No Mundo do Rock

Mais agressivo e mais brutal

No lançamento do segundo álbum, “Blunt Force Trauma”, o Cavalera Conspiracy volta ao Brasil para uma apresentação relâmpago e Max responde entrevista – acredite - de próprio punho. Fotos: Divulgação/Reprodução.

Max e Iggor Cavalera: juntos de novo para resgatar o 'jeito Cavalera de fazer metal'

Max e Iggor Cavalera: juntos de novo para resgatar o 'jeito Cavalera de fazer metal'

Em 1996 o líder e integrante fundador do Sepultura, Max Cavalera, foi “saído” da banda e montou o Soulfly. Seu irmão, Iggor, ficou no grupo mais dez anos, mas também acabou saindo. Foi a deixa para Max fazer as pazes com ele e juntos, criarem o Cavalera Conspiracy. O projeto é uma espécie de resgate dos tempos do bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, quando eles montaram o Sepultura. Na época, numa capital periférica de um país do Terceiro Mundo, sem internet, o negócio era juntar todo o tipo de referência para ser o mais radical possível. É o que hoje Max está acamando de “o jeito Cavalera de fazer metal”.

A coisa deu certo, e o primeiro álbum, “Inflikted” (que em princípio seria o nome da banda), foi lançado em 2007, com razoável repercussão no meio independente. O grupo, completado hoje por Marc Rizzo (também Soulfly, guitarras) e Johny Chow (baixo) desandou a fazer shows, sobretudo no circuito do Hemisfério Norte, incluindo os fetivais de verão europeu. No ano passado, o show deles no SWU, em Itu, no interior de São Paulo, repleto de sucessos da fase áurea do Sepultura, deu saudades nos fãs. Agora, no lançamento do segundo disco, “Blunt Force Trauma”, o CC volta o Brasil para uma apresentação relâmpago, como abertura para o Iron Maiden, mas só em São Paulo – a turnê do grupo britânico passa também por Rio, Brasília, Belém, Recife e Curitiba.

Relâmpago também foi a entrevista respondida via e-mail por Max Cavalera, de próprio punho – só faltou ser escrita à sangue, mas aí ele seria integrante do Manowar. Curto, mas não necessariamente grosso, Max foi de uma capacidade de síntese precisa, ao comparar os sons dois dois álbuns do Cavalera Conspiracy (o novo é “mais agressivo e mais brutal”); dar a impressão sobre o show do SWU (“foi animal”); e – claro - comentar o desejado retorno da formação clássica do Sepultura (“já desanimei!”). Nada mais coerente para quem gravou o disco todo em seis dias. Veja o resultado você mesmo:

Rock em Geral: Vocês gravaram “Blunt Force Trauma” em pouco tempo. Era essa a intenção ou foi uma questão de coincidência de agendas?

Max Cavalera: A banda estava bem preparada e a gente gravou o CD em seis dias, que é um recorde de tempo de gravação. Me lembra das gravações tipo a do “Arise” (quarto álbum do Sepultura, de 1991)…

REG: O Iggor mora no Brasil. Ele grava junto com a banda ou faz a parte dele aqui e envia para você?

Max: Gravamos tudo em Los Angeles. O Iggor gravou a bateria em quatro dias. Eu mandei um CD com as músicas do disco para ele no Brasil e ele encaixou a bateria em cima.

REG: Tendo duas bandas (Cavalera Conspiracy e Soulfly) ao mesmo tempo, você não se confunde na hora de compor para uma ou para outra?

Max: Os estilos são diferentes. O Cavalera é mais metal direto e o Soulfly é mais misturado.

REG: No Sepultura e no Soulfly as capas sempre são feitas com ilustrações, mas no Cavalera Conspiracy vocês estão usando o logo do grupo, pela segunda vez. Por quê?

Max: É idéia do Iggor. Ele quis que o CD ficasse parecendo com as capas dos discos de punk dos anos 80.

Johny Chow, Iggor, Max e Marc Rizzo

Johny Chow, Iggor, Max e Marc Rizzo

REG: O Soulfly só tocou em São Paulo uma vez, mas esta vai ser a segunda do Cavalera Conspiracy em cinco meses. Você acha que o Cavalera Conspiracy é mais – digamos – apropriado para o Brasil que o Soulfly?

Max: Acho que a galera do Brasil gosta de ver os irmãos juntos novamente. Os shows serão do caralho.

REG: Há a possibilidade de vocês acertarem outros shows na turnê brasileira do Iron Maiden? E fora da turnê deles?

Max: Acho que é só o show de São Paulo, infelizmente. Eu gostaria de tocar em todas as outras cidades.

REG: O show de São Paulo vai ser todo em cima do novo CD? Você pode adiantar algumas músicas que vão ser tocadas?

Max: Vai ser uma mistura do “Inflikted”, bastante coisas novas do “Blunt Force For Trauma”, Nailbomb e algumas clássicas do Sepultura.

REG: O que você achou do show do SWU, em outubro?

Max: Foi animal. O público detonou e acho que foi um dos melhores shows da nossa carreira.

REG: Vocês tocaram a música “Warlord” no show do SWU. Já tocaram outras músicas do novo CD nos shows? Foi boa a aceitação do público?

Max: A aceitação está sendo ótima. Em Barcelona tocamos o CD novo inteiro e a galera pirou!

REG: No primeiro álbum, “Inflikted”, ficou claro a intenção de fazer músicas do tipo que você e Iggor faziam quando eram adolescentes, no comecinho do Sepultura; uma coisa meio tosca, mas cheia de energia e atitude – que você chamou de “o jeito Cavalera de se fazer metal”. É isso que podemos esperar do novo CD, “Blunt Force Trauma”?

Max: É. Porém, com uma evolução. O som está mais agressivo e mais brutal.

REG: Que diferenças você vê entre o “Inflikted” e o “Blunt Force Trauma”?

Max: O “Blunt Force Trauma” é mais rápido. Mais brutal com um som meio death metal/hardcore!

REG: A música “Killing Inside”, que foi liberada para download gratuito, parece ser mais trabalhada que o material do CD anterior. Você concorda? Essa faixa é representativa do “Blunt Force Trauma”?

Max: Não. Essa faixa é uma das mais diferentes do CD. A gente quis mostrar um outro lado da banda.

REG: O assunto “volta da formação clássica do Sepultura” é recorrente nas suas entrevistas, mas a outra parte, liderada pelo Andreas Kisser, já descartou essa hipótese diversas vezes. Você pretende insistir no assunto? Por quê?

Max: Não! Já desanimei! Se for rolar a reunião, vai rolar, senão, não vai. É só esperar.

REG: Recentemente conversei com o Andreas e ele disse que, quando Sepultura e Soulfly tocaram no mesmo festival (Devilside Festival, em junho de 2009, na Alemanha), ele conversou com a Gloria Cavalera e considerou que “abriu uma porta que estava fechada”. Você se lembra desse encontro entre as duas bandas? Conversaram sobre a tal reunião naquela ocasião?

Max: Eu não estava perto nesse encontro, mas a Gloria me falou que conversou com o Andreas. E pelo jeito eles tiveram uma conversa legal.

REG: Você convidou o vocalista do Dillinger Escape Plan para cantar em uma faixa no álbum do Soulfly e agora vocês estão trabalhando juntos num projeto. Que projeto é esse?

Max: Esse é um projeto novo que estou fazendo junto com o Greg Pucciato, vocal do Dillinger Escape Plan. Vai ser tipo o Nailbomb, eu e o Greg dividindo os vocais com bastante participação de músicos convidados!

True metal: trecho das respostas de Max Cavalera escritas de próprio punho

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Comentários enviados

Existem 3 comentários nesse texto.
  1. Diêgo em março 17, 2011 às 21:46
    #1

    Eu acho que o Sepultura não é mais o mesmo. Desde a “saída” do Cavalera, o som da banda ficou meio frouxo, e com os projetos paralelos dos caras, piorou.

  2. Caio em março 18, 2011 às 14:54
    #2

    Escutei o novo cd do CC e posso dizer que é muito bom, mais agressivo, mais rápido. Longe de ser uma obra prima, mas para mim é melhor que “Roots” e até “Chaos AD”, que destoavam do estilo thrash metal que consagrou o Sepultura no mundo inteiro. O ponto negativo é o Iggor tocando sem muitos arranjos e bumbos duplos, é uma pena, nem se compara com a época de “Schizophrenia”, “Beneath the Remains” e “Arise”, onde ele era um monstro.

  3. Stanley em março 18, 2011 às 23:08
    #3

    Achei o primeiro bem melhor do que o Blunt Force Trauma, esperava bem mais dos Cavalera. O Max nem se mexe ao vivo e está bem velho;
    Eu vou no show do Iron Maiden e espero que o show deles seja bom, já que o show do Sepultura atual é excelente!

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