Dividia entre a carreira solo e o trabalho à frente do Chastain, a cantora Leather Leone fez uma boa apresentação neste domingo (16/6), no Rock Experience, no Rio, como show de abertura para o Raven (veja como foi). Com uma banda formada por músicos brasileiros, e mesmo com a entrada de última hora, segundo consta, do baterista Marcus Dotta, o entrosamento garantiu ótimas interpretações e muita diversão, por parte da banda e também entre o público, nem tão grande assim, mas bastante participativo. Ao todo, foram 11 músicas em cerca de uma hora de show, depois da abertura da banda local Melyra, composta somente por mulheres.

No começo, não parecia que seria assim. Porque a esguia vocalista se esgoelava no palco para ser ouvida, mas estava difícil. Ou o microfone não funcionava, ou os instrumentos, mais altos, abafavam sua voz, ou as duas coisas ao mesmo tempo. A batalha durou mais ou menos até a terceira música, quando tudo se ajustou, de modo que só na boa “We Bleed Metal” o show começou pra valer. A música é faixa-título do álbum do Chastain lançado em 2015, o segundo depois do retorno, e o público participa bastante, não só as que conhecem, mas pelo poder de conquista da canção em si, cantando o título/refrão repetidas vezes, em deliciosa ode ao heavy metal.

A maior parte das músicas – o que é de se esperar – é da careira solo de Leather, que tem dois álbuns, “Shock Waves”, lançado lá atrás, em 1989, e “II”, que saiu no ano passado. É com “Juggernaut”, a música que abre esse trabalho mais recente, que o show começa e logo já se vê como os guitarristas Kiko Shred e Vinnie Tex são ariscos e duelam em belos solos, uns sobre os outros, enriquecendo o já potente som. Acontece nesse início matador – fora o microfone tudo ia bem – e em músicas como “For Those Who Dare”, outra do Chastain, com uma sequência debulhadora de guitarra, e ainda em “Shock Waves”, essa com o plus de uma coreografia ensaiada que conta também com o baixista Thiago Velasquez.

Umas das melhores partes do show, contudo, bem no meio, é com a bela “Angel Of Mercy”, um clássico do Chastain e da era de ouro do metal. Cadenciada e pesada - muito mais pesada que na época em que foi gravada, ainda mais ao vivo -, trata-se de uma baladaça com belos crescentes instrumentais em que os guitarristas se revezam outra vez em grandes solos e evoluções. O desfecho da apresentação vem com “Voice of The Cult”, uma canção das boas, cujo refrão é absorvido facilmente pela plateia, assistindo à outra boa exibição da banda, que realça – de novo - o carisma e a presença de palco de Leather Leone.

A esguia compleição física de Leone só se compara a da jovem baterista da Melyra, Drika Martins, que chamou a atenção pela potência e precocidade. O grupo, influenciado pelo metal clássico dos anos 80, mas com palhetadas thrash aqui e acolá, fez um bom show na abertura da noite. Músicas como “Fantasy”, um belo exemplo dessa fusão e com sotaque mais pop, sem perder o peso, e a ótima “Catch Me If You Can”, com bom refrão, são as melhores do show. O senão é o artifício das meninas de citar clássicos do metal (Judas, Metallica, Iron Maiden, etc) no meio das músicas. Pode até ser divertido para público, mas também resultar em um tiro no pé para quem quer se firmar com um trabalho próprio. Que a banda tem espaço pra crescer, isso tem.

Set list completo Leather:

1- Juggernaut
2- Outsider
3- Lost At Midnite
4- We Bleed Metal
5- Black Smoke
6- Angel of Mercy
7- Hidden In The Dark
8- Let Me Kneel
9- For Those Who Dare
10- Shock Waves
11- Voice of the Cult

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