O Homem Baile

Mandou bronca

Detonautas despeja um caminhão de sucessos no Rock In Rio, com rara contribuição do Pavilhão 9. Fotos: Vinicius Pereira.

O vocalista do Detonautas, Tico Santa Cruz: muita coisa para dizer entre uma música e outra

O vocalista do Detonautas, Tico Santa Cruz: muita coisa para dizer entre uma música e outra

A tarde vinha bem no Palco Sunset, no último sábado (28/9), quando “Mandando Bronca” começou a ser tocada e a coisa embalou de vez. Ok, o Detonautas já estava no gás, detonando como sugere o nome de batismo, com um bom punhado de hits. O Pavilhão 9, convidado como reza a cartilha do Rock n Rio, também tinha tocado três músicas. Já havia, no palco, uma multidão de músicos de ambas as bandas, e as duas baterias estalavam nos ouvidos do público com força. Público que crescia uma enormidade a cada composição do BRT que descarregava juventude na Cidade do Rock aos borbotões. Mas “Mandando Bronca”, ainda que não tão estourada quanto outras músicas do repertório, foi diferente.

A música, do disco “Cadeia Nacional”, de 1997, chegou a ser sucesso na época em que o Pavilhão tocou no Rock In Rio de 2001 (veja foto), ali do lado, na Cidade do Rock original, e é novidade pra muita gente, considerando que o Pavilhão saiu de cena em 2005 e só retornou há dois anos. Mas música boa é música boa, e, ao ouvi-la, não tem quem não se envolva com todas as forças. Não precisa muito discurso, muita falação, menos ainda ficar mandando público fazer isso, fazer aquilo, ou mesmo condenar iniciativas da própria plateia. Embora bem-intencionado e com mensagens importantes para passar, o vocalista do Detonautas, Tico Santa Cruz, falou tanto que se enrolou e acabou pedindo o contrário do que queria; deve ter aprendido mais essa. Porque o que aconteceu por conta da música em si, só o rock e a força que lhe é intrínseca pode explicar.

Pavilhão 9 na área, mandando bronca com a indumentária que lhe é peculiar no Rock In Rio

Pavilhão 9 na área, mandando bronca com a indumentária que lhe é peculiar no Rock In Rio

A versão de “Killing in the Name” – ok, cover do RATM – tocada em seguida, ainda com as duas bandas juntas, distribuiu a formação de rodas de dança sem fim nos arredores do Palco Sunset e além, com efusiva participação de quem chegou cedo, quem vinha chegando, quem passava por ali, enfim todo mudo mesmo. Para completar a apresentação, já sem o Pavilhão no palco, o Detonautas saca dois de seus grandes sucessos de onde parecia não haver mais, e mantém a animação: “Só Por Hoje” e “Outro Lugar”, talvez o maior deles. Curioso como as músicas são de 15 anos para trás, mas boa parte do público, enquanto se estapeia, canta cada verso sem parar, o que impõe aos músicos a execução do show com ainda mais animação, em um os grandes momentos dessa edição do festival.

Ressalte-se que de um modo geral foi tudo assim desde o início, quando Tico entrou no palco à Rob Halford, do Judas Priest, só que guiando uma moto chopper elétrica, sinal de novas eras. O tempo passou e o Detonautas dentro ou fora de grandes gravadoras e seus esquemas de imposição de sucessos seguiu em frente, incluindo perda de integrantes, se reinventando, como disse o curador do Sunset, Zé Ricardo, ao apresentar o show das bandas. Só que nunca parou de tocar por esse Brasilzão e o resultado é a resposta de um público que, segundo estimativa dos produtores, é 60% de fora do Rio. Por isso a agitação é ampla desde o início, em músicas como “O Amanhã”, uma das mais ovacionadas, e até “Ilumina o Mundo”, única nova da tarde.

Mais Detonautas: o guitarrista Renato Rocha e o DJ Cléston fazendo as bases no fundo do palco

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A música, gravada em parceria com rapper Pelé MilFlows, foi lançada esse ano e chama a atenção para o alto número de suicídios no Brasil, numa parceria com o CVV – Centro de Valorização da Vida, cujo número, 188, é exibido no telão. Pois o único senão do show acabou sendo justamente a ausência de músicas mais recentes no repertório, da fase dos álbuns lançados fora das grandes gravadoras. Muito embora seja comum que bandas, mesmo experientes como o Detonautas, adotem esse procedimento na expectativa de ter que fazer o público agitar o tempo todo em um festival do tamanho e com a enorme repercussão do Rock In Rio. O que de fato, acabou acontecendo, e com sobras. Muitas sobras.

Set list completo:

1- Mercador das Almas
2- Quando o Sol se For
3- O Amanhã
4- Você Me Faz Tão Bem
5- Ilumina o Mundo
6- Olhos Certos
7- Trilha do Futuro
8- Sigo Com Calma
9- Mandando Bronca
10- Killing in the Name
11- Só Por Hoje
12- Outro Lugar

O sorridente baterista do Detonautas, Fabio Brasil, um dos remanescentes da formação original

O sorridente baterista do Detonautas, Fabio Brasil, um dos remanescentes da formação original

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