“Tião! Tião! Tião!” É o que grita em apoio o público que enche a casa para ver o show da banda de um dos grandes ícones do hard rock noventista, neste domingo (28/4), no Vivo Rio. Parece bizarro, mas Sebastian Bach, famoso por ser durante anos o frontman do Skid Row, já sabe que é assim, e tenta retribuir falando em um português mal lido em uma folha de papel, o que o faz interromper a peleja muitas vezes, e é, no fim das contas, divertido. Porque, no fundo, no fundo, ele sabe que foi-se embora os tempos de galã do cabelo esvoaçante, a boa voz e a disposição para comandar multidões. “56 anos, seus fedepês!”, comemora entre uma música e outra. Ele sabe que tem debaixo do braço um repertório consagrado da época para mostrar, quase tudo, evidentemente, da banda que lhe deu tudo o que tem.

O show serve de abertura para o Mr.Big (veja como foi), uma dobradinha que tem tudo a ver, não fosse a latente falta de entrosamento da banda de Bach, que parece montada de última hora para tocar um punhado de hits do passado, e, consequentemente, a falta de pressão do show em si. O próprio vocalista já deixa muito a desejar pelo conjunto da obra, e usa de “efeitos sonoros” injetados pelos técnicos de som a fim de emular o alcance vocal de outrora. Talvez por isso o hit “Wasted Time”, uma baladaça que exige maior esforço vocal, tenha ficado na promessa, ao ter um trecho cantado à capela na parte final do show. Em compensação, músicas menos conhecidas como “Big Guns”, logo a segunda, e “The Threat” tiveram boas performances da banda.

Tudo com boa reação da plateia, que, a bem da verdade, parecia maior do que a da apresentação de fundo. E é aí que realçam a força da hits forjados diariamente na década de 1990 com videoclipes em alta rotação em emissoras como a MTV e afins. Acontece com “18 And Life”, um hard rockão melodramático que a banda manda muito bem, com destaque para o guitarrista Brent Woods. A casa canta em uníssono, assim como em “I Remember You”, baladaça tocada mais pra frente, quando Sebastian Bach subverte o viés romântico ao citar nomes do rock que partiram nos últimos tempos, como Eddie Van Halen, Lemmy e Taylor Hawkins. É um dos grandes momentos da noite, e com outra música do autointitulado disco de estreia, de 1989, a despeito de o pano de fundo ser do segundo disco, “Slave to the Grind” (1991).

Curiosamente, a pesada faixa-título desse disco tem fria recepção por parte do público, que parece não reconhecer bem a música. Diferentemente de “Monkey Buniness”, turbinada por um interlúdio em que “Tom Sawyer”, clássico do Rush, é tocada meio “nas coxas”. O show acaba todo sendo meio assim pela – repita-se - falta de entrosamento e pegada da banda, e pelo tom melancólico de Sebastian Bach no palco, ao apelar para a comédia pastelão de seu português mal lido e mal falado e a outras artimanhas pouco íntimas de um show de rock, como a levada de samba tocada a pedidos dele pelo baterista Andy Sanesi. O que não subtrai a animação de “Youth Gone Wild”, cantada a plenos pulmões, no arremate do show. Dá pra melhorar, Sebastian. E muito.

Set list completo:

1- What Do I Got to Lose?
2- Big Guns
3- Sweet Little Sister
4- Here I Am
5- 18 and Life
6- Piece of Me
7- Everybody Bleeds
8- Slave to the Grind
9- Rattlesnake Shake
10- The Threat
11- American Metalhead
12- Monkey Business + Tom Sawyer
13- Wasted Time
14- I Remember You
15- Youth Gone Wild

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