Bola é Bola Mesmo

Renasceu

Messi brilha, tira pressão das costas e Argentina se classifica em jogo dramático. Fotos: Divulgação FIFA.

argentina27-6-18Quando o camisa 10 alvi-celeste se joga de joelhos no esquinado do gramado, automaticamente um peso de um caminhão betoneira com sete metros cúbicos de concreto ciclópico lhe é retirado das costas. Segundos antes, recebera um lançamento de Gérson de Banega, dominara a pelota em alta velocidade na coxa, no pé esquerdo e finalizara para as redes com o direito em lance de rara habilidade. Assim é o Messi que conhecemos.

O gesto mais marcante deste que em geral é o jogador mais pressionado de todo o planeta, de quatro em quatro anos, na vitória sobre a Nigéria, contudo, é outro. O jogo está perto do fim, a Argentina tem a vitória e a classificação nas mãos, um jogador esmeraldino tenta sair jogando e Messi surge por trás dele e aplica-lhe um carrinho, de lado, na bola, jogando o lance para a lateral. Não tem sangue, o Messi?

Mascherano que, vamos e venhamos, não jogou muito bem, tem. Sofreu com um corte no supercílio que lhe coalhou a cara de vermelho, em meio a uma rude barba por fazer. O arbitro, que nessas horas pede para que o jogador saia para estancar o sangramento, como diz a regra, desta feita nem se importa. Precisava não interromper este momento de raça e de drama típico dos argentinos.

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Por que o jogo, mesmo com o placar aberto no início pelo golaço de Messi, não foi nada fácil. A Nigéria, de futebol em geral obtuso e violento, jogava bem, no esquema de toques de bola que vicia o mundo futebol pós Guardiola. E controla a partida, diante de uma desorganizada Argentina, sabemos todos, na maior parte do tempo. Tem jogadores cascudos que jogam em grandes times da Europa e jogava, também, o tal do jogo da vida.

É verdade que o gol dos nigerianos saiu de um pênalti Mandrake, ratificado pelo inefável VAR, em um daqueles agarra agarra onde nunca se marca nada, a não ser que, súbito, o árbitro tenha entrado no gramado com irresistível vontade de assinalar o penal. Foi o que fez o turco Cüneyt Çakir. Um bom árbitro, que gere bem os conflitos de uma partida tensa como essa. Mais tarde, negou, conferindo na telinha, outro penal aos nigerianos, explicando tudo tim-tim por tim-tim, ao capitão Mikel.

Com o gol sofrido, os argentinos desabam, e, por isso, lá pelos 40 minutos do segundo tempo, a situação é tensa, com a Argentina indo embora para casa cedo demais. Até que o momento salvador aparece. O zagueiro lateral Rojo emenda de primeira para as redes um cruzamento de Mercado, aliviando um mundo inteiro que gosta de futebol. E uma terceira cena de Messi merece destaque. A do Preá montado nas costas de Rojo.

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No mesmo horário, Islândia e Croácia desandavam a dar botinadas na bola, com a primeira motivada por remotas chances de classificação. A segunda, garantida nas oitavas, poupou quase o time inteiro, e, diante da ruindade dos simpáticos islandeses, aplicou-lhes um clássico dois a um. Não que tenha sido fácil, porque trata-se de um clássico europeu de segunda linha, mas drama não houve.

A Croácia, herdeira de parte do futebol habilidoso da Iugoslávia, tem equipe arrumada e joga de forma organizada mesmo com o time salpicado de reservas. Se tiver sorte, pode repetir a campanha surpreendente de 1998, quando ficou em terceiro lugar. Nas oitavas, encara outro clássico europeu de segunda linha, contra a Dinamarca.

Porque França e Dinamarca fizeram um daqueles flagrantemente jogo se compadres que por vezes uma Copa do Mundo nos apresenta. A França, classificada, e em primeiro lugar, coalhada de reservas, nada queria com as redes. E a Dinamarca, ameaçada apenas pela fraca Austrália, que já ia perdendo para o Peru, no mesmo horário, com o segundo lugar nas mãos, muito menos.

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E assim se desenhou o primeiro zero a zero desta Copa da Rússia, numas das piores partidas de todo os mundiais porque simplesmente não houve jogo, disputa de bola, interesse em marcar, nadica de nada. Imagine quando, a partir de 2026, o desenho da disputa será feito em grupo de três seleções.

E ao Peru, vitimado pelo próprio treinador ao não escalar o injustiçado Guerrero na partida de estreia, contra a Dinamarca, e condenado à eliminação de antemão, coube a vitória honrosa sobre o Austrália por dois a zero. E o choro tocante de Cueva, o atacante que desperdiçou um pênalti na mesma partida. Depois de 36 anos, é o que sobra. Assim é o futebol.

Agora, França e Argentina fazem um precoce duelo de campeões mundiais nas oitavas de final; quem manda a Argentina se enrolar? Jogo que elimina, de antemão, duas das seleções candidatas ao título e que, seguramente, dará a força necessária para a vencedora brilhar mais adiante. E se a Argentina pegar no tranco, e a França deixar de moleza, o bicho vai pegar pra valer.

Até a próxima que hoje será marcada a revanche do Brasil contra a Alemanha!

Resultados de 26-6-2018:
Austrália 0 x 2 Peru
Dinamarca 0 x 0 França
Nigéria 1 x 2 Argentina
Islândia 1 x 2 Croácia

Top 64 jogos da Copa 2018:
1-Portugal 3 x 3 Espanha
2- Alemanha 2 x 1 Suécia
3- Nigéria 1 x 2 Argentina
4- Argentina 0 x 3 Croácia
5- Bélgica 5 x 2 Tunísia
6- Inglaterra 6 x 1 Panamá
7- Argentina 1 x 1 Islândia
8- Alemanha 0 x 1 México
9- Irã 1 x 1 Portugal
10- Polônia 0 x 3 Colômbia
11- Bélgica 3 x 0 Panamá
12- Colômbia 1 x 2 Japão
13- Brasil 2 x 0 Costa Rica
14- Japão 2 x 2 Senegal
15- Espanha 2 x 2 Marrocos
16- França 1 x 0 Peru
17- Uruguai 3 x 0 Rússia
18- Tunísia 1 x 2 Inglaterra
19- Islândia 1 x 2 Croácia
20- Brasil 1 x 1 Suíça
21- França 2 x 1 Austrália
22- Rússia 5 x 0 Arábia Saudita
23- Rússia 3 x 1 Egito
24- Austrália 0 x 2 Peru
25- Coréia do Sul 1 x 2 México
26- Nigéria 2 x 0 Islândia
27- Portugal 1 x 0 Marrocos
28- Dinamarca 1 x 1 Austrália
29- Sérvia 1 x 2 Suíça
30- Suécia 1 x 0 Coréia do Sul
31- Costa Rica 0 x 1 Sérvia
32- Polônia 1 x 2 Senegal
33- Egito 0 x 1 Uruguai
34- Uruguai 1 x 0 Arábia Saudita
35- Peru 0 x 1 Dinamarca
36- Irã 0 x 1 Espanha
37- Croácia 2 x 0 Nigéria
38- Arábia Saudita 2 x 1 Egito
39- Marrocos 0 x 1 Irã
40- Dinamarca 0 x 0 França

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