O Homem Baile

Na encruzilhada

Post hardcore do Alexisonfire aponta para o rock em show repleto de clássicos no Rio. Fotos: Daniel Croce

O vocalista do Alexisonfire, George Pettit: boa peformance com a ajuda dos dois guitarristas

O vocalista do Alexisonfire, George Pettit: boa peformance com a ajuda dos dois guitarristas

“Nós somos o som, então cantem juto com a gente! Nós somos o som!”, brada o vocalista em cima do palco, no que é correspondido por uma plateia das mais participativas e que realmente canta tudo, além de se debater em rodas de pogo no meio do salão. O som que eles são é calcado no post hardcore que perpetua esse comportamento lindo, mas é também cada vez mais rock, por assim dizer, e tem lá suas peculiaridades em outra das bandas que, a bem da verdade, nunca pensou “dentro da casinha”. É esse um dos pontos altos do show do Alexisonfire nesta quarta (23/3), no Vivo Rio, no Rio, abrindo para o A Day to Remember (veja como foi). Os shows antecipam a participação das duas bandas no Lollapalooza, que acontece nesse final de semana, em São Paulo.

A paisagem do palco, contudo, pode causar estranheza, senão vejamos: a) Um vocalista, mas são três que cantam; b) Dois guitarristas que, no fundo, no fundo, mal somam um, mas funcionam; c) Um baixista amalucado com os olhos esbugalhados que parece sempre estar tocando outra música; e d) Um tecladista escondidinho lá atrás de onde só se identifica alguns efeitos pré-gravados. Detalhes que seguramente não passam pela cabeça da turba que explode cantando e saltando já nos primeiros segundos de “Drunks, Lovers, Sinners and Saints”, que abre a noite no gás, de atração física e em uma cantoria de dar gosto. A postura agressiva de todos na banda ajuda, mas é a força das músicas - quase tudo clássico -, tocadas em uma turnê de retorno que vem rolando desde 2015, o que arrebata pra valer.

O guitarrista do Alexisonfire, Dallas Green, que se desdobra em ótimas vocalizações

O guitarrista do Alexisonfire, Dallas Green, que se desdobra em ótimas vocalizações

George Pettit, agora na versão longas madeixas, é o vocalista principal, e conta com substancial ajuda de Wade MacNeil e Dallas Green, sobretudo este último, que é o que canta melhor, ambos guitarristas. A performance vocal faz o trio ir além da dicotomia vocais rasgados versus vocais limpos, com outras nuances, e é um dos grandes diferenciais do Alexisonfire. Que o diga músicas como “Boiled Frogs”, um dos petardos iniciais, e “The Northern”, mais lenta e arrastada, em um set nervoso na maior parte do tempo. A exceção entre as músicas conhecidas é “Sweet Dreams of Otherness”, que estreou no Lolla Chile essa semana, e parece ser a mais “diferentona”. Pode ser uma boa amostra do novo álbum, “Otherness”, a ser lançado, segundo consta, ainda esse ano.

“We Are The Sound” é a tal música citada lá em cima, uma das que o grupo se vê representado pela cantoria do público. Mas há outras, como “This Could Be Anywhere”, na parte final, com belos riffs; “Dog’s Blood”, que por muito pouco não impulsiona espécie de micareta post hardcore; ou a sabbathica “Familiar Drugs”, em que realça outro vetor importante das referências do Alexisonfire, o heavv metal em todas as suas ramificações. No desfecho, com “Young Cardinals”, as luzes acesas mostram o público se acabando pra valer, e as vozes dessa vez quase à capela fazem dueto com as guitarras em sintonia e duelando ao mesmo tempo. Uma trilha pra fazer pensar no disco de inéditas que vem por aí, o primeiro desde que a banda voltou. Que eles venham pra mostrar esse material.

Os olhos esbugalhados do amalucado baixista Chris Steele, que parece tocar outra música

Os olhos esbugalhados do amalucado baixista Chris Steele, que parece tocar outra música

Set list completo

1- Drunks, Lovers, Sinners and Saints
2- Boiled Frogs
3- Old Crows
4- .44 Caliber Love Letter
5- Rough Hands
6- Sweet Dreams of Otherness
7- We Are the Sound
8- Crises
9- The Northern
10- Familiar Drugs
11- Pulmonary Archery
12- Accidents
13- Dog’s Blood
14- This Could Be Anywhere
15- Young Cardinals

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