O Homem Baile

Tarefa executada

Interpol se vira como pode e, com sucessos de trincheira, agrada ao público que chegou cedo na abertura para o Arctic Monkeys, no Rio. Fotos: Daniel Croce.

Líder do Interpol, Paul Banks, com boné e calça brancos, quebra o clima firmado pela banda

Líder do Interpol, Paul Banks, com boné e calça brancos, quebra o clima firmado pela banda

A bateria meio que invertida ou mesmo parecendo fora do andamento ou do ritmo chamaria a atenção do incauto que ouvisse a música sendo tocada ao vivo pela primeira vez. Não no caso dos fãs dedicados da banda de fundo, muito menos dos que chegaram cedo lá nos cafundós do Judas para ver a abertura de uma noite das mais animadas. E muito menos já no trecho derradeiro do show, quando, tradicionalmente, são tocados os números mais conhecidos, pois, como se sabe, em um show de rock a última impressão é a que fica. Por isso é possível se admirar com o acabamento gracioso de “Obstacle 1”, do Interpol, nesta sexta (4/11), no Jeunesse Arena, no Rio, antes que o povão se acabe com os sucessos do Arctic Monkeys, a tal banda de fundo (veja como foi).

Porque, embora pertencentes ao mesmo universo indie, e tendo origens quase que na mesma época – o Interpol um pouco antes, é verdade, mas todo mundo é do novo rock dos anos 00 -, há um largo abismo entre ambas. Daí a expectativa pelo comportamento na abertura, ainda mais em se tratando de uma banda conectada com todas as forças no pós-punk britânico, a ponto de ser apontada – e com razão - como reles decalque do seminal Joy Division. Em comum com os Monkeys – e ainda tem mais essa – um novo álbum também lento, preguiçoso e desanimado, até mesmo para quem trafega de cabeça baixa desde sempre nesse mundão oitentista-zerozerista sem limites.

O guitarrista do Interpol, Daniel Kessler, segue firme na manutenção do pós-punk britânico

O guitarrista do Interpol, Daniel Kessler, segue firme na manutenção do pós-punk britânico

Não parece ser assim, contudo, quando os primeiros acordes de “Toni”, que abre o tal álbum, “The Other Side of Make-Believe”, iniciam os trabalhos de um modo até contagiante, reforçando que é de longe a mais interessante. O bom refrão da canção trata de logo conquistar os incrédulos. Mas o que chama a atenção, a despeito dos climas e da atmosfera enfumaçada e escura que sempre habitam o universo do grupo, são os inéditos (será?) calça e boné (!?) brancos trajados justamente pelo vocalista e guitarrista Paul Banks, enquanto o trio + os dois músicos de apoio mantêm o fardamento que se espera. Olhos fechados e a voz característica de Banks está ali, incólume: soturna, seca, triste, dramática, tocando a alma dos desalmados. Puro Interpol.

Outras duas do disco novo apresentadas no set são a tristonha “Fables”, que impulsiona um insuspeito acendimento de lanternas de celular pela Arena ainda vaziaça, e “Passenger”, delicada que só ela, mas elas acabam só compondo o elenco. Porque o show cresce mesmo é com as mais conhecidas, espécie de hits de nicho para iniciados, aquelas em que o a maior parte do público vê como familiar. São elas a doída, mas bonita e reconhecível mesmo assim “Rest My Chemistry”; a já citada “Obstacle 1”, agradável e aplaudida para além da performance do batera Sam Fogarino; e o desfecho com o hit “PDA”, de refrão fácil cantado por todo mundo, junto com palmas no ritmo da música. Em cerca de 45 minutinhos, foi o que deu pra fazer.

A virada invertida do batera Sam Fogarino faz a diferença no show de abertura para o Arctic Monkeys

A virada invertida do batera Sam Fogarino faz a diferença no show de abertura para o Arctic Monkeys

Set list Completo:

1- Toni
2- Evil
3- Fables
4- C’mere
5- Pioneer To The Falls
6- Narc
7- Passenger
8- Rest My Chemistry
9- Obstacle 1
10- PDA

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