O Homem Baile

Aclamado

Na abertura para o Ratos de Porão, Krisiun vê plateia numerosa com interação inédita no Circo Voador; antes, discurso afiado do Pavio também agrada. Foto: Rom Jom.

krisiun22-1Show do Krisiun com o público agitando no Rio não chega a ser uma novidade, mas o que aconteceu na sexta passada (11/3), no Circo Voador, é digno de registro. Primeiro que foi de longe o maior público que a banda já viu na beirada de palco no Rio, impulsionado pelo Ratos de Porão (veja como foi) como atração de fundo. Depois a interação, que jamais deixou de ser intensa, se superou, ainda mais em se tratando de uma banda de metal extremo, cujas músicas, intrincadas, pouco têm, vamos e venhamos, de convidativas. Pois teve “olê, olá, Krisiun, Krisiun”, braços erguidos em coreografia ensaiada, e até um “parabéns pra você” para o baixista Alex Camargo, meio constrangido com a situação: “Sem palavras, sem palavras…” E ainda intensas rodas de pogo, mas isso já é de praxe.

O começo é o do tipo mais que perfeito com “Ominous”, a música cujos fraseados e riffs impõem respeito não só pela força da composição, mas pelo fato de ser em conhecida por todos, um verdadeiro clássico da banda. E que de cara mostra que o recesso pandêmico aparentemente não prejudicou o trio, levando-se em conta que um show do Krisiun é essencialmente atlético, físico. E não só para o batera Max Kolesne; tente acompanhar os dedos de Moyses Kolesne no braço da guitarra sem piscar. Estão todos em forma, como também se comprova em “Scourge of the Enthroned”, a faixa título do álbum mais recente, quando os três parecem competir pra ver quem acelera mais nas partes mais intensas, como se isso fosse possível.

“Blood Of Lions” surge já na parte final como uma das preferidas do público, que canta refrães e vários trechos, no meio da turba rotativa de dínamo sem fim. Refrão cantado também em outra das clássicas “Combustion Inferno”, uma cacetada na moleira conduzida com violência pela caixa de bateria que parece explodir os tímpanos a cada batida. Retirada do segundo álbum da banda, “Apocalyptic Revelation”, de 1998, “Apocalyptic Victory”, nem sempre incluída nos shows, pode levar o troféu cúmulo da música extrema da noite, com o combo perfeito de técnica, velocidade, agressividade, tensão e peso, muito peso. Essa não deu para acompanhar e só restou ao público se estrebuchar em sopapos no meio do salão. Como um show do Krisiun realmente deve ser.

Com um forte discurso antifascista, o Pavio abriu a noite mais cedo para um público ainda esparso que chegava ao Circo, mas bastante participativo. O grupo vai pesado em uma mistura de metal extremo (mais thrash metal) e hardcore, com boa intensidade no palco em músicas tocadas em sequência. Foram três porradas logo de cara em um set generoso para uma banda de abertura. Destaque para músicas como “Pavio”, “O Jogo Vai Virar” e “Manifestos/Reação”. No final, o técnico de som se empolgou e colocou o som no talo, tão alto que nem deu pra sacar se o encerramento foi com “Estado Livre”, mas o convidado Pascoal Mello, vocalista do Cervical, estava lá para a agitação em dobro com Marcelo Prol. Belo desfecho!

Set list completo Krisiun

1- Ominous
2- Ravager
3- Vengeance’s Revelation
4- Vicious Wrath
5- Combustion Inferno
6- Scourge of the Enthroned
7- Demonic III
8- Descending Abomination
9- Apocalyptic Victory
10- Blood of Lions
11- Hatred Inherit

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Leonardo Costa em março 13, 2022 às 16:52
    #1

    Não sou fã do Krisiun e não conhecia a banda direito, apesar de saber a relevância deles para o metal extremo. Conheci como nos velhos tempos: indo ao show e vendo.

    Confesso que surpreendeu positivamente. Não é meu gênero preferido (longe de ser), mas merecem os parabéns. O Moyses é uma máquina de riffs e uma das mãos mais pesadas que já vi.

    Ao contrário dos Cavalera que parecem estar ladeira abaixo, os irmãos Kolesne estão no auge técnico, mostrando que idade não é barreira nem desculpa.

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