O Homem Baile

Pra esquecer

Em noite esvaziada, atrações do Abril Pro Rock não convencem incautos que se arriscaram na madrugada de sábado para domingo. Fotos: Rafael Passos/Divulgação.

Ju Orange e Paulista, do Voyeur: referência a várias tendências da mistura do rock com eletrônico

Ju Orange e Paulista, do Voyeur: referência a várias tendências da mistura do rock com eletrônico

A idéia de estender o April Pro Rock por todo o Recife durante o mês de abril é das mais interessantes, mas, a julgar pela noite de sábado, a coisa não vai bem, não. Seja por conta de eventos de maior porte que espocaram por toda a cidade, ou pela escalação pouco apurada dos artistas, o parco público que compareceu no APR Club poderia ser contado à dedo. E diminuía na medida em que os shows iam se desenrolando. O local, no centro tradicional do Recife, é dois mais aconchegantes e merecia uma noite melhor.

Não parecia que seria assim, mas o local Voyeur acabou sendo a salvação da lavoura. Trata-se de um trio ainda imaturo, mas que sabe o que quer. As referências vêm dos anos 80, sobretudo nas batidas que conduzem as músicas. Dá pra perceber que Devo, Human League e Depeche Mode circulam no computador do programador Pauliño Nunes, também do Júlia Says. Sem falar no sotaque vocal de Ju Orange, que lembra o Garbage - outro que respira o pós punk oitentista. Mas o tempero vem do outro lado do palco, com o guitarrista Paulista, que tira riffs dos anos 70 e sola livremente na maior parte do tempo. Às vezes pode até parecer que o sujeito toca outra música, mas logo e volta à canção original. Show curto, no tamanho certo que o gênero permite antes de cair na chatice.

Mariana e seus dançarinos: cafonice sem fim

Mariana e seus dançarinos: cafonice sem fim

O que era para ser a atração principal da noite acabou sendo o grande fiasco. Mariana Eva, que já tocou baixo em grupo punk e liderou banda de rock, hoje responde por Madame Mim e faz o tipo “Diva”, que canta em cima de bases pré-gravadas, dançando com dois rapazes afetados. Ok, é tudo ensaiadinho, a coreografia é bem planejada – ainda mais para artista independente -, mas o que pega o é conceito. A música é ruim, o figurino é brega, cafona, kitsch, por mais que se esforce para entender o que se passa no palco, no melhor dos sentidos. Para azar da moça, o som caiu bem no meio do show, e como é tudo ensaiadinho ela demorou para reencontrar o pique. A tentativa de interação com o público – pouquíssima gente, repita-se – fracassou a ponto de o voluntário que subiu no palco para ser “torturado” ter sido o amigo guitarrista do Voyeur.

Curioso mesmo é que ninguém percebeu que o Boss in Drama estava no palco. O que era para ser a última atração da noite, acabou se transformando em reles discotecagem. Tudo porque um cabo que serviria para ligar o keyboard (aquele teclado com braço que parece guitarra e ficou famoso no Brasil com grupos como Roupa Nova e RPM) se perdeu no caminho. Foi a senha para a debandada dos últimos gatos pingados de uma noite que entra para a história do Abril Pro Rock para ser esquecida.

O Aril Pro Rock continua hoje, domingo, no Chevrolet Hall, e durante todo o mês, no APR Club - saiba mais aqui.

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Comentários enviados

Existem 2 comentários nesse texto.
  1. Bruno Nigro em abril 17, 2011 às 13:36
    #1

    Paulo André, meu filho. Largue o osso e deixe os profissionais fazerem um trabalho decente, sim? Seu tempo já foi.

  2. Jurandir em abril 18, 2011 às 10:40
    #2

    Pauleira, ignore esse mané. Deve ser vocalista de uma dessas bandas merda que tocaram no APR, ou um dos dançarinos afetados. Esse pessoalzinho que baba pra Marcelo Camelo e pergunta pro Lemmy em entrevista quando foi a última vez que ele foi ao médico. Você é um dos raros e verdadeiros jornalista de rock do Brasil, não esses que curtem Mallu Magalhães. Longa vida ao Paulo André.

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