Adocicado
Mesmo desconhecido pelo público, metal fanfarrão do Beast In Black agrada na abertura para o Nightwish, no Rio. Fotos: Daniel Croce.
Mas – alto lá -, teclados onde, se não tem um tecladista no palco tocando o instrumento? É justamente isso o intrigante, porque os sons sintetizados estão lá explodindo nos ouvidos da plateia, venham eles das guitarras, da bateria (são duas, no mínimo), de gravações inseridas no compasso de cada música, ou saiba-se lá de onde. O que torna o show pouco orgânico, por assim dizer, e que muitas das vezes subtrai aquilo que o heavy metal tem de melhor: as guitarras em decibéis altos e agressivos aos ouvidos. A música símbolo para se entender esse procedimento aparece quase no final do show. É “One Night in Tokyo”, que, em substituição a um solo de guitarra, tira dos lugares mais obscuros evoluções instrumento-eletrônico-sintéticas de fazer inveja à chamada música de laptop desses tempos tão estranhos.
Só que a composição, como a maior parte das músicas da banda, diga-se, é ótima, e o público, que em princípio pouco conhece o Beast In Black, a julgar pela falta de agitação e de cantoria, reconhece e dispara aplausos efusivos ao final de cada número. O que se nota também pelo esforço do vocalista Yannis Papadopoulos em impingir mais eloquência no início de cada refrão (em “Die By the Blade” isso é flagrante), sem a correspondente resposta do público que, contudo, demonstra-lhe apreço entre uma música e outra. Outras músicas que se destacam no show são “No Surrender” com riffs metálicos aparentemente à vera; “Sweet True Lies”, açucarada ao extremo, do começo à capela às guitarras – aí, sim! – solando e marcando o tempo todo; “Moonlight Rendezvouz”, em um flerte com a cafonice; e a sintetizadaça “From Hell With Love”, recuperada por um belo solo do guitarrista Kasperi Heikkinen.Em quase todas ele, Papadopoulos, Anton Kabanen (o outro guitarrista e dono da banda) e o baixista Máté Molnár vão para a beirada do palco em coreografia ensaiada – e isso é lindo, mas enjoa -, enquanto o batera Atte Palokangas, escorado por baterias pré-gravadas, ressalte-se, não se cansa de jogar baqueta pro alto enquanto toca. As músicas saem dos três discos lançados nos sete anos de existência, sendo que o segundo, “From Hell with Love”, de 2019, cede cinco faixas das 12 do repertório. Os outros são “Berserker” (2017) e “Dark Connection”, que saiu no ano passado, e cuja capa (uma garota de cabelo rosa e óculos escuros) serve como tela de fundo para o show. No fim das contas, deixa uma boa impressão o Beast In Black, sobretudo para os fãs de Nightwish.
Set list completo:1- Blade Runner
2- From Hell With Love
3- Beast in Black
4- Born Again
5- Cry Out For a Hero
6- Moonlight Rendezvouz
7- Sweet True Lies
8- No Surrender
9- Die By the Blade
10- One Night in Tokyo
11- Blind and Frozen
12- End Of The World
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