No Mundo do Rock

Sai Pitty, entra Pitty

Em franca transição, cantora muda o jeito de gravar o novo disco, busca alternativas ao rock pesado que a colocou no mercado e se esforça para não cair na vala comum das “cantoras brasileiras”; e sem perder a identidade. Fotos: Caroline Bittencourt/Divulgação.

Joe, Pitty, Duda e Martin: no segundo disco com a mesma formação, quarteto experimenta mais

Joe, Pitty, Duda e Martin: no segundo disco com a mesma formação, quarteto experimenta mais

Pitty mudou. Ou, por outra, está mudando. Os quatro anos que separam o lançamento do álbum anterior, “Anacrônico” e o novo disco, “Chiaroscuro”, foram o bastante para a cantora gravar um disco ao vivo e repensar sua carreira. Na encruzilhada, Pitty optou pelo caminho “sem limites” da experimentação intuitiva, sustentada em estúdio por seu parceiro e espécie de mentor, o produtor Rafael Ramos. Não que o rock pesado de veia pop que inovou o mercado brasileiro há seis anos tenha saído de cena, mas Pitty (a banda) pega leve nesse novo trabalho e lança olhares sobre outros ritmos que não o rock de inspiração noventista.

Não era para menos. Com o passar dos trinta e inserida no mercadão da música brasileira, Pitty certamente tem mais contato com figurões do mercado e celebridades fake do que com a turma do rock que a revelou para o sucesso. Entre programas de TV de gosto duvidoso e premiações de resultado previsível, a cantora talvez tenha o rosto mais exposto de sua geração por antenas ou à cabo, em todo o País. É possível, nessas circunstâncias, se manter fiel às raízes? Pouco provável, ainda mais quando a intenção nem parece ser essa.

Pitty encontrou um tempinho para explicar tudo, tintim por tintim, a este Rock em Geral, e mesmo por e-mail a conversa rendeu. Entre papos cabeça e reflexões “intelectuais” que lembram um outro baiano, ícone da mpb, ela fala do inconsciente coletivo que lhe entregou o título do disco de bandeja, da maturidade balzaquiana fora de época e da falta de segmentação da crônica musical ao avaliar seu trabalho. Reclama do preconceito com quem faz sucesso e explica o “entendimento certo” de “Me Adora”, primeiro hit do CD, que traz, de quebra, um palavrão em pleno refrão. Respire fundo e confira o pensamento vivo de Priscilla Novais Leone:

Rock em Geral: “Chiaroscuro” é o seu primeiro disco gravado fora do estúdio Tambor, no Rio. Por que a mudança e quais diferenças vocês sentiram no processo?

Pitty: Queríamos experimentar um formato diferente de gravação, e também um que nos proporcionasse mais conforto no sentido de podermos voltar para casa após cada dia de trabalho. Isso facilita tocar a vida ao longo da produção de um disco, sem ter que ficar ilhado numa cidade diferente, num quarto de hotel. A diferença era esta: mais produtividade no lado pessoal e mais intimidade na execução das músicas. Não havia interferência externa, nem clima corporativo; éramos nós numa casa com quintal. A coisa ficou toda mais orgânica e também mais lúdica, com espaço para cozinharmos juntos, ouvirmos música, discutirmos coisas e gravar de um jeito nada ortodoxo. Adaptamos nosso estúdio de ensaio, mas não o deixamos nos moldes tradicionais. Tínhamos uma sala grande e nenhum aquário. As bases foram feitas ao vivo, priorizando o melhor take dos três instrumentistas, sem se preocupar demais com vazamentos. Fomos fazendo as músicas uma a uma, dedicando cada dia a uma delas em específico para construí-la por inteiro ao invés do costumeiro “primeiro todas as baterias, depois todos os baixos, as guitarras e por último colocar voz em todas as músicas”. Todos os equipamentos ficavam montados o tempo todo, e isso possibilitou regravar, quase no final, uma base que havíamos feito no começo e depois achamos que não estava tão boa. Aproveitamos outros espaços da casa para gravar voz na sala, chuva no quintal, etc. Valia a melhor tocada, mesmo que tivéssemos de repeti-la muitas vezes para chegar nesse resultado, para assim usar o mínimo de edição. Hoje em dia com esse tanto de tecnologia disponível o que menos se ouve são bandas tocando de fato; o computador faz tudo e inclusive afina a voz. Buscamos o extremo oposto disto. O que se ouve no disco é uma banda fazendo o que ela tem que fazer: tocar de verdade.

REG: Muito já foi dito, mas você pode explicar melhor o título?

Pitty: Foi uma palavra que surgiu através do Duda (baterista) durante as gravações e eu encafifei com ela. Fui pesquisar o significado e percebi que ela sintetizava o que estava acontecendo conosco no estúdio. Foi aí que observei a dualidade contida nas letras, os contrastes na sonoridade, os tons de cinza nas músicas. Vê que doido: até então eu não tinha consciência disso porque não racionalizei e não decidi que seria assim, fui fazendo e fazendo. Não agrupei as letras por um tema, jamais conversamos antes da gravação sobre deixar contrastes evidenciados, nada. Quando me dei conta, era isso. O nome “Chiaroscuro” surgiu lá no meio das gravações para me mostrar o que estava acontecendo. Não é papo hippie, não, mas nessas horas é que eu fico encucada com essas coisas de conspiração do universo e inconsciente coletivo, porque a palavra surgiu do nada e me deu um estalo no cérebro, como se dissesse: “olha, você está aí só criando, sem se preocupar com o quê, botando para fora o que sente sem saber dar nome às coisas - que às vezes são mesmo indizíveis. Pois saiba, meu nome é ‘Chiaroscuro’”. Quando isso clareou na minha cabeça, senti que era um título com muitas possibilidades (visuais e estéticas) e decidi mergulhar por inteiro nesse universo. Fotos, arte do disco, design do site, até figurino do clipe. Tudo converge para a mesma idéia do claro-escuro, da dicotomia e sua representação mais simples e imediata: o preto e o branco.

REG: No início da sua carreira o trabalho do produtor Rafael Ramos era incisivo, mas agora parece que você já “anda com as próprias pernas”. Concorda com isso? Se vê trabalhando com outros produtores, dependendo das circunstâncias?

Pitty: O que acontece é que, tanto eu quanto o Rafa, fomos aprendendo ao longo desses discos. No primeiro, eu muito mais inexperiente, sem saber tecnicamente como chegar aos sons que eu queria, conseguindo apenas descrevê-los e dizer gosto/não gosto. Ele, com mais knowhow nesse sentido, me ajudando. Hoje, tanto eu já sei melhor como chegar aos sons quanto ele se aprimorou muito. É, de fato, uma parceria musical. As idéias surgem, discutimos e descobrimos o melhor jeito de realizá-las. Particularmente nesse disco, nos aprofundamos muito mais na coisa experimental que já havia começado a surgir em “Anacrônico”. Nos propusemos a testar, arriscar, errar e acertar. Reservamos um tempo especialmente para isso, para as camadas e as texturas, para buscar timbres mais especiais. Rafael é incrível nesse aspecto, ele não se furta de experimentar. Fizemos desde voz com microfone de gaita plugado num Vox com pedais de guitarra diversos para chegar no timbre do Tom Waits, até somar canais de guitarra com microsintesyzer para ver como é que ficava. Jamais escutei ele dizer “isso não rola” sem ao menos tentar. Gravar voz na sala? Vamos ver como fica! Gravar chuva no quintal? Claro que sim! Colocar um pedal Octave de baixo na voz para fazer a mais grave num coro? Vamos nessa! Não havia limites, e isso foi algo que foi dito antes das gravações. Me lembro, um olhando para o outro e repetindo: “no limits, no limits…”. A maioria dessas experiências rendeu resultados surpreendentes e maravilhosos, outras caíram por terra. Todas, sem dúvida, valeram a pena. Me vejo trabalhando com outros produtores em situações diversas, mas nunca tive oportunidade de fazer isso com nenhum deles nesse grau de entrega e intensidade. Acredito que minha relação com Rafa ainda está longe de se esgotar, temos muito em comum musicalmente, ele me alimenta deveras e é uma das pessoas mais divertidas que já conheci. Ele entende e partilha do meu humor ácido, incisivo.

REG: “Chiaroscuro” não é um disco de rock pesado como eram os dois primeiros. Ele também vem depois de um CD/DVD ao vivo, deixando uma lacuna de tempo grande entre “Anacrônico” e ele. É por aí a explicação de ele ser menos pesado?

Pitty: Não sei de uma explicação coerente. Quando vou fazer um disco, ou escrever, ou qualquer coisa que seja, não existe preocupação se vai ser leve ou pesado. Não existe preocupação alguma em direcionar, catalogar, aparar, conter. Eu tenho a arte na minha vida como forma máxima de expressão e isso é uma necessidade. Sendo assim, procuro deixá-la acontecer da forma mais pura possível, com o mínimo de interferência racional, ela em estado bruto. A lapidação ocorre não para modificá-la em sua essência, mas para torná-la mais inteligível. Se há alguma explicação, ela é especulativa: a obra é a materialização de coisas que acontecem internamente. É o retrato de um momento, e talvez esse seja o nosso agora. O engraçado é a diferença de perspectiva. Por mais que eu sinta que esse disco tem uma coisa mais de canção do que o anterior, ainda assim eu o considero mais denso em termos de discurso e sonoridade. E peso para mim hoje tem muito mais a ver com densidade do que com gritos vãos e guitarras distorcidas. Vide algumas bandas novas que entopem suas músicas de clichês do “rock pesado”, mas não conseguem, nem de longe, alcançar esse objetivo. O que é mais pesado, Velvet Underground ou Fall Out Boy?

REG: Nesse sentido, você preferiu uma música bem pop para single, em vez de “Anacrônico” (a música) e de “Máscara”. Faz parte do conjunto desse momento que você vive?

Pitty: Ah, sim, é uma música pop que tem um “foda” bem grande no refrão. Todo mundo faz isso hoje! Ninguém está aí usando palavras fofinhas e iguais, repetidas enésimas vezes por bandas diferentes, imagina… O que eu gosto nela é o contraste do teoricamente politicamente incorreto (ou do não convencional, se preferir), com uma melodia assoviável e “catchy”. É a junção de dois mundos que supostamente não deveriam se encontrar, é o conflito. E conflito não para mim ou para as pessoas da minha geração que sabem que esta palavra é comum e não representa nada além de um adjetivo. É um conflito para o óbvio, para o que se espera de. “Me Adora” é diferente dos singles anteriores e de tudo o que a gente já fez? Sim, ainda bem. Aquilo eu já conheço, já fiz, me entediaria repetir. Eu tenho medo do mesmo. E eu adoro o rock dos anos 60 e as coisas do Phil Spector, então casou a fome com a vontade de comer.

REG: Você andou reclamando que estavam “entendendo errado” a letra de “Me Adora”. Qual o entendimento que você considera correto?

Pitty: Não há somente um, e todos são corretos desde que se apliquem a uma situação específica e pessoal. Posso te dizer do meu sentimento enquanto escrevia. Primeiro fiz a harmonia, calcada numa progressão de acordes bem clássica do rock/pop 60, com direito a tensão na subida para o refrão e tudo. A harmonia me fez sentir que ali cabia uma letra exageradamente dramática, tirando um sarro, quase brega, usando essa dramaticidade de forma irônica e sarcástica. Fiz primeiro o pré-refrão e o refrão, e no momento meu pensamento era o de uma mulher inconformada com o descaso do seu amante, sentindo-se preterida. “Ah, mas quando eu for embora ele vai perceber… e aí será tarde demais!” (mãozinha dramática na testa). Logo em seguida me veio outro pensamento: ora, eu sinto algo bem parecido com isso quando percebo que meu trabalho acaba sendo julgado por gente que ganha para escrever sobre ele, mas que não tem a menor boa vontade, o menor interesse em entendê-lo de fato. Nem deve ouvir até o fim. Julga por prazer. Não é minha culpa, é só projeção. Aceito a apatia, mas não desonre levianamente o meu nome, oh meu algoz (meu amor, meu amante, meu amigo, quem quer que seja). Nessa hora vi que ela continha esse sentimento ambíguo, e me aprofundei nesse duplo sentido, construindo todas as frases de forma que pudessem servir aos dois propósitos, o contexto amoroso e o profissional. A escolha das palavras foi cuidadosamente proposital para dar ênfase ao drama: desonra, decepções, cruel… A frase “e não desonre o meu nome”, que se repete no fim de cada estrofe, traz essa sensação de uma outra época, na qual as pessoas ainda levavam em conta a própria honra, e a palavra dada e a promessa feita tinham mais valor do que um contrato.

Pitty: Dá pra colocar gente que entende de rock pra escrever sobre meu trabalho, por favor?

Pitty: Dá pra colocar gente que entende de rock pra escrever sobre meu trabalho, por favor?

REG: Colocar um palavrão no refrão foi uma escolha? Pensou duas vezes se valia a pena?

Pitty: Eu precisava de uma palavra que combinasse com a sonoridade do “adora” da frase anterior, não necessariamente uma rima, até porque acho que rimar tudo é um saco. Prefiro rimas um tanto quanto desconstruídas. Queria completar o sentido da primeira frase do refrão. “Que me adora, que me acha… legal? Bacaninha? Supimpa à vera? Um xuxu? Nem a pau, pô. Que me acha foda”. Como é que você vai dizer que uma coisa é foda se você não disser que ela é foda? Não existe palavra equivalente e nem sinônimo compatível, nada expressa o real sentido de uma coisa foda, senão a própria palavra. Pensei, claro, se ia dar merda. Mostrei para os meninos. Refleti e saquei que hoje em dia essa palavra é mais adjetivo do que palavrão. E existem palavras muito piores: latrocínio, hediondo, corrupto… E estas estão nos jornais todos os dias, então não me venham encher o saco. E criar um caoszinho é sempre bom, movimenta o mundo, abre-se uma nova discussão, então… vamos lá.

REG: Esse é o segundo disco gravado com a mesma formação. O que isso traz de tranquilidade na hora de gravar? As coisas fluem com mais facilidade?

Pitty: Com o tempo vem uma estabilidade e um entrosamento muito especiais. Você aprende a respirar na música junto com o outro, você conhece os espaços que o outro deixa para serem preenchidos. As palavras vão se tornando cada vez mais desnecessárias, a comunicação acontece por outros sentidos, além de se descobrir mais os limites do outro. Temos o hábito de fazer longas e despretensiosas jam sessions. Simplesmente alguém puxa alguma coisa e todos vão se encaixando e tocando - eu fazendo improvisos vocais e melodias - e isso as vezes dura 40, 50 minutos ininterruptos. Sem combinar acordes, modulações, mudanças de andamento ou de ritmo. É sair tocando instintivamente. Numa dessas apertamos o “rec”, e saíram duas músicas: “Rato na Roda” e “Pra Onde Ir”. Fazemos isso também ao vivo, no palco, quando dá vontade.

REG: De onde saiu essa “Água Contida”?

Pitty: Da minha perplexidade comigo mesma por ser tão manteiga derretida, e de me achar muitas vezes patética por isso. A letra descreve a cena. Numa dessas vezes me olhei no espelho e essa cara estava lá: o olho vermelho e inchado, o rímel borrado, o nariz escorrendo. “Que saco”, pensei, “por que eu fico assim, me doendo com as coisas desse jeito?” Resolvi tirar sarro disso ao mesmo tempo em que assumia minha porção “drama queen”. E entendi que acontece por juntar coisas demais, conter essa água demais, e quando ela transborda é uma enchente. Na parte ‘C’ da música sou benevolente comigo mesma e me digo que essa enchente tem seu papel. É curioso, algumas das coisas que escrevo sou eu dizendo para minha outra, são pensamentos duelando. O exigente e autocrítico que me pune o tempo todo contra o compreensivo e apaziguador, que me diz que não preciso ser perfeita. “Você pode não entender se às vezes fico pelos cantos…” Esse “você” é na verdade essa parte de mim que me cobra, é a minha professora cruel de dedo em riste, é a ditadora, a disciplinadora. E o eu lírico nesse caso explica para ela que essa é a forma que encontrei de expurgar certas coisas e que tudo bem ser assim se me faz bem no final. O instrumental veio de uma ária de “Carmen de Bizet”, a Habanera. Adoro aquele começo e queria compor um riff que remetesse a ele. E ele me lembrou tango, que é algo dramático e que casava com o contexto da letra. Imediatamente pensei num violino e numa levada de bateria que levasse a isso. Fui encaixando as peças dessa forma, e deixei o refrão mais rock, com frases longas e gritadas, porque é a hora em que a tal água contida deságua, é a hora do desabafo.

REG: Fale sobre a música “Desconstruindo Amélia”, que até cita (Honoré de) Balzac (romancista francês). Alguma referência pessoal ou musa inspiradora?

Pitty: As musas inspiradoras somos eu e minhas amigas que tantas vezes conversamos sobre isso, sempre comentando sobre como tem sido difícil conciliar as funções maternais, domiciliares, profissionais e pessoais. As mulheres cortam um dobrado hoje em dia para dar conta de todas essas coisas. Quando decidi escrever sobre o assunto pesquisei em alguns blogs, e me surpreendi com comentários de mulheres que diziam sentir falta dos moldes tradicionais. Que preferiam ser donas-de-casa bancadas pelo marido provedor e se preocupar apenas com o melhor jeito de se assar um bolo. Outras já diziam que apesar da sobrecarga sentiam-se satisfeitas em não depender financeiramente da boa vontade de um homem que algum dia poderia ir embora e as deixaria na mão. Nessa época li novamente “O Segundo Sexo” de (Simone de) Beauvoir, e é ótimo o jeito que ela investiga o papel feminino na sociedade, o conceito de o homem ser tido como Um e a mulher como o Outro, o reflexo. O espelho, o ponto de partida é o Um, e a mulher aceitando isso se coloca na posição de ser o Outro. Daí veio a frase: “Já não quer ser o Outro, hoje ela é Um também”. No encarte não dá pra perceber bem o uso das maiúsculas, fundamentais para o entendimento. E Balzac apareceu ali como uma lembrança ao fato de que a idéia dele de mulher de 30 hoje é completamente defasada. Não existem mais senhoras de 30, existem hoje umas quase pós-adolescentes. A ciência e as tecnologias cosméticas ajudaram a mudar essa perspectiva.

REG: “Fracasso” é uma brincadeira com sua trajetória ou uma resposta aos críticos de plantão?

Pitty: Na verdade é um jeito irônico e bem humorado de falar sobre cobiça, inveja e desdém. Surgem umas frases emblemáticas por aqui, e essa veio de um amigo que toda vez que observava esse tipo de atitude megalomaníaca em alguém que não era nada disparava: “ah, o fracasso subiu a cabeça, é assim mesmo”. De posse disso eu desenrolei a letra passando por outros pontos. O fato de que, quando algo é bem sucedido, todos querem seu nome no cartaz, e quando é o oposto, fica-se só, o desdém que muitos declaram por coisas que intimamente gostariam de ter, o desprezo e a falácia que nada mais são do que esconderijos para esses desejos não realizados. Tom Jobim disse que “fazer sucesso no Brasil é ofensa pessoal”, e ele está lá na segunda parte da música. “Declara as uvas verdes” remete a fábula de Esopo (escritor grego), que pra mim é a síntese de toda essa questão.

REG: Em geral o seu trabalho sempre foi calcado na música pesada dos anos 90, mas nesse disco você parece se distanciar disso. A fonte secou ou você é que está bebendo em outras?

Pitty: A fonte se ampliou. Eu sou fruto dos anos 90 com muito orgulho, “Medo” está no disco e não me deixa mentir. “Todos Estão Mudos” também tem essa pegada mais metal. Coisas se juntaram, acho que foi isso. “Desconstruindo Amélia” tem uma onda “jazzie cabaret”, mas a parte antes do último refrão é totalmente Black Sabbath. O noise de guitarras nos refrões e especialmente no final de “8 ou 80”, para mim é Sonic Youth, Pixies. “Só Agora” tem a ver com Velvet, e por aí vai. Minhas referências de antes não mudaram, outras vieram a se somar. Entrou aí o rock meio 60 e o refrão surf music de “Fracasso”, por exemplo, as texturas Radiohead, os barulhinhos. Tudo que eu gosto de antes tem a ver com o que eu gosto de hoje, ou você acha que Muse não tem a ver com Queen, Rage Against e metal em geral? Ou que Mars Volta não tem a ver com Frank Zappa e a psicodelia dos anos 70? Que Queens of The Stone Age não tem a ver com hard rock? A essência do gosto é a mesma, novas bandas vão surgindo. O que acho interessante musicalmente hoje é transitar por universos sonoros diversos, e assim criar algo dissociado de um único rótulo ou estilo. É juntar coisas distintas para se criar uma outra nova.

REG: Desse repertório todas as músicas são recentes? Quais são “sobras” do passado?

Pitty: “Medo” era um riff das antigas, não usado, que não saiu da minha cabeça e que me lembrei na hora de fazer o disco. O instrumental de “(Desconstruindo) Amélia” eu fiz ano passado na estrada, e lapidei e escrevi a letra prestes a gravar. O texto de “Água Contida” estava em algum dos meus cadernos há um tempo ainda sem a parte “C”, como tantas coisas que escrevo. “Só Agora” foi concebida há uns dois anos e já surgiu toda pronta, precisava desse tempo para descobrir a sonoridade que ela pedia. “Trapézio” era um poema também escrito num desses cadernos e que encontrei na época de juntar os fragmentos para compor. As outras todas são mais recentes, mas eu faço música assim, com calma, deixando a própria canção se desenvolver primeiro aqui dentro, no tempo que ela precisar.

REG: Você se considera, depois desse terceiro disco, mais “cantora Pitty” do que “banda Pitty”? Te incomoda quando te inserem no conjunto das “cantoras brasileiras”?

Pitty: Não me incomoda, eu sou cantora e sou brasileira, mas não acho que pertenço às cantoras brasileiras que vêm entre aspas. A cada disco somos mais banda e sou mais cantora; essa divisão não me interessa. Me interessa o resultado, e não o nome que isso tem.

REG: Que diferenças você vê no mercado musical brasileiro entre o período em que veio de Salvador para gravar o primeiro disco e agora, já estabelecida no mercado?

Pitty: A diferença mais gritante diz respeito a internet, pirataria e download de músicas. Está cada vez mais difícil ter verba para todo o projeto que envolve um disco porque o retorno com ele é cada vez menor. Isso se reflete em tudo, como, por exemplo, se virar para fazer clipes incríveis com pouquíssima grana. Tem que se adaptar a isso e inventar soluções ao invés de praguejar pelos quatro cantos. A internet veio trazer uma benesse também: a de se falar diretamente com o público, sem intermediários, através de sites, blogs, myspace, etc. E o fato de que toda banda hoje consegue gravar um disco - por mais tosco que seja - e disponibilizá-lo na rede.

REG: Continua acompanhando a cena rock de Salvador? Consegue citar bandas novas legais de lá?

Pitty: Sim, através dos amigos e das notícias da cena local. A safra mais nova envolve Vivendo do Ócio, Irmãos da Bailarina, Matiz e Lou. E tem a galera um pouco mais das antigas que continua produzindo discos incríveis, como Cascadura, Retrofoguetes e Nancyta.

REG: Como vão suas andanças na internet? Já aderiu ao twitter?

Pitty: Aderi e amei. A arte de se comunicar em 140 caracteres. É legal para dar notícias concisas sobre o trabalho, para avisar de shows, eventos, coisas de TV e rádio, e para trocar dicas rápidas de filmes e discos, links bacanas em geral. Não me sobra muito tempo disponível para internet, geralmente quando entro é para algo específico, e-mails, etc. Noventa por cento do tempo que passo na internet é trabalhando. Aliás, 90% da minha vida eu passo trabalhando.

REG: O que é mais chato em ser uma artista mainstream que toca rock?
a) Ter que conviver com artistas chatos em eventos de presença obrigatória?

Pitty: Gente chata tem em tudo que é canto, mesmo que eu trabalhasse num banco ou numa loja de sapatos. O mundo está infestado de gente chata, é impressionante. E não existe presença obrigatória, eu só vou aonde eu tô a fim;

REG: b) Participar de programas de variedades da TV como Hebe, Raul Gil e afins?

Pitty: Nesse caso é uma escolha. Todos os programas que eu fiz foi porque assim eu quis (opa, isso dá verso!), pesando todos os prós e contras e vendo que na balança o saldo positivo era maior;

REG: c) Ser tratada como uma celebridade fake, embora tenha um trabalho consolidado?

Pitty: Ah, isso sim é chato. Com essa overdose de “celebs” instantâneas, as pessoas já nem sabem mais distinguir o que é real, ou é preguiça mesmo, ou é “nojentice em caps lock”;

REG: d) Ver a crônica musical mpbista detonar seguidamente seu trabalho?

Pitty: Isso além de chato é injusto. Dá pra colocar gente que entende de rock pra escrever sobre meu trabalho, por favor? Ah, obrigado. Então, o legal mesmo é esse monte de sub-Marisa Monte ou essas releituras mal feitas de Gal dos anos 70? Me poupe;

REG: e) Nenhuma das anteriores; não há nada de chato nisso.

Pitty: Há coisas chatas, há coisas incríveis, como em absolutamente tudo nessa vida. Mas há muito mais coisas compensadoras do que o contrário, e a melhor delas é que independentemente disso tudo eu estou aqui, fazendo o que gosto e o que quero, do jeito que gosto e que quero, pagando minhas contas com rock e curtindo a vida adoidado - RIP John Hughes (diretor do filme “Curtindo a Vida Adoidado”, falecido há pouco tempo). O resto é só o resto.

Para Pitty e seus asseclas o sucesso não subiu à cabeça; uma das músicas cita desabafo de Tom jobim

Para Pitty e seus asseclas o sucesso não subiu à cabeça; uma das músicas cita desabafo de Tom jobim

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Comentários enviados

Existem 89 comentários nesse texto.
  1. bianca em agosto 26, 2009 às 18:01
    #1

    Sou fã da Pitty, ela não é uma rockeira qualquer, ela é foda x)

  2. Carol em agosto 29, 2009 às 23:29
    #2

    Realmente, ótima entrevista :)

  3. Dêssa Hanna em agosto 29, 2009 às 23:31
    #3

    Pitty é demais mesmo! Sem palavras pra descrever ela.

  4. Victor em agosto 29, 2009 às 23:33
    #4

    Pitty sempre perfeita

  5. @Nine_Label em agosto 29, 2009 às 23:36
    #5

    Adorei a entrevista e acho que a cada disco que passa a Pitty amadurece… Não só a Pitty, mas a banda em geral. Gosto muito do trabalho deles! Parabéns pela entrevista, perguntas bem bacanas!

  6. Natalia Innocente em agosto 29, 2009 às 23:36
    #6

    Não sou fã da Pitty, mas concordo de todos os lados que “Chiaroscuro” é o melhor CD dela até hoje. Conheço todos os trabalhos dela, mas esse realmente ficou “foda”. Ficou um sonzinho pop moderno com um toque anos 60, mas sem perder a marca “Pitty”. Decididamente “Chiaroscuro” ficou primordial.

  7. laiany em agosto 29, 2009 às 23:39
    #7

    Toca um som bom pra cacete e nao fica na mesmice da maioria das outra bandas.

  8. Lohane em agosto 29, 2009 às 23:39
    #8

    Pô, ela é demais ! Mais que uma cantora… é FODA!

  9. Jéssica em agosto 29, 2009 às 23:42
    #9

    Show de bola… Ela é única mesmo! Adooooro ♥

  10. bell em agosto 29, 2009 às 23:44
    #10

    Realmente não existe outra palavra, a Pitty é foda!

  11. Matheus G. em agosto 29, 2009 às 23:44
    #11

    Fazia tempo que não lia uma entrevista como essa. Realmente, a REG tá de parabéns; Pitty, eu fico sem palavras pra tanta coerência, sinceridade. Pra mim é o CD do ano, as letras, a melodia, tudo ficou muito foda.

  12. Davi em agosto 29, 2009 às 23:48
    #12

    Ufa, uma entrevista sobre “Chiaroscuro” e o trabalho da Pitty com seriedade, importância e sem perguntas clichês. Parabéns, entrevista ótima.

  13. Marcos em agosto 29, 2009 às 23:49
    #13

    “Me Adora”, no primeiro instante em que ouvi esse som, me amarrei, percebi que a Pitty é foda mesmo… Tá demais Pitty… “Te Adoro”

  14. thiago grilo em agosto 29, 2009 às 23:56
    #14

    Adoro a Pitty… realmete a matéria ficou muito boa… Seu álbum está perfeito. Beijo no coração e vou estar aguardando a vinda ao ES…

  15. Marcelo em agosto 30, 2009 às 0:00
    #15

    Pitty ARRASOU !

  16. Netinho em agosto 30, 2009 às 0:03
    #16

    Sou fã da Pitty, ela não é uma rockeira qualquer, ela é foda x)

  17. PittyNara em agosto 30, 2009 às 0:03
    #17

    Pitty tem mudado bastante. Não só Pitty-cantora, e sim Pitty-banda, é bom saber que eles estão crescendo e amadurecendo juntos.

  18. Kauê Bitencourt em agosto 30, 2009 às 0:07
    #18

    Melhor cantora do Brasil, minha ídola, minha inspiração, nada de sub-Marisa Monte, hahahhahaha.

  19. Tiago de Souza em agosto 30, 2009 às 0:08
    #19

    O que eu penso ser mais incrível, e isso não é para o bem, são os posers que dizem que ela mudou o jeito de cantar as mesmas coisas só para ganhar dinheiro. É lógico que ela precisa ganhar dinheiro e pagar as contas, e isso para mim é um argumento tão tosco.
    Sempre debato com as pessoas que não tem argumentos inteligentes para criticá-la. Eu sempre gostei da Pitty. Mas como tudo o que eu gosto, eu sei criticar os dois lados. Alguns dizem que eu não vejo nada de ruim porque sou fã. Queria que eles me poupassem de comentários como esse e tentassem dar o mínimo de valor, se não respeito, a quem está há anos tentando colocar o rock brasileiro - na maior parte, cantado em português - em um patamar aceitável aos que só vêem rebeldia.

  20. CAROL em agosto 30, 2009 às 0:19
    #20

    Adorei cada palavra dessa entrevista e ainda não acredito que não ouvi o “Chiaroscuro” ainda! Com todas essas explicações e conclusões PRECISO ouvir!!! Ouviria Pitty o dia todo se pudesse, aliás eu e minha filha de 3 anos, ela AMA!! =]

  21. HUDSON em agosto 30, 2009 às 0:25
    #21

    Ótima entrevista, fugiu das entrevistas anteriores que sempre falavam só da mesma coisa. Essa falou. Mas foi mais além.
    Estão de parabéns!

  22. rafaella em agosto 30, 2009 às 0:27
    #22

    Acho massa que a Pitty tenha conteúdo e muita personalidade, e ela, junto com os meninos da banda fazem uma mistura tão bacana e única, que dá gosto de ouvir. Acompanho eles desde o início, não loucamente, fã inconsequente, mas tenho todos os CDs, e digo: a Pitty, a banda Pitty, só evolui a cada trabalho. No momento estou saboreando o “Chiaroscuro”!

  23. Daiane em agosto 30, 2009 às 0:28
    #23

    Essa é sem sombra de duvidas uma das melhores entrevistas que já li, ótimas perguntas.

  24. Mel em agosto 30, 2009 às 0:32
    #24

    Festival do “remete”, quem muito se explica tem pouco pra mostrar.

  25. Lauis em agosto 30, 2009 às 0:34
    #25

    “Dá pra colocar gente que entende de rock pra escrever sobre meu trabalho, por favor? Ah, obrigado. Então, o legal mesmo é esse monte de sub-Marisa Monte ou essas releituras mal feitas de Gal dos anos 70? Me poupe”
    Sempre achei injusto também! Disse tudo o que eu penso. Pitty é D+!

  26. Giovanna em agosto 30, 2009 às 0:40
    #26

    Pitty, em qualquer estilo suas músicas são perfeitas. As únicas que saem daquela mesmice, as únicas que nos fazem refletir, ou pelo menos, ME faz refletir. A melhor cantora de todas, seja do estilo “Chiaroscuro” ou “Anacrônico”.

  27. João Damasio - JD em agosto 30, 2009 às 0:43
    #27

    Realmente uma entrevista excepcional, principalmente quando comparada a outras tantas onde só se vê as mesmas perguntas e, inevitavelmente, as mesmas respostas. Valeu a pena cada letra lida, cada segundo perdido.
    Pitty amadurece, e junto, nós amadurecemos. Uma frase que um amigo disse no twitter: “Aprendo mais palavras e mais coisas quando compro álbum novo da Pitty do que com minha professora de Português”. E eu só tenho a dizer… inspirador. E a palavra da vez é Foda!

  28. taís em agosto 30, 2009 às 0:43
    #28

    Esta entrevista poderia se denominar da seguinte maneira: questionário agradável, cômico e conciso (palavra bem lembrada e bem usada por ela, Pitty). Respostas sucintas e com muita essência, literais e completas. Gostei.
    Seria interessante se não só a mídia, mas os próprios fãs, críticos e afins analisassem a Pitty (Cantora e Banda) por um outro ângulo, outros aspectos, uma ótica mais humana do que técnica, que o julgamento e a projeção como ela mesmo disse, fossem diferentes. Parabéns.

  29. joao cleber em agosto 30, 2009 às 0:47
    #29

    Entrevista foda!
    Pitty sempre arrasa!

  30. Patricia Ramos em agosto 30, 2009 às 0:48
    #30

    A Pitty é a melhor roqueira do Brasil, amo suas musicas, seu estilo de cantar, tudo. Realmente ela é foda!

  31. Gustavo (Meputi) em agosto 30, 2009 às 0:53
    #31

    Sou muito fã da Pitty. Diferentemente de muitas (muitas mesmo) bandas por ai, ela tem atitude, ela fala as coisas do jeito que ela quer, e não tem medo de inovar. Se hovesse mais pessoas assim, não só na música, mas em todo mundo, o mundo seria bem melhor, garanto!

  32. Amanda em agosto 30, 2009 às 0:57
    #32

    Cada dia mais admiro a Pitty! Respeito, essa é a palavra que deveriam ter com o trabalho dessa grande compositora e cantora brasileira. O disco tá muito bom. Meus parabéns!

    Te espero no MADA.

  33. Gleison em agosto 30, 2009 às 1:00
    #33

    Caraca! Muito boa a entrevista… Gosto muito da Pitty e esse novo CD ta muito FODA…

  34. Gabriel Lacorte em agosto 30, 2009 às 1:10
    #34

    Depois que você tiver uma puta voz como a Pitty, escrever tão bem quanto ela, ter uma banda tão foda como a dela, e chegar aos pés do que ela é, daí sim você pode pensar em falar mal dela.
    Não sou fã da Pitty, mas a mulher é foda e qualquer criança ou velho pode olhar pra ela e dizer isso.
    Quer dizer, qualquer um que pense, né…
    A Pitty é foda e não se descute!

  35. Simone Abreu em agosto 30, 2009 às 1:29
    #35

    Entrevista maravilhosa essa!!! Adorei a explicação para todas as letras das músicas, não é uma rockeira qualquer mesmo! É uma artista completa, de uma capacidade intelectual invejável!! Sou ainda mais fã de Pitty Leone!

  36. Michelle em agosto 30, 2009 às 1:39
    #36

    Olha, nem precisa ser tão fã, não precisa nem conhecer o trabalho dela… basta ler esse tipo de entrevista para ter uma vontade louca de conhecer o seu trabalho, eu adimiro, sou fã dessa banda… e da pessoa Pitty, e graças a Deus que finalmente temos uma banda de rock nacional que vale a pena sempre conferir cada acorde!

  37. Leonardo em agosto 30, 2009 às 2:14
    #37

    Muita boa essa entrevista. Dá pra perceber que a Pitty está cada vez melhor. Sobre a letra de “Me Adora” quero dizer que uma das interpretações que tive foi a seguinte: “não espere eu ir embora pra perceber… que você me adora… que me acha foda”, cai muito bem na realidade da música. As pessoas que torciam o nariz para caras como Cazuza, Renato Russo, John Lennon, e mais recentemente o Michael Jackson, que muitos meteram o pau, só depois que eles morreramm, ou seja, foram embora, é que muitas dessas pessoas percebram como gostavam deles, como eles eram fodas… Espero que o Brasil não espere ela ir embora pra perceber o quanto ela é foda… Gostei muito do novo disco! Está demais!

  38. Aline em agosto 30, 2009 às 2:19
    #38

    A diferença entre a Pitty no começo da carreira e a Pitty de hoje fica visível nessa entrevista. Adoro essa mulher, adorei a transparência nas respostas.

  39. Radmila Gravato em agosto 30, 2009 às 3:22
    #39

    Sou fã da Pitty, ela não é uma rockeira qualquer, ela é foda x) ²
    Cara, admirar alguém só pelo som rola direto, mas pelo som e pela atitude é raro. Com a Pitty rola intrinsicamente(?) :D
    Guria de atitude, guria que sabe o que faz e faz bem, “ídolo de carne, osso e coração” ;] Saquei isso, sou o maior fã, pago maior pau pra ela! Não preciso saber o prato preferido ou a cor do esmalte que ela usa pra isso; desde que conheci “Equalize” e fui descobrindo tudo que tinha por trás daquela voz, eu curto a vibe dela e cresci pacas graças a mesma. (: Só tenho a agradecer e desejar sucesso; vida longa a Pitty Leone!

  40. Igor em agosto 30, 2009 às 3:51
    #40

    Me inspiro muito na Pitty. Minha maior idola! Minha psicóloga! Meu tudo!Amo muito as músicas!

  41. Radmila Gravato em agosto 30, 2009 às 4:16
    #41

    Esqueci de algo mega importante: elogiar a reportagem, fico muito foda também :D Valeu aê \o/

  42. Cris em agosto 30, 2009 às 4:57
    #42

    Sou fã da Pitty desde o 1° CD, porém nao gostei desse. Tenho 30 anos e sempre ouvi rock, e a Pitty era o q faltava no Brasil… Era…

  43. Jo em agosto 30, 2009 às 7:14
    #43

    Excelente entrevista! Pitty como sempre muito autêntica, maravilhosa! “Chiarousco” está demais! Parabéns pelo trabalho! Foda!

  44. pablo kla ver em agosto 30, 2009 às 8:01
    #44

    Rapaz, essa menina fala muito bem, você vê que não são respostas básicas comuns, já fui em show dela aqui na cidade e é mto simpática e inteligente; Parabéns Pitty.

  45. Mariana em agosto 30, 2009 às 9:27
    #45

    Nunca vi ninguém explicar suas músicas como ela… É perfeito! Não é só uma letra que vai agradar todo mundo, é uma coisa de anos. Ela tem uma personalidade gritante é isso que gosto nela, não é como as falsas bandas de hoje em dia, que fazem músicas “clichê”. Parabéns Pitty, sucesso sempre ♥

  46. Luiz em agosto 30, 2009 às 9:59
    #46

    Mente brilhante, pensamentos loucos e “sólidos”, ao mesmo tempo além de linda, resumindo: Foda!

  47. Rodrigo Veiga em agosto 30, 2009 às 10:01
    #47

    Pitty é muito metida! Sandália da humildade pra ela! Mas suas músicas são ótimas, bem feitas, letras legais…

  48. Raiana em agosto 30, 2009 às 10:18
    #48

    A Pitty tem conhecimento de causa pra caralho do que faz! Isso e muitas outras coisas é que faz com que esse caráter dela seja muito bem admirado por milhões de pessoas. Pitty te adoro, te acho foda.

  49. Bruno Pasolini em agosto 30, 2009 às 11:01
    #49

    Como foi citado na entrevista, Pitty tem que ser avaliada por pessoas que entendem de rock!
    Principalmente por pessoas como eu, que acompanho seu trabalho desde os primórdios do “Admirável Chip Novo”, quando ainda dava pra chegar perto da Pitty e conversar com ela e expressar a emoção provocada por seus acordes.
    O CD “Chiaroscuro” veio completar a parte musical desconhecida da Pitty, sendo que ela sempre deixava bem claro em suas entrevistas, sua paixão pelo antigo na música, bandas não notáveis no cenário, mas com muito conteúdo cultural e musical.
    Quando ela cantava “o importante é ser você, mesmo que seja bizarro”, já inspirava muita gente como eu, que acreditou piamente neste refrão, tenho amigos que começaram influenciados pela Pitty e hoje é uma banda “Foda”!
    A música que mais gostei é “Todos Estão Mudos” e já estou imaginando o clipe dela e estou torcendo para que a Pitty escolha essa música para ser seu próximo hit.
    Pitty, valeu! Eu acho você “Foda!”

  50. Monique Garcez em agosto 30, 2009 às 11:33
    #50

    A entrevista foi ótima. Passei a acompanhar mais o trabalho dela a partir desse último CD. Sim, ela mudou bastante durante esses anos de carreira e acho bastante válida a forma como ela estrutura as suas músicas. Acho interessante as suas abordagens. Confesso que logo de início, “Me Adora” não soou muito bem, mas depois de ouvir milhões de vezes a música, percebi a sua essência. O Brasil precisa de artistas cultos assim como a Pitty, que saibam falar, descrever o seu trabalho e que tenham personalidade. E uma ferramenta que eu acho que é muito importante é o twitter. Através dele acompanho muito mais o trabalho dela e fico a par de tudo. Parabéns Pitty, sua personalidade e o seu trabalho são inquestionáveis.

  51. Aninha Maia em agosto 30, 2009 às 12:04
    #51

    Bem interessante a entrevista, coisas que muitas pessoas não sabiam sobre ela e a banda, e falando muito do novo CD. Adorei. :)

  52. Samuel Felipe em agosto 30, 2009 às 12:35
    #52

    Fica até difícil opinar cara!
    Quando a pessoa entende de música, e a principio curte um rock, daí só pode sair coisa boa, né?

  53. Vih em agosto 30, 2009 às 13:20
    #53

    Pô, cada vez mais admiro a Pitty. Simplesmente todo mundo poderia pensar como ela. Não igual, mas por conta própria. Uma das melhores entrevistas que já vi!

  54. artur inacio em agosto 30, 2009 às 16:15
    #54

    Adorei a entrevista!

  55. Mari Guerreiros FC em agosto 30, 2009 às 16:25
    #55

    Parabéns pela entrevista! Pitty verdadeira como sempre. ♥

  56. Julie em agosto 30, 2009 às 16:36
    #56

    Pitty é foda!

  57. Priscila Lopes em agosto 30, 2009 às 17:14
    #57

    Ótimas perguntas e respostas melhores ainda. É também por isso que eu gosto da Pitty.

  58. Emylle Melo em agosto 30, 2009 às 17:26
    #58

    Quem não conhece a banda e lê uma entrevista dessa, vai de cara querer escutar o CD. É assim que deviam fazer entrevistas, muito boa mesmo, e o “Chiaroscuro” tá com uma sonoridade e beleza incríveis, com certeza irá atingir outros tipos de público e ganhar outros fãs mais maduros.

  59. Pitágoras em agosto 30, 2009 às 17:27
    #59

    Essa foi, realmente, a melhor entrevista que já li na vida! Ela é ótima. Gostaria muito de ter as mesmas referências que ela. Tenho mais 10 anos pra conseguir, rsrs. Admiro muito essa mulher!

  60. Flávia em agosto 30, 2009 às 18:00
    #60

    Ótima entrevista. Longa vida à Pitty!

  61. Larissa em agosto 30, 2009 às 21:40
    #61

    Pitty: simplesmente a melhor…

  62. duda em agosto 30, 2009 às 21:44
    #62

    Adorei… curto muito o som da Pitty, ela é 100% foda

  63. Vinícius em agosto 31, 2009 às 0:45
    #63

    Ótima entrevista! Tão boa é, que a própria Pitty postou o link desse site em seu twitter. Foi assim que achei.
    Surpreendente! Sem perguntas toscas. Direto e reto. Parabéns! Assim como as respostas. Quem não conhece a banda e lê essa entrevista, com certeza vai querer conhecer.

  64. felipe bsb em agosto 31, 2009 às 11:18
    #64

    Entrevista muito legal, parabéns.

  65. Camille em agosto 31, 2009 às 12:48
    #65

    Como muitos aqui já disseram, Pitty amadurece a cada dia. Cada disco novo, cada música nova, cada trabalho por ela realizado, tanto a banda quanto a própria cantora evoluem mais. Nunca vi alguém que explicasse tão bem a verdadeira essência de suas letras. Nunca tinha visto letras tão boas e que tratassem de assuntos tão interessantes. Nada mais posso fazer, senão parabenizar a cantora, a banda e a equipe do “Rock em Geral” pela ótima entrevista. Beijos, Banda Pitty, continuem sempre sendo esses ótimos rockeiros que são.

  66. Paulli em agosto 31, 2009 às 14:30
    #66

    Que bonito! Amei a entrevista, foi ótimo para tirar as dúvidas que restavam. Como sempre ela foi 10!
    Ela é foda e nenhuma outra palavra explica isso!

  67. valerio em agosto 31, 2009 às 14:35
    #67

    Entrevista inteligente + entrevistada que tem o que falar = leitores atentos, fãs babando e muito boa informação! Era o que eu tava esperando depois de lançamento do novo disco!

  68. MILLENA em setembro 1, 2009 às 15:25
    #68

    Entrevista inteligente + entrevistada que tem o que falar = leitores atentos, fãs babando e muito boa informação! Era o que eu tava esperando depois de lançamento do novo disco! [2]

  69. jEFFERSON em setembro 1, 2009 às 16:58
    #69

    Muito coeso e extremamente legal ao que a Pitty se propõe como cantora ou líder da banda. Em resumo: achei foda!

  70. Letícia em setembro 1, 2009 às 22:51
    #70

    Sou super fã da Pitty, realmente acho ela foda, ela é simplesmente demais, irreverente, não mede as palavras, fala o que quer, faz o que quer. As musicas dela são ótimas, enfiim ela é simplesmente a “Pitty”

  71. NM em setembro 2, 2009 às 2:01
    #71

    Dificilmente leria um artigo deste tamanho na internet. Mas uma entrevista ser citada pela própria Pitty como ‘interessante’ me surpreendeu.

    Sinceramente achei uma das melhores entrevistas com a Pitty.

  72. Rafa Mandeli em setembro 15, 2009 às 14:37
    #72

    Ah, as músicas dela são maravilhosas!
    Mas ela as vezes força demais

  73. Wilson Silva em setembro 22, 2009 às 9:30
    #73

    Show!!! Parabéns!!!

  74. Lena em outubro 3, 2009 às 20:24
    #74

    Entrevista MARAVILHOSA! Super interessante mesmo! Pitty pra vida toda!

  75. Clara em outubro 7, 2009 às 2:25
    #75

    Muito legal a entrevista, ela realmente sabe o que fala!
    A admiro cada vez mais, Pitty você é foda!

  76. Enny em outubro 14, 2009 às 9:26
    #76

    A Banda Pitty é foda! Eu acho que uma banda deve tentar atrair um público, não elogios da crítica musical. Se Pitty está conseguindo cada vez mais fãs e a realização profissional e pessoal que tanto almejamos, está tudo certo! A entrevista foi muito boa. As perguntas foram diretas e não foram idiotas. Sucesso à Pitty e ao site Rock em Geral.

  77. ThiagodeSouza em novembro 1, 2009 às 12:58
    #77

    Bela entrevista Bragatto!

  78. Heitor em dezembro 17, 2009 às 21:28
    #78

    Ótima entrevista, a Pitty é uma artista incrível, sem dúvida um clássico na cena de rock brasileira.

  79. Mariih em fevereiro 19, 2010 às 7:35
    #79

    Pitty é uma das melhores bandas do Brasil. Sou fã deles desde 2006, mas sem duvida esse é o melhor disco.

  80. Polyanna Andrade em abril 10, 2010 às 15:52
    #80

    Pô, acho super foda as respostas. Ela não é uma cantora qualquer, ela é simplesmente filosófica. Ela é o motivo da minha mãe deixar eu comprar o CD.

  81. JHOL em abril 10, 2010 às 16:18
    #81

    Essa baiana sabe como responder uma pergunta. Véio, ela escreve muito bem. Gostei da parte em que ela fala sobre “tocar de verdade” e concordo inteiramente!

  82. Bruna Karini em abril 10, 2010 às 16:49
    #82

    Pitty é sem comparação!

  83. Eli em abril 11, 2010 às 0:51
    #83

    Entra ano, sai ano e a Pitty sempre mostra para que veio… Definitivamente ela é foda…

  84. ana katia s. dos santos em abril 11, 2010 às 4:31
    #84

    Foda! Sempre amei esse palavrão, rsrs. Não tinha interesse pela música da Pitty. Achava que era mais uma para ganhar dinheiro. Ano passado ela veio lançar esse disco no Circo Voador (Rio de Janeiro). Tenho uma sobrinha de 16 anos que é fã da Pitty, prometir pra ela que a levaria no show. Felizmento não deu para ela ir. Eu, com ingresso dela já comprado, não sabia o que fazer. Entrei no show, chequei guase no final. Agora não perco o show da banda. Estou apaixonada por ela. Tudo agora sobre a Pitty me interessa. Essa personalidade forte que fala o que pensa me atrai, sem agradar a mídia, é foda! O rock da banda é rock de baiano. Rock Raul0 Seixas. As letras da Pitty é letra a lá Tom Zé. Tem que saber sobre eles para entender.

  85. andre em abril 11, 2010 às 17:14
    #85

    Aqui o que vejo são opiniões diferentes, uns concordam, outros não. Temos que pensar no que ela disse, eu acho que ela preocura mudar a cada disco, ter o seu proprio estilo, não ser mais uma dessas bandas repetitivas como tá tendo por aí. Ela tá mudando pra melhor, ela também tá crescendo tanto no trabalho e mentamente, ela na verdade tá amadurecendo, com o passar do tempo ela vai mudando profisionalmente, ela quer coisas diferentes e tá dando certo. Mas é isso aí, eu gosto muito dela e as pessoas que criticam não estão erradas, porque cada um tem um gosto. Vamos refletir mais, anos se passaram… Valeu!

  86. @Bellye em abril 11, 2010 às 20:49
    #86

    Ela não é uma qualquer, ela é a Pitty pô! Ela é foda!

  87. Pamisy em junho 17, 2010 às 19:44
    #87

    Pitty é chata e metida pra caramba

  88. Victor Martins em julho 20, 2018 às 13:57
    #88

    Aos poucos a gente vê nessas matérias. Como tem gente que não gosta da Pitty. Tem frases tão ridículas que parece querer diminuir a carreira dela. Se criticam tanto assim, não sei porque fazem entrevista.

  89. Victor Martins em julho 20, 2018 às 14:02
    #89

    “Não era para menos. Com o passar dos trinta e inserida no mercadão da música brasileira, Pitty certamente tem mais contato com figurões do mercado e celebridades fake do que com a turma do rock que a revelou para o sucesso. Entre programas de TV de gosto duvidoso e premiações de resultado previsível, a cantora talvez tenha o rosto mais exposto de sua geração por antenas ou à cabo, em todo o País.”
    Nesse trecho fica claro o tom de chacota! E essa não é a primeira matéria que vejo diminuírem o trabalho dela. No mínimo ridículo!

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