Bola é Bola Mesmo

Procura-se um craque

Messi some, Modric brilha e Argentina fica por um fio na Copa da Rússia 2014; França garante vaga com emoção. Fotos: Divulgação FIFA.

croacia21-6-18No início foi assim. Em um dia Cristiano Ronaldo, no outro, Messi. Um marca três vezes, o outro, perde pênalti. Segunda rodada e um marca o gol da vitória de Portugal, e o outro… onde está o outro mesmo? Procurado nos gramados russos, encontrou-se, em seu lugar, o meia Modric, também rival de Real Madrid, que atuou como um verdadeiro maestro e ainda foi coroado com um golaço. Assim é o futebol.

Virou treino! Gritou o experiente narrador, para registar a verdadeira linha de passe da qual resultou o gol de Rakitic. Era, por demais, um típico gol de peladas, mesmo porque, àquela altura, os argentinos, que começaram com um bando, haviam debandado de vez em busca de um milagre, uma improvável reação, que, por isso mesmo, jamais aconteceria. O gol selou um impiedoso três a zero, e, se tivesse mais tempo, os croatas fariam mais.

Não são um esquadrão, esses croatas que, ao pressentir o velório no qual se transformaria a noite desta quinta, já entraram vestidos de preto de antemão, abdicando da camiseta de toalha de pizzaria. Mas são uma equipe e têm, sim, seus craques. Nem sempre o fato de jogar em clubes gigantes da Europa faz de um jogador o tal, mas em outras é exatamente isso o que acontece.

Por isso Modric comandou, a seu modo, o domínio completo de uma equipe bem armadinha contra outra desarrumada com o selo Jorge Sampaoli de qualidade – 13 escalações diferentes em 13 partidas. Há quem argumente que o placar só foi aberto a favor dos Croatas por causa de um presente do goleiro Caballero ao atacante Rebic, e é verdade.

Mas times bem armados são assim, amarram um tempo inteirinho, o tornando enfadonho, até que, a partir de um certo momento, muitas vezes no erro do adversário, matam a disputa, seja que de forma for. Veio de presente? Rebic agradece com um arremate sensacional; se poderia ter errado feio, então que lhe seja dado o incontestável mérito.

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No tal golaço de Modric, verificou-se, pelos cansados olhos do pesquisador, a liberdade de um Gérson na Copa de 70, o controle de bola de Mário Sérgio e o arremate certeiro de um Rivaldo daqueles inspirados. No de Rakitic, verdadeira lição de humildade em gol, com o próprio autor, egoísta, perdendo a oportunidade, em vez de servir Rebic, ele de novo. Este, no entanto, ao ser de novo presenteado, dessa vez pelo rebote, decide retribuir o que não recebeu do meia do Barcelona, e Rakitic só tem o trabalho de empurrar para redes. Bonito de ser ver o tal gol de treino.

Tento no qual, observando bem no videotape – que é burro – ao menos três jogadores desistiram da jogada antes de ela chegar o desfecho fatal, uns até levantando o braço como se pedissem a marcação do impedimento. Dentre eles, Messi. Paradinho como se brincasse de estátua. Não que fosse ele o responsável para fazer uma recomposição, mas, se estava ali, custava mostrar um empenho a mais? Onde foi parar a raça argentina, no final das contas?

Porque Messi, antes mesmo de o desastre se anunciar, não apareceu nas quatro linhas, exceto na hora de escolher o lado do campo e quem daria saída. Por vezes, parece que ele some da partida, noutras não aparece, nem ao menos para incentivar os companheiros de time que eventualmente vacilam, como Caballero. É o capitão do time, ora bolas.

Não se voluntaria em momento algum, ainda que não fizesse uma jogada sensacional – e não se cobre isso -, nem para tentar a mínima organização possível. Com muito menos em Portugal, Cristiano Ronaldo faz mais. Ou alguém acha que a seleção de Portugal – de 2006 pra cá, e muito menos essa – é melhor que a da Argentina no mesmo período?

O que dá a entender, no final das contas, é que a Copa de Messi, entre as três que já disputou, a que está disputando e as que venha a disputar, foi a de 2014. Mesmo sem levar a equipe ao título – e foi por pouco -, saiu como o melhor da competição, com méritos. Ou, por outra, ainda que as chances da Argentina sejam um fiapo de esperança, elas existem e, se o jogo virar, e a classificação se concretizar, tudo pode mudar. Mesmo com a decisiva participação do inefável Jorge Sampaoli. Um senhor fardo para se carregar.

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A França fez o que se espera dela. Vencer os mais fracos para ir amadurecendo como equipe. Dessa vez, o técnico Didier Deschamps foi de Giroud e Matuidi e a coisa melhorou. O primeiro, o rei do pivô, e, o segundo, armador e marcador dos bons. Decisivo mesmo é o elegante Pogba, que em um átimo de segundo desarmou e colocou o centroavante na cara do gol em um único lance. Na sobra, Mbappe põem fim na seca em seu primeiro gol em Copas.

Incrível como a seleção peruana, fraca por definição, fez um ótimo jogo com os franceses, alternando momentos de domínio de um e de outro durante a partida e, como acontece em placares mínimos, armando até um sufoco na parte final. Não chegou a ser o domínio de Marrocos, mas o Peru fez duas boas partidas, dessa vez com Guerreiro full time, mas sempre improdutivo do ponto de vista da bola na rede que, vamos e venhamos, é o que interessa.

Interessante também a partida em que a Dinamarca se anunciava como favorita, sobretudo depois do golaço de Eriksen – é sempre ele e mais 10 - logo no início do jogo. Mas não que é a Austrália, cintura duríssima, teve seus momentos? Ok que o empate saiu em outro pênalti, e de novo encontrado com a participação do VAR, mas vale desse jeito também. França classificada, Dinamarca quase lá e Peru eliminado.

Até a próxima que nem Maradona resolve esse rolo argentino!

Resultados de 21-6-2018:
Dinamarca 1 x 1 Austrália
França 1 x 0 Peru
Argentina 0 x 3 Croácia

Top 64 jogos da Copa 2018:
1-Portugal 3 x 3 Espanha
2- Argentina 0 x 3 Croácia
3- Argentina 1 x 1 Islândia
4- Alemanha 0 x 1 México
5- Bélgica 3 x 0 Panamá
6- Colômbia 1 x 2 Japão
7- França 1 x 0 Peru
8- Tunísia 1 x 2 Inglaterra
9- Brasil 1 x 1 Suíça
10- França 2 x 1 Austrália
11- Rússia 5 x 0 Arábia Saudita
12- Rússia 3 x 1 Egito
13- Portugal 1 x 0 Marrocos
14- Dinamarca 1 x 1 Austrália
15- Suécia 1 x 0 Coréia do Sul
16- Costa Rica 0 x 1 Sérvia
17- Polônia 1 x 2 Senegal
18- Egito 0 x 1 Uruguai
19- Uruguai 1 x 0 Arábia Saudita
20- Peru 0 x 1 Dinamarca
21- Irã 0 x 1 Espanha
22- Croácia 2 x 0 Nigéria
23- Marrocos 0 x 1 Irã

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