Aula de história
Cavalera Conspiracy celebra os primórdios e ao mesmo tempo atualiza o heavy metal em apresentação explosiva no SWU. Fotos: Luciano Oliveira.
A tarde tinha pecha de histórica. Max e Iggor Cavalera juntos num mesmo palco no Brasil pela primeira vez desde os marcantes shows do Sepultura, em 1996. Max pela segunda vez em São Paulo desde que saiu do Sepultura – a primeira foi com o Soulfly, em 1998. E ainda o boatão que dava conta que Andreas Kisser e Paulo Jr. estariam circulando pelo SWU e que – por que não? – poderiam subir ao palco para protagonizar uma espetacular volta da formação clássica do Sepultura, derrubando todas as manchetes possíveis e imagináveis do festival. Não poderia ter melhores expectativas a apresentação do Cavalera Conspiracy, a primeira grande atração do último dia do SWU, no Palco Água ladeado por um por do sol espetacular.
Só que o Cavalera Conspiracy não é apenas uma reunião de velhos amigos. É um projeto capitaneado por Max, que convenceu o desmotivado Iggor a reviver os tempos de quando eles fundaram a banda brasileira de maior sucesso internacional em todos os tempos. Antes que as inúmeras subdivisões do heavy metal se consolidassem, era tudo junto. O resultado, hoje, é uma sonoridade peculiar, retrô e atual ao mesmo tempo. Por isso muita gente estranhou os solos identificados com o metal melódico de Marc Rizzo (também Soulfly) em meio à tanto esporro e à gritaria das cavernas típica de Max Cavalera, logo na tríade matadora que abre o show e o único CD deles: “Inflikted”, “Sanctuary” e “Terrorize”. Isso aqueles que não detonaram inúmeras rodas de pogo sacudindo a multidão que começava a se formar.
Outra sacada de Max é o uso de letras típicas da época, num inglês rudimentar e macarrônico de adolescente-que-quer-ser-rockstar que dão a deixa para todos cantarem com facilidade. “Inflikted / show no mercy / motherfucker wicked” (“Inflikted”); “I’am abomination / I’m desecration” (“Terrorize”); e ‘Ultra-violent came and take control” (“Ultra-Violent”) são alguns exemplos. É ou não é mole de acompanhar, logo na primeira audição? Outros destaques foram a porradaça “Doom of All Fires” e “Hex”, com absurda velocidade. Max ainda aproveitou para anunciar “Warlord”, música nova, lenta e pesada, que deve estar no segundo disco do grupo. “Wasting Away”, do Nailbomb, projeto industrial de Max, também foi tocada.
Talvez por não ter feito tantos shows assim, o CC sente o cansaço de Iggor Cavalera. O baterista não chega a comprometer, mas o esforço que faz para segurar a pressão da banda é visível e de dar dó. Se quiser voltar a ser o baterista completo de outrora, precisa largar as carrapetas e entrar em forma o mais rápido possível. Diferentemente, Max, que com o Soulfly nunca deixou as grandes turnês internacionais, está em plena forma e até canta sem tocar guitarra. Naturalmente mais velho que nos tempos do auge do Sepultura, mantém a imagem esculachada de lixão humano, mas, com 41 primaveras, está com um pique de garoto.
O momento Sepultura de verdade veio com “Refuse/Resist”, a quarta no set e que levantou a maior roda já vista em todo o final de semana. Também foram incluídas no set a pioneira “Troops Of Doom”, que resultou num mar de punhos erguidos e coreografados pelo riff explosivo; “Attitude”, símbolo da fase identificada com o nu-metal; e o final extraordinário com “Roots Bloody Roots”, na qual Max foi atendido ao pedir que o mundo se acabasse ali mesmo, no meio das inúmeras rodas de pogo. “Volta pro Brasil!” era o que gritavam os que ainda tinham fôlego depois de uma apresentação furiosa. Alguém viu Andreas e Paulo Jr. por aí?
Set list completo:
1- Inflikted
2- Sanctuary
3- Terrorize
4- Refuse/Resist
5- The Doom Of All Fires
6- Hex
7- Hearts Of Darkness
8- Troops Of Doom
9- Ultra-Violent
10- Attitude
11- Warlord
12- Wasting Away
13- Roots Blood Roots
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Tags desse texto: Cavalera Conspiracy, SWU Music & Arts Festival
Deve ter sido um showzaço mesmo. Bem que podiam emendar uma tour no Brasil…
Paulo e Andreas estavam na platéia. A Globo mostrou.