É gol de Lukaku pra cá, gol de Harry Kane pra lá. Parece um sábado da Premier League os jogos desta segunda na Copa da Rússia, mas é só Bélgica e Inglaterra desfilando seus craques pelos gramados. E pegando moleza, é claro. Não fossem indolentes, os belgas teriam enfiado uma goleada histórica no fraco Panamá, a ponto de o trinador Hernan Gomez se demonstrar satisfeitíssimo por ter sido derrotado por “apenas” três a zero. E ele está coberto de razão.

Indolência porque – e isso pode ser culpa da Premier League – os jogadores da Bélgica, quase todos lotados na Inglaterra, jogam como se fossem marcar um gol a qualquer momento, e, se isso acontece, ok. Se não acontece, a impressão que se tem é que eles não estão nem aí, aceitam a falta de vitória numa boa numa boa e, em uma Copa do Mundo, sobretudo das oitavas de final em diante, e isso pode ser fatal. Como foi em 2014.

Na ocasião, lembremos, a seleção belga, com esses mesmos jogadores, em sua maioria, também pegou um grupo fraco, mesmo porque tem sido cabeça da chave – vejam vocês – e o que fez? Passou o rodo? Não, fez partidas com essa indolência da Premier League e bateu todos os adversários, é verdade, por placares mínimos: 2 x 1 na Argélia, 1 x 0 na Rússia e 1 x 0 na Coréia do Sul. Na oitavas, caiu ante à Argentina que seria finalista, em Brasília, após levar um gol de Higuaín no início da partida, sem conseguir esboçar uma reação. Quando não dá certo, é assim.

A vantagem agora é que está todo mundo mais cascudo nesse time, e, em vez de Marc Wilmots, ex-ídolo belga, há um treinador de verdade, Robert Martinez, rodado e com experiencia nas ligas espanhola e inglesa, onde vê essa turma toda jogar. Foi bonito ver o time partindo pra cima logo de cara, com Hazard e De Bruyne jogando o fino, e todos com vontade de vencer. Pena que, depois de algumas blitzes, o ritmo diminui. É bonito de ser ver o meia Witsel ditando o ritmo, e um ataque, por vezes, com linha de cinco ou seis: os dois meias + os dois laterais + o centroavante + o segundo atacante.

No caso, Mertens, menos um baixinho ligeiro e mais um jogador técnico, que marcou um belo gol parar abrir o placar. Lance que, em boniteza, disputa com a trivela de De Bruyne largada na entrada da área direto para a cabeça de Lukaku e daí para o segundo gol. Ou o lançamento em contra ataque do mesmo De Bruyne para Hazard deixar Lukaku na cara do gol e fechar a conta. Tá bom, mas pode melhorar, porque a Bélgica tem quer ser mais do que oitavo-finalista.

Com a Inglaterra, a mesma coisa, daí a culpa ser da Premier League, e nesse caso mais acentuada, de certo modo. Primeiro, que todos, absolutamente todos os jogadores, titulares e reservas, mortos e vivos, jogam no campeonato inglês. E, depois, que a partida contra a Tunísia, um adversário fraco, mas, vamos e venhamos, melhor que o Panamá, parecia uma daquelas em que o Tottenham, do capitão Harry Kane, fica armando de lado a outro, improdutivamente, e só decide no final.

Sabe aquela correria de fim de jogo típica da Premier Legue, quando parece que os jogadores só decidem se esforçar no sprint final, com os acréscimos generosos típicos dos ingleses? Nem assim foi – o início, inclusive, parecia arrasador, com o time no ataque -, mas Kane decidiu o jogo com o tento de desempate no apagar das luzes, aos 46 do segundo tempo, quando o fracasso já estava sendo cravado. Em termos de Inglaterra, sabemos todos, já se espera a queda da seleção com primeiras capas de jornais rascunhadas antes mesmo de a bola rolar.

Kane, contudo, nada tem com isso. O artilheiro, que de cabeçudo nada tem, é técnico, sabe jogar em qualquer posição do ataque e inclusive cobra faltas bem, fez sua parte estufando as redes duas vezes logo na estreia, dando a vitória os ingleses. Um jogador que só não vai disputar a artilharia porque dificilmente o English Team passa das quartas. Precisa ser mais objetiva a Inglaterra, mas duvida-se que isso realmente aconteça.

A Suécia, que não é boba nem nada, foi. Viu na Coréia do Sul a possibilidade de obter a única vitória em seu grupo e partiu pra cima. Só não encheu a sacola do franzino goleirinho Jo porque seus jogadores não jogam lá grande coisa, e logo se vê que Ibrahimovic, ainda que em fim de carreira, faz uma falta danada. E se o placar foi mínimo, e graças a um pênalti claro, que poderia ser marcado sem o VAR, paciência.

Esse resultado – e o melhor de tudo é isso -, associado à vitória do México pelo mesmo um a zero contar a Alemanha, deixa os suecos praticamente a dois pontos de uma possível classificação, excluindo de antemão a Coréia, que deve ser o saco de pancadas do grupo, com numeração trocada – cada uma! – e tudo. E mais. Se empatar com a Alemanha, sábado, a Suécia pode fazer um jogo de compadres na rodada final com o México que ambos se classificam de braços dados. Nesse caso, umas das duas seleções enfrentaria o Brasil nas oitavas.

E pode a Suécia segurar um empate com a Alemanha? Se fez isso com a Itália para garantir sua vaga na Copa, se a Alemanha não é mais a mesma e está sob forte pressão, se trata-se de um clássico europeu, por que não? O problema é o México, que – repita-se – com Juan Carlos Osório, pode ir de grandes façanhas como a de domingo, a retumbantes fracassos. De todo modo, esse grupo F ficou bem legal.

Até a próxima que o maluquinho da Argentina já arregaçou as mangas!

Resultados de 18-6-2018:
Suécia 1 x 0 Coréia do Sul
Bélgica 3 x 0 Panamá
Tunísia 1 x 2 Inglaterra

Top 64 jogos da Copa 2018:
1- Portugal 3 x 3 Espanha
2- Argentina 1 x 1 Islândia
3- Alemanha 0 x 1 México
4- Bélgica 3 x 0 Panamá
5- Tunísia 1 x 2 Inglaterra
6- Brasil 1 x 1 Suíça
7- França 2 x 1 Austrália
8- Rússia 5 x 0 Arábia Saudita
9- Suécia 1 x 0 Coréia do Sul
10- Costa Rica 0 x 1 Sérvia
11- Egito 0 x 1 Uruguai
12- Peru 0 x 1 Dinamarca
13- Croácia 2 x 0 Nigéria
14- Marrocos 0 x 1 Irã

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