Sofrido
Abrindo para o Millencolin, Satanic Surfers estreia no Rio e supera o som mal ajustado à custa de esporro e velocidade. Fotos: Daniel Croce.
De longe a banda mais pesada e agressiva da noite, o SS se valeu dessas características para se safar, dando razão, no fim das contas, para o guitarrista Magnus Blixtberg, que era quem, em sueco ou inglês carregado de sotaque, dizia o tempo todo para que todos seguissem em frente e que se dane. Foi o que o quarteto fez e foi o que funcionou que é uma beleza. Sobretudo para a turba que abria rodas e se estapeava na frente do palco, muitos – diga-se – reconhecendo e acompanhando as músicas da banda, a despeito de a grande maioria estar ali pelo Millencolin mesmo, como se provou mais tarde. Com o baterista mão pesada Rodrigo Alfaro, que também canta(!) impingindo uma velocidade abissal, o grupo mandou 14 petardos sem dar muito tempo de descanso ao público sedento por esporro.
Para quem não se tocou, o grupo sueco, ícone do hardcore noventista, voltou à ativa em 2014 e de lá pra cá lançou apenas um disco, o sugestivo “Back rom Hell”, de 2018, e dele mandaram três faixas. Destaques para a velocidade de “Catch My Breath” e para “Going Nowhere Fast”, na verdade um clássico da era de ouro da banda regravado para esse disco. Mas o bojo do show fica mesmo com as nada mais nada menos que nove músicas do álbum “Hero Of Our Time”, de 1996, de longe o mais representativo deles. Um verdadeiro deleite, em uma noite fadada a recordações, ver, ao vivo, números como “Head Under Water”, em um encerramento apoteótico com o público pedindo mais um; a própria “Hero Of Our Time”, logo no início, com boa adesão da plateia; e “…And the Cheese Fell Down”, porrada das boas. Que a animação do público convença a banda a voltar para tocar em melhores condições.Grande surpresa da noite, o Makewar, de Nova York ( com integrantes da Colômbia e da Venezuela), é a banda com o som mais contemporâneo, por assim, dizer, já que, se traz a herança do hardcore noventista, incute um rock pesado e com instrumental bem trabalhado em boa parte das músicas. É quase um power trio do hardcore, em que os três integrantes tocam muito e cantam. Deixaram uma boa impressão para um público contemplativo. Já o Lunar Society Club foi o que mais sofreu com o som alto demais e mal equalizado, talvez até pelo fato de o Circo ainda estar bem vazio, mais cedo. Mal dava para sacar se o vocalista cantava em inglês ou português. O som da banda é uma espécie de bailão noventista, com várias referências a segmentos da época, o que até faz sentido em um festival como esse. Mas merece outra oportunidade com um melhor ajuste do equipamento.
Set list completo Satanic Surfers1- The Usurper
2- Egocentric
3-Hero of Our Time
4- Before It’s Too Late
5- The Treaty and the Bridge
6- Catch My Breath
7- Wishing You Were Here
8- Puppet
9- Armless Skater
10- Going Nowhere Fast
11- Got to Throw Up
12- Better Off Today
13- …And the Cheese Fell Down
14- Head Under Water
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Hoje faz 1 mês desse showzaço que esperei por anos e finalmente pude ver no Circo. Histórico!