Quebrou tudo
Inquieto e com formação incomum, The Fever 333 sacode a tarde ensolarada no começo do Lollapalooza. Fotos Divulgação Lollapalooza: Mila Maluhy.
A banda, pela formação incompleta com guitarra + bateria, pode ser chamada de um White Stripes dos quintos dos infernos. Ou, por outra, por causa do vocalista de macacão e voz esporrenta, de uma versão reduzida do Slipknot, mas o fato é que no som do The Fever 333 tem metal pesado, hip hop, rap core, efeitos eletrônicos e uma embalagem punk de verdade. O show já começa com Jason em posição de execução na frente do palco, com capuz e tudo, e, durante a apresentação, o vocalista parece possesso em seus movimentos em direção ao público, e chega a arrastar sozinho, com as mãos, o praticável com o baterista tocando em cima, para a frente do palco.
Além do discurso de liberdade de expressão em um governo de extrema direita – os Estados Unidos, claro -, em “Made an America”, Jason defende a liberdade das mulheres nas rodas de dança que não param de se abrir no meio do público, em “One Of Us”, e manda um beat box e toca bateria em uma das caixas de som, em duelo com um solo de bateria, com grade apelo junto ao público. “Made na America” é a faixa-título do EP que marcou a estreia do trio, ano passado, e cede três faixas ao show. “We’re Coming In”, a segunda, já faz o inquieto Jason partir pra dentro do público, mesmo com dificuldade para gritar ante ao volume alto e distorcido da guitarra de Harrison e a mão pesada do atlético Improta, que não raro descamba para uma batida death metal sem piedade, como se tivesse um duplo bumbo em seu kit.Para este ano, em janeiro saiu o primeiro álbum completo, “Strength in Numb333rs”, de onde vem a porrada “Out Of Control”, que ao mesmo tempo se garante com um sotaque pop no refrão. É quando os vocais de Jason Aalon Butler, repleto de efeitos, não escondem uma outra referência, a similaridade com as vocalizações saturadas do Linkin Park, e isso pode ser muito bom. O vocalista não quer nem saber e se apropria da maca de madeira do Corpo de Bombeiros, no fosso entre palco e público, para surfar sobre uma plateia feliz da vida que o sustenta sem o menor problema. A essa altura Stephen Harrison está no PA, lá no meio do público, e Jason se livra do macacão que rasgara aos poucos. Quando menos se espera, Harrison aparece no topo da cobertura do palco, o show é encerrado e a guitarra é lançada lá de cima para se estatelar no asfalto quente de Interlagos. Quem foi tem história pra contar.
Set list completo:1- Burn It
2- We’re Coming In
3- Made an America
4- One of Us
5- Beatbox & Drum Solo
6- The Innocent
7- Coup D’Étalk
8- Out of Control
9- Hunting Season
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