Papo reto
Sem blábláblá, Capital Inicial foca na música em ótimo show na abertura da segunda semana do Rock In Rio. Fotos Divulgação Rock In Rio/I Hate Flash: Renan Olivetti (1 e 2) e Ariel Martini (3).
Se bem que foi por pouco. Ao término da apresentação, o vocalista não se conteve e, durante os agradecimentos, com os músicos na beirada do palco, além de cantar um trechinho de “Que País é Esse”, que não entrou no show, iniciou uma infértil falação quando o público se preparava para circular em outras atrações do festival. E deu tempo para que se ouvisse miseravelmente a resposta “É porra do Brasil!” de uma sociedade emburrecida. Mas o desvario foi rara exceção entre sucessos que cobrem as várias encarnações da banda, de onde se destacam, numa visão macro, ao menos duas: a) A banda de rock da geração de ouro de Brasília, que demorou a entrar no mercado fonográfico nos anos 80; e b) A banda que renasceu a partir dos anos 2000, com um disco acústico, e conquistou públicos de novas gerações.
De modo que é uma mescla dessas fases ampliadas o repertório do show que, se tem “Independência” com um surpreendente aceite do público, traz também canções manjadas, mas que não podem ficar de fora como “Fátima”, da primeira parte, e “Natasha”, da segunda. Reforça-se que a banda, além da formação de quarteto completada por pelos irmãos fundadores Flávio Lemos (baixo) e Fê Lemos (bateria) e o guitarrista Yves Passarel, fundamental na segunda fase, tem ainda como músicos de apoio Fabiano Carelli e Robledo Silva, que se revezam em violões e tecados, encorpando mais o som da banda. Como se percebe em músicas como “Veraneio Vascaína”, menos crua que na versão original, e na colante “Quatro Vezes Você”, recebida com um gigante mar de palmas.
Interação que se repete na maior parte do tempo, ainda mais em números consagrados não só pela qualidade musical, mas também – e principalmente – pela repetição radiofônico-midiática. Caso de “Primeiros Erros”, o blockbuster assinado por Kiko Zambianchi que até grito de torcida já virou, em um dos grandes momentos do show. Ou em “Tempo Perdido”, trilha sonora de uma geração inteira, da Legião, que Dinho não vacila em apontar como “a maior banda do rock nacional”. Ou ainda “Fátima”, mezzo Legião mezzo Aborto Elétrico (Renato Russo + Flávio Lemos + Fê Lemos), numa versão mais dura, com poucos teclados e ótima performance de Dinho, para o bem ou para o mal um dos melhores frontman do rock nacional. E o arremate vem em clima de euforia, o que prova a relevância da segunda fase, com “À Sua Maneira”, versão de “De Música Ligera”, da banda argentina Soda Stereo. Show redondinho, sem tirar nem por.Set list completo:
1- Tudo Vai Mudar
2- Depois da Meia-noite
3- Quatro Vezes Você
4- Independência
5- Música Urbana
6- Tudo Que Vai
7- Primeiros Erros
8- Não Olhe Pra Trás
9- Tempo Perdido
10- Fátima
11- Veraneio Vascaína
12- Natasha
13- A Sua Maneira
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