O Homem Baile

Já vai?

Show da turnê de despedida do Mr. Big no Rio tem íntegra de álbum de sucesso, virtuose, boas músicas, grandes performances individuais e já deixa saudade. Fotos: Daniel Croce.

O vocalista do Mr. Big, Eric Martin: boa voz, pouca falação e bandeira do Brasil às costas no final

O vocalista do Mr. Big, Eric Martin: boa voz, pouca falação e bandeira do Brasil às costas no final

Guitarrista esmerilhando guitarra tem-se aos borbotões em tudo o que é texto da mídia especializada, mas com o Mr. Big, a coisa é literal. Ainda na primeira parte de uma noite que se anuncia memorável, o baixista Billy Sheehan e o guitarrista Paul Gilbert recebem uma furadeira sem fio (não um esmeril) cada um para o desenrolar de suas performances. A música é “Daddy, Brother, Lover, Little Boy (The Electric Drill Song)”, um rockão estradeiro de título quilométrico dos bons e – o melhor – é hit que faz o bom público cantar tudo como se ensaiado fosse. É essa a representativa polaroide do show da turnê de despedida da banda (será?) no Vivo Rio, neste domingão (29/4).

A música é a que abre o segundo disco da banda, “Lean into It”, grande sucesso das paradas rock de 1991, e do qual a banda decide tocar na íntegra todo o repertório. Procedimento que muitas vezes pode não dar bons resultados, já que a ordem em que aparecem em disco nem sempre empolga quando tocadas ao vivo. Aqui, entretanto, tudo funciona e o repertório desce redondinho; tinha gente que nem sabia desse detalhe. Também, entre as onze faias do disco está o super hit “To be With You”, canção melosa que todo mundo conhece e canta com facilidade. Outras que realçam nesse trecho da apresentação são “Just Take My Heart”, mais babinha que situa bem o hard rock quando ele flerta com o pop; a bluesly “A Little Too Loose”, com o plus de um belo solo de Paul Gilbert – como toca o rapaz; e “Never Say Never”, que tem boa adesão da plateia.

O baixista Billy Sheehan, que brilha mais entre as músicas do que em seu protocolar momento solo

O baixista Billy Sheehan, que brilha mais entre as músicas do que em seu protocolar momento solo

O calouro da turma é o baterista Nick D’Virgilio, que ocupa o posto que era de Matt Starr nessa turnê. Ele não inventa muito, nem tem um solo pra fazer como Sheehan e Paul Gilbert, mas vai bem como guitarrista na tradicional troca de instrumentos entre os músicos que sempre rola nos shows do Mr. Big. Desta feita, a farra acontece em “Good Lovin’”, cover do grupo de rock’n’noll raiz The Olympics, com o vocalista Eric Martin no baixo, Billy Sheehan cantando e Gilbert indo muito bem na bateria. Entre os covers – outro hábito do quarteto nos shows – a parte final tem ótima perfomance para “30 Days in the Hole”, do Humble Pie, e uma encurtada versão (sem teclados complica) de “Baba O’Riley”, do The Who, no desfecho de quase duas horas de show, sem bis sem nada.

Nos solos, Paul Gilbert, com o uso do dedal slide guitar e algumas citações a riffs e evoluções de guitarra, brilha bem mais que Billy Sheehan, um tanto protocolar. O baixista impressiona mesmo é quando, em boa parte da noite, utiliza a versão “double neck”, baixo de dois braços, sempre detonando nos dois, no meio das músicas, sem a menor cerimônia. A condução de Martin que segue com a voz em dia, é outro destaque da noite, sobretudo com as vocalizações de apoio feitas por todos o tempo todo, incluindo o novato NDV. Essa é uma das características do Mr. Big em toda a carreira, fácil de fazer nos álbuns, mas nada simples de reproduzir nos palcos, e eles conseguem muito bem.

O elegante guitarrista Paul Gilbert esbanja técnica, virtuose e bom gosto no show do Mr. Big

O elegante guitarrista Paul Gilbert esbanja técnica, virtuose e bom gosto no show do Mr. Big

Outros destaques da noite são a abertura no gás com “Addicted to That Rush”, do álbum de estreia da banda e um clássico sem fronteiras já há muito tempo, com direito e debulhagem explícita de Sheehan; a canção “Wild World”, que o Mr. Big pegou emprestada de Cat Stevens para converter em hit pop globalizado; e a acelerada “Colorado Bulldog”, uma das mais vorazes do grupo, ainda mais ao vivo. Além de não economizar – são 22 músicas – uma coisa boa de um show do Mr. Big é que não tem falação, a comunicação é com a música, como um show de rock deve ser. Só não precisava Eric Martin aparecer com uma bandeira do Brasil nas costas no final, mas, quem nunca? Apesar de esta ser a “The Big Finish Tour”, segundo consta, um novo álbum, intitulado “Ten”, deve ser lançado ainda este ano. Será?

Set list completo:

1- Addicted to That Rush
2- Take Cover
3- Price You Gotta Pay
4- Daddy, Brother, Lover, Little Boy (The Electric Drill Song)
5- Alive and Kickin’
6- Green-Tinted Sixties Mind
7- CDFF-Lucky This Time
8- Voodoo Kiss
9- Never Say Never
10- Just Take My Heart
11- My Kinda Woman
12- A Little Too Loose
13- Road to Ruin
14- To Be With You
15- Wild World
16- Solo guitarra
17- Colorado Bulldog
18- Solo baixo
19- Shy Boy
20- 30 Days in the Hole
21- Good Lovin’
22- Baba O’Riley

O baterista Nick D'Virgilio, novato na turma e com carreira longa, ainda tocou guitarra em uma música

O baterista Nick D'Virgilio, novato na turma e com carreira longa, ainda tocou guitarra em uma música

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