do Rock In Rio

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