O Homem Baile

Só pra lembrar

Bush quase esquece trabalhos mais recentes para mostrar ao público que coleciona razoável cabedal de hits, em bom show no Rio. Fotos: Nem Queiroz.

O vocalista, guitarrista e praticamente dono do Bush, Gavin Rossdale, mostra boa forma no show do Rio

O vocalista, guitarrista e praticamente dono do Bush, Gavin Rossdale, mostra boa forma no show do Rio

Piscou e de repente o bonitão do vocalista do Bush aparece sem camisa transloucado com um microfone na mão bem ao seu lado, no meio do show, e você, olhando para o emburrecedor aparelho, nem se dá conta. Mas muita gente percebe, sim, e não é só uma saidinha na grade que separa o público do palco. Trata-se de um giro completo cheio de idas e vindas pelas pistas premium e comum que serve, também, para democratizar o espetáculo, por assim dizer. E é, afinal das contas, Gavin Rossdale e o Bush de volta ao Rio vinte e poucos anos depois no mesmo Metropolitan (veja fotos do show de 1997 aqui, aqui, aqui e aqui), nesta sexta (15/2), numa dobradinha grunge muitíssimo bem sacada com o um renovado Stone Temple Pilots (veja como foi).

A música é “Little Things” – nem é a melhor da noite - uma das cinco do álbum de estreia da banda, “Sixteen Stone”, lançado em 1994, o que mostra que, embora tenham colocado no mercado já três discos após ao retorno, em 2010, eles querem mesmo é revirar o baú, para a alegria do público de um modo geral; foi-se o tempo do interesse por novidades nesses dias tão estranhos. Por isso um dos pontos altos o show é “Everything Zen”, não apenas pela reação instantânea do público, mas pelo belo solo slide guitar de um encasacado Chris Traynor. Ele brilha também em “Glycerine”, outra das mais manjadas, já na parte final, ao duelar e tocar junto com Rossdale, e em “The Sound Of Winter”, a boa canção que marca o retorno da banda, em 2011, pelas guitarras ocultas.

Rossdale e o encasacado guitarrista Chris Traynor, à esquerda: brilho por vezes dividido entre os dois

Rossdale e o encasacado guitarrista Chris Traynor, à esquerda: brilho por vezes dividido entre os dois

Mas brilho, brilho mesmo quem tem é Gavin Rossdale, em ótima forma inclusive como frontman, quando deixa a guitarra do lado – e não são poucas vezes - e contagia a plateia até mais pela performance do que pelo modo como determinada música é executada. Acontece na boa “People That We Love”, nem sempre incluída nos shows mais recentes, e no cover pesadão para “Come Together”, dos Beatles, essa sim executada em excelente versão, muitíssimo bem apropriada, não apenas um cover. Em “Swallowed”, outra das antigas, em versão aparentemente mais alongada, o desfecho ganha um peso que a versão original não possui, realçando ótimo entrosamento entre os músicos o trabalho coletivo da banda como um todo.

O show também serve para trazer à tona sucessos relegados pelo passar do tempo, ainda mais para uma banda que sempre ocupou o segundo escalão do grunge (assim como Stone Temple Pilots, em um primeiro momento), cujo maior pecha era a de ser a mais americana das bandas inglesas justamente pelo fator “estranho no ninho”. E assim parecem íntimas da plateia músicas como “Comedown”, em um encerramento digno de banda grande, com um número de fãs avolumado; a abertura, na outra ponta, com “Machinehead”, que impulsionou generalizada cantoria; e ainda a lenta e pesada “Greedy Fly” e seus trechos pára/continua de fazer inveja a outros setores do rock noventistas, entenda-se Helmet e as adjacências que ajudaram a fundar as bases do famigerado nu-metal. Ou seja: rapazes noventistas, não se esqueçam do Bush!

Gavin Rossdale encorpa o som do Bush como guitarrista, mas se destaca também como frontman

Gavin Rossdale encorpa o som do Bush como guitarrista, mas se destaca também como frontman

Na abertura o Stone Temple Pilots mostrou sobrevida com o novo vocalista, mas antes, ainda cedo, tocou o Republica, que fez o que dele esse espera: heavy rock clássico, pesado sem ser extremo, com todos os clichês do gênero. O que inclui bons solos de guitarra de LF Vieira e o vocal correto de Leo Beling, tudo sob uma inesperada qualidade do som, em se tratando de bandas de abertura. O grupo está lançando o primeiro DVD, gravado no último Rock In Rio, e dedicou uma das músicas, originalmente composta para a passagem de David Bowie, para as vítimas das recentes tragédias brasileiras. Teve ainda uma ótima versão classic rock para “Head Like a Hole”, do Nine Ninch Nails, em um bom show de abertura.

Set list completo Bush:

1- Machinehead
2- The Chemicals Between Us
3- The Sound of Winter
4- This is War
5- Greedy Fly
6- Everything Zen
7- The People That We Love
8- Swallowed
9- Little Things
10- Come Together
11- Glycerine
12- Comedown

Com boa qualidade de som para uma banda de abertura, o Republica mandou um ótimo classic

Com boa qualidade de som para uma banda de abertura, o Republica mandou um ótimo classic rock

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