Bola é Bola Mesmo

No sufoco

Brasil vence na marra, com dois gols nos acréscimos, em dia espalhafatoso do mimado Neymar. Fotos: Divulgação FIFA.

brasil22-6-18Já havia se passado noventa minutos de bola rolando e o primeiro zero a zero dessa Copa da Rússia se anunciava. Foi preciso começar os acréscimos para que Philippe Coutinho aparecesse no meio da área da Costa Rica para pegar uma sobra de bola e, de biquinho, a la Romário, emendar para o fundo das redes. E a bola, caprichosa, ainda passou por baixo das pernas de Navas, o paredão que, até então, impedia a vitória brasileira com grandes defesas. Assim é o futebol.

Poderia até acabar assim, com o técnico Tite se esborrachando no chão ao comemorar com a intensidade ausente na partida de estreia, e com a sensação de alívio geral em 200 milhões de brasileiros; dizem que não, mas a seleção ainda mobiliza essa Nação repartida. Mas não acabou, e como foram generosos os acréscimos, graças à cera costarriquenha, ainda deu tempo para Neymar carimbar as redes em uma gols daqueles de pelada, com o adversário entregue.

Não que não tenha tentado a seleção brasileira. O segundo tempo foi um típico ataque contra defesa, por vezes com organização, noutras sem, na pressão pela pressão, para furar um bloqueio nem tão difícil como faz o Irã, por exemplo, mas difícil, sim, ante as dificuldades que a própria seleção cria para ela, ante a um entrosamento ruim, ao nervosismo e à instabilidade emocional justamente do craque do time.

Foram, ao todo, nada menos que 23 chutes a gol do Brasil, sendo nove no alvo, contra quatro da Costa Rica, nenhum na direção do gol. Quase tudo no segundo tempo, em um fatídico – repita-se – ataque contra defesa. Jogou bem o Brasil? Não. Mas atacou o Brasil? Sim, o tempo todo, de modo que um resultado diferente da vitória seria uma das grandes injustiças, embora no futebol isso seja permitido.

suica22-6-18

Jogou melhor que na estreia o Brasil? Sim, e mesmo contra um adversário mais fraco, mas que, ao mesmo tempo, defendeu muito mais. Vai se classificar o Brasil? Sim, basta não perder para a Sérvia, na quarta que vem. Se vencer, fica em primeiro do grupo. O grupo é difícil, mas o cenário é dos melhores para a nossa seleção.

Em uma partida que teve de tudo um pouco, Tite precisa agir para enquadrar seu principal jogador, o mimado Neymar. Embora tenha jogado bem e feito inclusive um gol, travou um duelo não com um costarriquenho, mas com o árbitro, o que lhe rendeu um cartão amarelo, e foi pouco. O jogador xingou todo mundo em várias línguas, na cara de milhões de telespectadores, cavou pênalti e foi desmentido pelo VAR, fez pirraça e ficou cheio de não me toques o tempo todo. No final da partida, sozinho, se ajoelhou e chorou. Como fazem as crianças mimadas.

Antes de atitude midiática, o choro do craque pode ser a redenção de quem, de imediato, percebe que fez lambança e se arrepende, como fazem os que têm problemas psicológicos e/ou de personalidade. O fato é que há um problema ali e Tite e seus acólitos precisa agir, porque não pode ser o melhor jogador do time um problema, e sim a solução. Se nem o sério Tite conseguir isso, a profecia de Rene Simões enfim se confirmará.

Fora isso – coisa mais chata – foi bem Tite nas alterações colocando o time pra frente. Foram bem jogadores como Thiago Silva, sem cometer erros, Philippe Coutinho, eleito pela FIFA o cara do jogo pela segunda vez seguida, Casemiro e até Fágner, segurando o rojão de estrear em Copas com desenvoltura. William e Paulinho (tal qual em 14) precisam melhorar, caso queiram seguir no time titular. Caso de Gabriel Jesus, embora tenha desculpa de abola pouco lhe chegar em boas condições. Firmino tem entrado sempre bem.

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Ainda no grupo do Brasil, a suíça derrota a Sérvia na primeira virada da Copa da Rússia. De início, parecia que a Sérvia venceria, não só pelo placar aberto cedo por Mitrovic, que, enfim, achou o caminho das redes, depois de falhar muito na estreia. Mas trata-se de um típico clássico europeu de segundo escalão, com equipes duras e pesadas. E o time suíço, matreiro e escorado na boa técnica de Shaqiri, golpeou a Sérvia no finalzinho da partida.

O baixola rebaixado na Inglaterra com o Stoke City fez as jogadas mais criativas e ajuda a encaminhar a classificação, já que a derradeira partida da fase de grupo é contra a eliminada Costa Rica. A Sérvia tem a seu favor, por assim dizer, a reclamação de um pênalti claríssimo sofrido por Mitrovic, que foi literalmente ensanduichado por dois grandalhões suíços, e o VAR, nada. Agora, a Sérvia precisa derrotar o Brasil, para não depender de ninguém para ir as oitavas.

Pela Nigéria, com fardamento horroroso, brilhou o atcaante Musa, com dois golaços sobre a Islândia. Esta, cintura dura máxima da Copa, cada vez mais se mostra como uma simpática queridinha pelo entorno, e ruim demais dentro de campo. Não jogam nada esses pernas de pau. Até um pênalti, batido pelo badalado Sigurdsson à la Baggio, foi parar lá em Reykjavik. Dificilmente esse time conseguirá algo contra a Croácia, e, para a Argentina, com ou sem Sampaoli, basta segurar Musa e derrotar a Nigéria. Será?

Até a próxima que Neymar é chato pra cacete!

Resultados de 22-6-2018:
Brasil 2 x 0 Costa Rica
Nigéria 2 x 0 Islândia
Sérvia 1 x 2 Suíça

Top 64 jogos da Copa 2018:
1-Portugal 3 x 3 Espanha
2- Argentina 0 x 3 Croácia
3- Argentina 1 x 1 Islândia
4- Alemanha 0 x 1 México
5- Bélgica 3 x 0 Panamá
6- Colômbia 1 x 2 Japão
7- Brasil 2 x 0 Costa Rica
8- França 1 x 0 Peru
9- Tunísia 1 x 2 Inglaterra
10- Brasil 1 x 1 Suíça
11- França 2 x 1 Austrália
12- Rússia 5 x 0 Arábia Saudita
13- Rússia 3 x 1 Egito
14- Nigéria 2 x 0 Islândia
15- Portugal 1 x 0 Marrocos
16- Dinamarca 1 x 1 Austrália
17- Sérvia 1 x 2 Suíça
18- Suécia 1 x 0 Coréia do Sul
19- Costa Rica 0 x 1 Sérvia
20- Polônia 1 x 2 Senegal
21- Egito 0 x 1 Uruguai
22- Uruguai 1 x 0 Arábia Saudita
23- Peru 0 x 1 Dinamarca
24- Irã 0 x 1 Espanha
25- Croácia 2 x 0 Nigéria
26- Marrocos 0 x 1 Irã

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