O Homem Baile

O que deu pra fazer

Sem novidades no Lolla, Kings Of Leon supera desconforto no palco com sucessos do passado; Snow Patrol toca só meia hora depois de alerta de incidência de raios. Fotos Divulgação Lollapalooza: Camila Cara (1,2 e 4) e Thiago Almeida (3).

O líder do Kings Of Leon, Caleb Followill, sempre travado no palco, mas comunicativo à sua maneira

O líder do Kings Of Leon, Caleb Followill, sempre travado no palco, mas comunicativo à sua maneira

Não é possível que todo mundo que está ali na frente do palco principal do Lollapalooza na noite deste sábado (6/4) saiba cantar, de cor e salteado, a letra de uma única música. É fato que quando uma banda, mesmo como atração principal de uma das noites de um festival tão renomado, não tem material novo para mostrar, vai dos clássicos e, mesmo assim, se a música é boa, a cantoria em retorno é imediata. Assim o Kings Of Leon se vê recompensado com a participação do público com “Sex On Fire”, já na segunda parte do show, em um dos grandes momentos da edição desse ano do festival. E isso depois de ameaça de raios, evacuação do público e o escambau, o que não afastou o comparecimento, segundo os produtores, de 92 mil pessoas no total.

Não se pode, no entanto, chamar o grupo de one-hit-band por conta disso, mas registre-se que é este não é o seu período mais fértil, incluindo exposição na mídia e outros fatores extra música. Tanto que é o álbum “Only By The Night”, de 2008, que cede sete músicas ao show, combustível usado logo de cara com “Crawl”, na abertura, que nem chega a ser essa coca-cola toda e se serve para um aquecimento que só explode em “Molly’s Chambers”, single do (já?) longínquo álbum de estreia, lançado há mais de 15 anos. É quando o público se entusiasma de verdade na cantoria do refrão e deita e rola no solo de Matthew Followill, dando início a uma noite inspirada do guitarrista, em que pese a simplicidade que a música da banda prega/exige.

A noite inspirada do guitarrista Matthew Followill, em um show sem muitas novidades

A noite inspirada do guitarrista Matthew Followill, em um show sem muitas novidades

O espaço do palco é bem aproveitado, com o telão do fundo utilizado o tempo todo, com imagens e a transmissão do show, sendo que, nessa parte, o uso de grafismo é solução acertada com simplicidade e eficácia. Há integrantes separados por molduras de formatos diversos, dando mobilidade parar uma banda cuja presença de palco nunca foi o forte – os caras não se sentem confortáveis lá -, além de ampliações importantes para quem não está tão perto assim do palco. Luzes direcionadas para o público à meia altura e estrobos também compõe o ótimo visual do palco. Na dobradinha “Over”/“Closer”, associada por uma atmosfera incomum se consideramos o conjunto da obra, a luz é que dá tom, na batida sintética da primeira, e nos teclados cheios de efeitos da segunda, em um momento singular que, de outro lado, não deixa o ritmo se esvair.

Outros bons momentos do show são em “Mary”, com comunhão rara ente o pop descartável e a distorção permitida com trechos da letra fáceis de cantar, e dá-lhe solo de Matthew, resultando em uma boa vibe; “Knocked Up”, em uma versão mais enxuta e menos enfadonha que faz o público ao balançar os braços de lado a outro, e dá início à reta final repleta de clássicos do quarteto; e o desfecho com “Use Somebody”, recebida como uma dádiva cantarolante pelo povaréu, que volta a soltar o gogó, já rouco, e “Waste a Moment”, de clara inspiração no pós punk oitentista – que dominou a play list pré show, diga-se. No fim das contas, mesmo sem ter aquele moral toda para se headliner nesse momento, o Kings Of Leon fez por gasto, o suficiente para o que o público dele esperava.

O líder do Snow Patrol, Gary Lightbody, toca guitarra durante a meia hora de show do grupo

O líder do Snow Patrol, Gary Lightbody, toca guitarra durante a meia hora de show do grupo

Prejudicado pelo alerta de incidência de raios na região do Autódromo de Interlagos, o Snow Patrol, mais cedo, teve que reduzir a apresentação do palco principal do Lollapalooza à metade. E o show ainda começou meio às pressas, com muita gente sem saber o que se passava e com outras bandas tocando simultaneamente e fora do horário inicialmente programado. Ou seja, havia no local muito menos público do que o quarteto escocês poderia arrebanhar. Ainda assim, deu pra tocar “Heal Me”, música do novo álbum, “Wildness”, o primeiro em sete anos, além de sucessos que estavam na pauta para os fãs, como “Chasing Stars” e “Open Your Eyes”, ambas do aclamado álbum “Eyes Open”, de 2006. Olhando do lado ruim, foi só meio show; do bom, dadas as circunstâncias, melhor do que o cancelamento que chegou a ser cogitado.

Set list completo Kings Of Leon:

1- Crawl
2- Find Me
3- Radioactive
4- Molly’s Chambers
5- On Call
6- Revelry
7- Supersoaker
8- The Bucket
9- Fans
10- Over
11- Closer
12- My Party
13- Mary
14- Eyes on You
15- Sex on Fire
16- Notion
17- Knocked Up
18- Manhattan
19- Pyro
20- Back Down South
21- Use Somebody
22- Waste a Moment

Os Followill em ação: Matthew, Caleb e o batera Nathan, com as artimanhas usadas no telão de fundo

Os Followill em ação: Matthew, Caleb e o batera Nathan, com as artimanhas usadas no telão de fundo

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