O Homem Baile

Fraco

Mesmo sem pegada, show do Seal no Rock In Rio mantém público sob chuva no encerramento da primeira noite do Palco Sunset; participação de Xênia França é discreta. Fotos: Vinicius Pereira (1 e 2) e Diego Padilha/I Hate Flash/Divulgação Rock In Rio (3).

Seal com o protagonismo do seu show, cujo repertório é de ampla aceitação por arte do público

Seal com o protagonismo do seu show, cujo repertório é de ampla aceitação por arte do público

O show já tinha passado da hora de acabar, o que é fatal na concatenação da grade de horários de um festival, a ponto de a atração do outro palco, o principal, ter iniciado os trabalhos. Mesmo assim, o cantor britânico – figura carimbada no Brasil e nesse mesmo festival – decidiu continuar com a última música, justamente um dos grandes ícones do rock e da música pop como um todo, e talvez, por assim dizer, superior a tudo o que ele já tinha tocada no seu próprio show. Não teria colado muito com o público, mas mesmo assim, o refrão/título torto de “Rebel Rebel”, de David Bowie, foi acompanhado por quase todo mundo, ao menos até o som do PA ter sido cortado; ou teria caído? É assim que Seal termina de cantar o restinho as música e sai do Palco Sunset do Rock In Rio, na noite de estreia da edição desse ano do festival, nesta sexta (27/9), sob aplausos.

E sob uma chuva que caiu durante toda a primeira metade do show e também no arremate, e sem que o bom público que encheu os arredores do palco batesse em retirada. Não que a performance dele fosse lá empolgante, muito ao contrário. Seal parece ter o dom de, sobre o palco, subtrair a pegada que suas músicas têm nas gravações de estúdio, exatamente o contrário do que costuma acontecer para que um show mereça elogios desse ou daquele espectador. E não que essas gravações sejam lá dotadas de alguma pegada diferenciada, mas, depois de tocarem anos nas FMs da vida, têm íntima relação com o público que as reconhece e vibra mesmo assim. Casos explicitamente de “Kiss From a Rose” (ouça versão melhor aqui) e “Crazy”, deixadas estrategicamente para o final.

Ademais, a banda que o acompanha se mantém musicalmente acovardada e reside em penumbra na parte de trás do palco, de modo que Seal tenha de um modo ou de outro o protagonismo total em seu show. Ajuda suas nada menos que três descidas para cantar junto com o público, no vão entre o palco e a grade. E o curioso é que funciona desse jeito, ainda que exista um revezamento de instrumentos e seja possível apontar essa ou aquela canção mais ritmada – “AIKIN (All I Know Is Now)”, logo a primeira -, ou menos monótona, caso de “Prayer For de Dying”, com o próprio cantor se virando na guitarra. De novidade no repertório, a “Person in the Mirror”, que vem sendo tocada nos shows desse ano, apresentada como uma nova composição e, ao que parece, não lançada oficialmente, mas que não acrescenta absolutamente nada ao chamado conjunto da obra.

Em três músicas Seal desce no vão entre a grade e o palco para cantar jundo com os fãs

Em três músicas Seal desce no vão entre a grade e o palco para cantar jundo com os fãs

A participação da cantora brasileira Xênia França – é um exigência do Palco Sunset do Rock In Rio esse procedimento – é das melhores, embora curtíssima, com apenas duas músicas. Uma dela é o cover para “Higher Ground”, de Stevie Wonder, mas que ficou muito conhecida pela versão do Red Hot Chili Peppers, na década de 1990. Aqui a música ganha contornos de pop reggae e se destaca não só pelo dueto, mas por fugir do lugar comum do repertório do próprio Seal. A outra música com a dupla é “Future Love Paradise”, que têm um bom diálogo entre ambos, quase como um duelo realçado pelo abaixar de volume dos instrumentos dos outros músicos, em um desfecho de um encontro que parece só ter rolado por força das regras do festival mesmo.

Set list completo:

1- AIKIN (All I Know Is Now)
2- Killer
3- Person in the Mirror
4- Fast Changes
5- Whirlpool
6- Prayer for the Dying
7- Love’s Divine
8- Higher Ground
9- Future Love Paradise
10- Kiss From a Rose
11- Crazy
Bis
12- Rebel Rebel

O dueto de Seal com a cantora brasileira Xênia França, que teve boa, mas discreta participação

O dueto de Seal com a cantora brasileira Xênia França, que teve boa, mas discreta participação

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