O Homem Baile

Sofrido

Abrindo para o Millencolin, Satanic Surfers estreia no Rio e supera o som mal ajustado à custa de esporro e velocidade. Fotos: Daniel Croce.

O baterista e vocalista do Satanic Surfers, Rodrigo Alfaro, que teve o nome gritado elo público

O baterista e vocalista do Satanic Surfers, Rodrigo Alfaro, que teve o nome gritado elo público

Teve guitarrista de um lado discutindo com os outros integrantes da banda. Teve bateria instalada no mesmo nível dos demais, andando sozinha no palco. Teve roadie subtraindo monitor de som sem colocar outro no lugar. Teve corte de músicas do set list inicialmente anotado. Teve discussão pra saber o que tocar, se para pra ajustar o som ou se segue em frente mesmo assim. Tudo isso em cerca de 50 minutinhos que o Satanic Surfers teve para fazer uma bela limonada de limões azedos pra dedéu, em sua estreia no Rio. O show aconteceu dentro da “We Are One Tour”, que correu o Brasil e teve o desfecho no último domingo (12/3), em um Circo Voador lotado, com o Millencolin como atração de fundo (veja como foi).

De longe a banda mais pesada e agressiva da noite, o SS se valeu dessas características para se safar, dando razão, no fim das contas, para o guitarrista Magnus Blixtberg, que era quem, em sueco ou inglês carregado de sotaque, dizia o tempo todo para que todos seguissem em frente e que se dane. Foi o que o quarteto fez e foi o que funcionou que é uma beleza. Sobretudo para a turba que abria rodas e se estapeava na frente do palco, muitos – diga-se – reconhecendo e acompanhando as músicas da banda, a despeito de a grande maioria estar ali pelo Millencolin mesmo, como se provou mais tarde. Com o baterista mão pesada Rodrigo Alfaro, que também canta(!) impingindo uma velocidade abissal, o grupo mandou 14 petardos sem dar muito tempo de descanso ao público sedento por esporro.

Satanic Surfers em ação: o guitarrista Max Huddén, o baixista Andy Dahlström e Alfaro no fundo

Satanic Surfers em ação: o guitarrista Max Huddén, o baixista Andy Dahlström e Alfaro no fundo

Para quem não se tocou, o grupo sueco, ícone do hardcore noventista, voltou à ativa em 2014 e de lá pra cá lançou apenas um disco, o sugestivo “Back rom Hell”, de 2018, e dele mandaram três faixas. Destaques para a velocidade de “Catch My Breath” e para “Going Nowhere Fast”, na verdade um clássico da era de ouro da banda regravado para esse disco. Mas o bojo do show fica mesmo com as nada mais nada menos que nove músicas do álbum “Hero Of Our Time”, de 1996, de longe o mais representativo deles. Um verdadeiro deleite, em uma noite fadada a recordações, ver, ao vivo, números como “Head Under Water”, em um encerramento apoteótico com o público pedindo mais um; a própria “Hero Of Our Time”, logo no início, com boa adesão da plateia; e “…And the Cheese Fell Down”, porrada das boas. Que a animação do público convença a banda a voltar para tocar em melhores condições.

Grande surpresa da noite, o Makewar, de Nova York ( com integrantes da Colômbia e da Venezuela), é a banda com o som mais contemporâneo, por assim, dizer, já que, se traz a herança do hardcore noventista, incute um rock pesado e com instrumental bem trabalhado em boa parte das músicas. É quase um power trio do hardcore, em que os três integrantes tocam muito e cantam. Deixaram uma boa impressão para um público contemplativo. Já o Lunar Society Club foi o que mais sofreu com o som alto demais e mal equalizado, talvez até pelo fato de o Circo ainda estar bem vazio, mais cedo. Mal dava para sacar se o vocalista cantava em inglês ou português. O som da banda é uma espécie de bailão noventista, com várias referências a segmentos da época, o que até faz sentido em um festival como esse. Mas merece outra oportunidade com um melhor ajuste do equipamento.

O guitarrista colombiano Jose, do Makewar: grande surpresa da noite de domingo no Circo Voador

O guitarrista colombiano Jose, do Makewar: grande surpresa da noite de domingo no Circo Voador

Set list completo Satanic Surfers

1- The Usurper
2- Egocentric
3-Hero of Our Time
4- Before It’s Too Late
5- The Treaty and the Bridge
6- Catch My Breath
7- Wishing You Were Here
8- Puppet
9- Armless Skater
10- Going Nowhere Fast
11- Got to Throw Up
12- Better Off Today
13- …And the Cheese Fell Down
14- Head Under Water

Tags desse texto:

Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Leonardo Costa em abril 12, 2023 às 22:43
    #1

    Hoje faz 1 mês desse showzaço que esperei por anos e finalmente pude ver no Circo. Histórico!

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado