Tarefa executada
Interpol se vira como pode e, com sucessos de trincheira, agrada ao público que chegou cedo na abertura para o Arctic Monkeys, no Rio. Fotos: Daniel Croce.
Porque, embora pertencentes ao mesmo universo indie, e tendo origens quase que na mesma época – o Interpol um pouco antes, é verdade, mas todo mundo é do novo rock dos anos 00 -, há um largo abismo entre ambas. Daí a expectativa pelo comportamento na abertura, ainda mais em se tratando de uma banda conectada com todas as forças no pós-punk britânico, a ponto de ser apontada – e com razão - como reles decalque do seminal Joy Division. Em comum com os Monkeys – e ainda tem mais essa – um novo álbum também lento, preguiçoso e desanimado, até mesmo para quem trafega de cabeça baixa desde sempre nesse mundão oitentista-zerozerista sem limites.
Não parece ser assim, contudo, quando os primeiros acordes de “Toni”, que abre o tal álbum, “The Other Side of Make-Believe”, iniciam os trabalhos de um modo até contagiante, reforçando que é de longe a mais interessante. O bom refrão da canção trata de logo conquistar os incrédulos. Mas o que chama a atenção, a despeito dos climas e da atmosfera enfumaçada e escura que sempre habitam o universo do grupo, são os inéditos (será?) calça e boné (!?) brancos trajados justamente pelo vocalista e guitarrista Paul Banks, enquanto o trio + os dois músicos de apoio mantêm o fardamento que se espera. Olhos fechados e a voz característica de Banks está ali, incólume: soturna, seca, triste, dramática, tocando a alma dos desalmados. Puro Interpol.Outras duas do disco novo apresentadas no set são a tristonha “Fables”, que impulsiona um insuspeito acendimento de lanternas de celular pela Arena ainda vaziaça, e “Passenger”, delicada que só ela, mas elas acabam só compondo o elenco. Porque o show cresce mesmo é com as mais conhecidas, espécie de hits de nicho para iniciados, aquelas em que o a maior parte do público vê como familiar. São elas a doída, mas bonita e reconhecível mesmo assim “Rest My Chemistry”; a já citada “Obstacle 1”, agradável e aplaudida para além da performance do batera Sam Fogarino; e o desfecho com o hit “PDA”, de refrão fácil cantado por todo mundo, junto com palmas no ritmo da música. Em cerca de 45 minutinhos, foi o que deu pra fazer.
Set list Completo:1- Toni
2- Evil
3- Fables
4- C’mere
5- Pioneer To The Falls
6- Narc
7- Passenger
8- Rest My Chemistry
9- Obstacle 1
10- PDA
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