Energia que dá gosto
Com performance de palco marcante, irmãos Gallagher revivem o pioneirismo do Raven no heavy metal oitentista. Fotos: Luciana Pires.
Nada que intimide uma banda que, com 45 anos(!) de estrada, que não se cansa de tocar em grandes festivais europeus, e tem no currículo uma turnê pelos Estados Unidos com o Metallica como show de abertura, lá pelos idos de 1983 - detalhes aqui. Com um microfone daqueles acoplados ao rosto, o baixista e vocalista John Gallagher se destaca pela impressionante forma vocal, mandando notas mais altas e aqueles agudos infernais com facilidade, e também por ser um comunicador nato, fazendo com que o público participe o tempo todo, e não só pelos rol de clássicos apresentados. Do outro lado, o amalucado guitarrista Mark Gallagher vive de caras e bocas ao tocar, com inacreditável – repita-se - animação.
Uma vez no palco, o negócio é detonar um repertório clássico que já começa com “Take Control”, com riff destacado, de modo que não há dúvidas de que a noite vai render. A música é emendada em “Destroy All Monsters”, uma pedrada de refrão colante que causa grande impacto, com a qualidade do som surpreendentemente melhor do que o encontrado pelas bandas que tocaram antes, Leather e a local Melyra; resenha aqui. A resposta do público é imediata, e a precisão do concentrado baterista Mike Heller (Fear Factory) compõe certinho o cenário que o Raven precisa. Ele substitui Joe Hasselvander, da formação clássica, que está afastado desde 2017, quando sofreu um ataque cardíaco. Em “All For One”, ainda na primeira parte, outro grande momento de interação púbico e banda, à custa de mais um refrão chicletudo.“Estamos aqui por apenas uma razão, e não é ficar olhando para telefones”, manda John em uma das falas, incomodado com o uso dos aparelhos emburrecedores. “É pelo heavy metal”, repete em várias partes da noite. As músicas, de um modo geral, são sempre alongadas com evoluções instrumentais que enriquecem o repertório. O que inclui um solo do guitarrista Mark Gallagher, com citações a riffs clássicos do rock e do metal e alguma música erudita, e do brother John, que manda um trecho de “Garota de Ipanema” no baixo cheio de distorção, tocado como se guitarra fosse. E ainda, já perto do final, no meio de “Break the Chain”, um medley cover, por assim dizer, com trechos de “It’s a Long Way to the Top (If You Wanna Rock’n’roll)”, do AC/DC, e “Hell Bent Fot Leather”, do Judas Priest, entre outras.
O grupo, contudo, que nunca parou, mesmo sob uma carreira de altos e baixos, incluindo um acidente automobilístico que quase tirou Mark Gallagher de cena, está preparando o lançamento de um álbum ao vivo e outro com músicas inéditas. Uma prova desse trabalho é “Top Of The Mountain”, apresentada pela primeira vez nessa turnê, que tem uma abordagem “das antigas” e a marca registrada do Raven que agrada ao público. Mas a horda de fãs enlouquece mesmo é com músicas do naipe de “On and On”, que, súbito, desencadeia aquele cantarolar contagiante; “Faster Than The Speed of Light”, uma sequência imoral de pauladas na moleira; e “Rock Until You Drop”, com todo mundo cantando o verso/título/refrão. Que acanhamento, que nada.Set list completo:
1- Take Control
2- Destroy All Monsters
3- Hell Patrol
4- All for One
5- Hung, Drawn & Quartered
6- Top of the Mountain
7- Rock Until You Drop
8- Solo de guitarra
9- Faster Than The Speed of Light
10- Tank Treads (The Blood Runs Red)
11- Mind Over Metal
12- On and On
13- Solo de baixo
14- Break the Chain
15- Crash Bang Wallop
Tags desse texto: Raven