Transição pesada
Apresentação urgente no Rock In Rio fecha ciclo e revela pequena amostra do novo álbum do Sepultura, ‘Quadra’. Fotos: Vinicius Pereira (1, 2 e 3) e Fernando Schlaepfer/I Hate Flash/Divulgação Rock In Rio (4).
De melodia tensa e andamento veloz, “Isolation” parece ter apelo cativante ao guardar um bom refrão, percebível já nessa primeira audição. A música tem destacado solo de Andreas Kisser, e foi tocada logo após outra novidade no set, o cover para “Angel”, do Massive Attack, gravada no EP “Revolusongs”, de 2002, e que não costuma ser incluída nos shows da banda. O grupo também fez uma breve homenagem póstuma ao músico Andre Matos (Viper, Angra, Shaman), “pioneiro e ícone do metal brasileiro”, nas palavras de Andreas, morto em junho, vítima de um fulminante ataque cardíaco. Com a imagem dele exibida no telão, foi tocado um pequeno trecho de “Carry On”, um do grandes sucessos do Angra.
O bojo do show, como é procedimento de um modo geral em grandes festivais, é com músicas que marcaram época na história da banda, que já bate os 35 anos. O que desencadeia precoce e imediata agitação por parte do público que ainda se deslocava do Palco Sunset; o dia foi repleto de problemas de logística, por conta de mudanças de horário e intervalos mínimos entre os show dos dois palcos. De cara, “Arise” e “Territory” aparecem coladinhas uma na outra, com o som no talo e velocidade que parece dobrada, até pela performance sempre entusiasmante do baterista Eloy Casagrande. O trecho mais cadenciado de “Territory” impinge um daqueles momentos em que o artista vê o resultado físico do seu trabalho, e, no caso do Sepultura em grandes festivais pelo mundo, não é de hoje.Em “Attitude”, o vocalista Derrick Green utiliza um tambor colocado à esquerda do palco, para auxiliar no som grooveado de inspiração/influência no nu metal. O público reconhece e solta voz no trecho marcante do verso “Can you take it?”. Green já lidera o grupo há muitos anos e sobrevive muito bem aos eternos questionamentos quanto às mudanças na formação, até com certo domínio da língua portuguesa ao conversar com Andreas e com o público nos breves intervalos. Músicas da fase dele nos vocais, embora minoria em um repertório de highlights, são reconhecidas com o carimbo de clássicas pelo público, caso, nessa tarde, de “Choke”, a estreia dele, de 1998, e a mais recente “Kairos”, recheada de groove e percussão, que mantém a agitação do povaréu.
Do “Machine Messiah” apenas uma música foi tocada, na parte inicial do show, o single “Phantom Self”, um dos emblemas dessa nova fase, cuja intervenção de cordas, feita ao vivo por integrantes da Família Lima, no show de 17, dessa vez aparece pré-gravada. E a parte final tem “Ratamahatta”, gravada com a participação de Carlinhos Brown no álbum “Roots”, que traz memórias das garrafas lançadas nele pelo público em 2001, em um Rock In Rio raiz que já não existe mais. O show acaba como esperado, mas sempre bem, com “Roots Bloody Roots”, a número um do Sepultura em todas as épocas, com o pique de agitação mantido na medida do possível, já que o deslocamento para o show do Anthrax que se anuncia no Palco Sunset se faz necessário.Set list completo:
1- Arise
2- Territory
3- Phantom Self
4- Choke
5- Attitude
6- Inner Self
7- Kairos
8- Carry On + Refuse/Resist
9- Angel
10- Isolation
11- Ratamahatta
12- Roots Bloody Roots
Tags desse texto: Rock In Rio, Sepultura
Não vai ter resenha do show do Slayer? Se não tiver é imperdoável.