O que deu pra fazer
Sem novidades no Lolla, Kings Of Leon supera desconforto no palco com sucessos do passado; Snow Patrol toca só meia hora depois de alerta de incidência de raios. Fotos Divulgação Lollapalooza: Camila Cara (1,2 e 4) e Thiago Almeida (3).
Não se pode, no entanto, chamar o grupo de one-hit-band por conta disso, mas registre-se que é este não é o seu período mais fértil, incluindo exposição na mídia e outros fatores extra música. Tanto que é o álbum “Only By The Night”, de 2008, que cede sete músicas ao show, combustível usado logo de cara com “Crawl”, na abertura, que nem chega a ser essa coca-cola toda e se serve para um aquecimento que só explode em “Molly’s Chambers”, single do (já?) longínquo álbum de estreia, lançado há mais de 15 anos. É quando o público se entusiasma de verdade na cantoria do refrão e deita e rola no solo de Matthew Followill, dando início a uma noite inspirada do guitarrista, em que pese a simplicidade que a música da banda prega/exige.
O espaço do palco é bem aproveitado, com o telão do fundo utilizado o tempo todo, com imagens e a transmissão do show, sendo que, nessa parte, o uso de grafismo é solução acertada com simplicidade e eficácia. Há integrantes separados por molduras de formatos diversos, dando mobilidade parar uma banda cuja presença de palco nunca foi o forte – os caras não se sentem confortáveis lá -, além de ampliações importantes para quem não está tão perto assim do palco. Luzes direcionadas para o público à meia altura e estrobos também compõe o ótimo visual do palco. Na dobradinha “Over”/“Closer”, associada por uma atmosfera incomum se consideramos o conjunto da obra, a luz é que dá tom, na batida sintética da primeira, e nos teclados cheios de efeitos da segunda, em um momento singular que, de outro lado, não deixa o ritmo se esvair.Outros bons momentos do show são em “Mary”, com comunhão rara ente o pop descartável e a distorção permitida com trechos da letra fáceis de cantar, e dá-lhe solo de Matthew, resultando em uma boa vibe; “Knocked Up”, em uma versão mais enxuta e menos enfadonha que faz o público ao balançar os braços de lado a outro, e dá início à reta final repleta de clássicos do quarteto; e o desfecho com “Use Somebody”, recebida como uma dádiva cantarolante pelo povaréu, que volta a soltar o gogó, já rouco, e “Waste a Moment”, de clara inspiração no pós punk oitentista – que dominou a play list pré show, diga-se. No fim das contas, mesmo sem ter aquele moral toda para se headliner nesse momento, o Kings Of Leon fez por gasto, o suficiente para o que o público dele esperava.
Prejudicado pelo alerta de incidência de raios na região do Autódromo de Interlagos, o Snow Patrol, mais cedo, teve que reduzir a apresentação do palco principal do Lollapalooza à metade. E o show ainda começou meio às pressas, com muita gente sem saber o que se passava e com outras bandas tocando simultaneamente e fora do horário inicialmente programado. Ou seja, havia no local muito menos público do que o quarteto escocês poderia arrebanhar. Ainda assim, deu pra tocar “Heal Me”, música do novo álbum, “Wildness”, o primeiro em sete anos, além de sucessos que estavam na pauta para os fãs, como “Chasing Stars” e “Open Your Eyes”, ambas do aclamado álbum “Eyes Open”, de 2006. Olhando do lado ruim, foi só meio show; do bom, dadas as circunstâncias, melhor do que o cancelamento que chegou a ser cogitado.Set list completo Kings Of Leon:
1- Crawl
2- Find Me
3- Radioactive
4- Molly’s Chambers
5- On Call
6- Revelry
7- Supersoaker
8- The Bucket
9- Fans
10- Over
11- Closer
12- My Party
13- Mary
14- Eyes on You
15- Sex on Fire
16- Notion
17- Knocked Up
18- Manhattan
19- Pyro
20- Back Down South
21- Use Somebody
22- Waste a Moment
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