Home DestaqueO Homem Baile

A voz do Oasis

Em show repleto de clássicos, Liam Gallagher revive bons tempos da banda que lhe consagrou. Foto: Gustavo Maiato.

liamgallagher22-1O público anseia, deseja e quer porque quer os clássicos da banda de sucesso que consagrou mundialmente o vocalista que agora desbrava boa carreira solo, e ele – o público - será atendido. Mas chama a atenção a forte cantoria em uma das músicas dessa nova fase, e em outra, da banda de origem, que não chega a ser um sucesso tão grande quanto outras ali. Sinal de que, de um modo ou de outro, os fãs, das antigas ou não, estão atentos para o que Liam Gallagher vem fazendo – e vale mesmo à pena -, a julgar pela turba que enche o Qualistage, no Rio, na noite desta quarta (16/11). E cantam a plenos pulmões em “Once”, um dos hits dele, e em “Slide Away”, a tal do Oasis que não é tão grande quanto outros petados incluídos no set, dando a ideia de como rolou bem a interatividade entre público e banda.

Em tese o show é da turnê do álbum “C’mon You Know”, novinho, lançado em maio, mas as 10 músicas do Oasis (de um total de 17 tocadas) roubam a cena, e quase convertem a noite em um daqueles momentos saudosistas do classic rock; quem diria! O que, de certa forma, traça um padrão entre artistas de grandes bandas que, ao fim delas, partem para a carreira solo: a) Deixam os clássicos para trás e investem pesado no material novo, numa prova de capacidade de renovação; b) Vão mesclando as duas coisas, ao mostrar certo amadurecimento; e c) Chutem o balde e partem para aquilo que os fãs preguiçosos querem: os grandes hits da banda de origem. O que, por assim dizer, soa como uma sinalização para uma reunião, coisa trabalhosa de se promover em se tratando dos brigões e falastrões irmãos Gallagher.

A bem da verdade, incluir quatro músicas do disco que resulta na turnê é mais ou menos o normal e todas elas são bem aceitas pelo público e cantadas até, ao menos nos refrães. É o que acontece em “More Power”, primeiro single do disco novo, música tensa, mas colante mesmo assim, que recebe um animado acompanhamento de palmas. Ou na também boa “Everything’s Electric”, cujo refrão é ecoado no meio do povaréu e tem ainda como plus a exibição de slide guitar do cascudo Jay Mehler, cujo currículo consta passagens pelo Kasabian e pelo Beady Eye, banda do Liam pós Oasis. Além dele, a banda enche o palco com músicos rodados pelos estúdios e palcos britânicos, incluindo mais dois guitarristas e duas cantoras de apoio que dividem com o público a tarefa de ajudar a sustentar os – ainda bons, diga-se – vocais de Liam.

Com essa turma toda a paisagem do palco é enriquecida por um super telão que exibe imagens ao vivo do show, incluindo closes da plateia, empolgadíssima e participativa - repita-se -, e, no início, exageradas mensagens auto elogiosas do marrento Liam. Que mantém o semblante fechado mesmo quando agradece ou dedica “Wonderwall”, no desfecho do show, ao “melhor jogador de futebol desse país, Zico!”. A noite, aliás, tem uma atmosfera futebolística, a começar pela bandeira do clube de coração dos Gallagher, o Manchester City, no palco, cujas inscrições estão ainda no teclado e na bateria. O que se reflete no público, com muitos fãs com bandeiras e camisas do clube britânico como se fosse o de coração.

E torcida quando o jogo é ganho todos já sabem como é: cantoria e felicidade do princípio ao fim. Mesmo porque a abertura não tem single novo nem esquenta, Liam já entra com a dobradinha “Morning Glory” e “Rock ‘n’ Roll Star”, com todo mundo gritando gol, ops… cantando junto. Num olhar mais clínico, contudo, não teve nada do Beady Eye – e precisava? -; quase nada dos outros dois bons discos de Liam (“As You Were”, de 17, e “Why Me? Why Not”, de 19); e há omissões como a da lamuriosa “Don’t Look Back In Anger”. Mas como se queixar de um show em que brilham mesmo as menos conhecidas, e que tem clássicos como “Stand by Me”, “Supersonic” e “Champagne Supernova”? É que lhe dá a pecha de clássico desde já. E a turma do time do brother Noel pode até torcer o nariz, mas Liam é que é a voz do Oasis e ponto final.

Set list completo

1- Morning Glory
2- Rock ‘n’ Roll Star
3- Wall of Glass
4- Everything’s Electric
5- Stand by Me
6- Roll It Over
7- Slide Away
8- C’mon You Know
9- More Power
10- Diamond in the Dark
11- The River
12- Once
13- Some Might Say
12- Supersonic
15- Wonderwall
Bis
16- Live Forever
17- Champagne Supernova

Tags desse texto: ,

Comentário

Seja o primeiro a comentar!

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado