Bola é Bola Mesmo

Falta é falta

Domingo de roubalheira com VAR e tudo, caça ao craque, passeio da zebra mexicana e domínio da geração de ouro da Sérvia. Fotos: Divulgação FIFA.

brasilxsuica17-5-18A bola é cruzada na área e o jogador de vermelho se desvencilha sutilmente do adversário de amarelo com um empurrão, sobe de cabeça e solta uma tijolada para a redes. Sai correndo e, antes de completar a comemoração, dá uma olhadinha para o árbitro assistente para ver se a jogada é válida. Ele viu, o árbitro principal viu, a equipe de árbitro de vídeo, o VAR, que estreia nessa Copa, viu. O estádio inteiro, no telão, viu. O mundo inteiro, pela TV, viu. Mas nada foi marcado. Ou, por outra, marcou-se o gol. Brasil 1 x 1 Suíça.

Mas o empurrão foi leve, não suficiente para derrubar o zagueiro. A defesa se posicionou mal, havia vários jogadores brasileiros sem marcar ninguém. O goleiro Alisson poderia ter saído na bola. Tudo verdade. Mas a imagem está lá: o meia Zuber empurra Miranda, se aproveita da situação e marca de cabeça. Não se discute com aos fatos e nem se briga com a imagens. Para a FIFA, em nota nessa manhã, tudo normal. No meu tempo, quando o juiz não marca porque não quer, chamávamos de roubo, garfada, roubalheira. É, parece que o as ações do desastrado presidente da CBF estão tendo respostas dentro de campo. E depressa.

Por que, então, o árbitro não marcou nada, nem com o auxílio do VAR? Provavelmente porque para alguns desses juízes, o Brasil, os jogadores brasileiros, sustentam uma fama de cai-cai que eles não gostam e, para combate-la, preferem proteger o perna de pau ao craque. Assim, para que uma falta dessas fosse marcada, seria preciso ser grosseira agressão. Sutil não conta. Por isso Neymar apanhou feito boi bandido, foi humilhado e virou motivo de chacota por adversários dentro de campo e fora dele. E o árbitro nada fez.

Ah, mas o Neymar cai como se fosse morrer, é um ator. Ah, mas ele prende a bola demais, procura a falta. Ah, mas o cabelinho do Neymar é ridículo. Ok. Mas falta é falta e deve ser punida, com o apito, com cartões e com exclusões se assim for necessário. Neymar foi caçado em campo e o árbitro nada fez. Repita-se: foram 10 faltas, de um total de 19 feitas pelos suíços, em cima do brasileiro. Behrami, notório cabeça de bagre e carniceiro contumaz, não só batia, mas ria e debochava do jogador caído, aos prantos. E o árbitro, nada. Só foi amarelado aos 22 do segundo tempo, e substituído em seguida. Agindo dessa forma, o árbitro repete o jogo Brasil x Colômbia em 2014, quando o jogador teve a coluna quebrada e terminou a Copa em um hospital.

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Bola na rede de Alisson, e o Brasil sentiu, incluindo o técnico Tite. A tensão do treinador unânime era tanta que o golaço de Philippe Coutinho, que tirou o zero do placar, não foi comemorado efusivamente como em outras ocasiões. Suas alterações foram estranhas, colocando Renato Augusto na vaga de Paulinho (melhorar a armação das jogadas?), Fernandinho na de Casemiro (medo de ele ser expulso, pois tinha um amarelo?), e, aí, sim, Firmino na de Gabriel Jesus, que funcionou.

Em campo, com Neymar caçado e muito recuado, tentando equivocadamente o drible na linha do meio campo, jogadores como Willian, Coutinho e até Marcelo, têm que aparecer mais na criação de jogadas. E será que Miranda é mesmo um jogador de seleção ou só se destaca de verdade em clubes? É o tipo de coisa que só se descobre na Copa, e a grande maioria dos nossos jogadores são marinheiros de primeira viagem. O fato é que o time voltou para o segundo tempo desatento, sentiu o gol logo aos quatro minutos, se perdeu e só tentou a vitória em um abafa nos minutos finais. Que venha agora aquela pressão pelo resultado que tanto queríamos. Mas que foi falta, foi.

Quem não sentiu nada foi a seleção mexicana, comandada pelo imprevisível Juan Carlos Osório. Tão imprevisível quanto a vitória sobre a poderosa Alemanha, que, vamos e venhamos, de poderosa não tem nada. Se já não tinha em 2014, com jogadores cascudos de três Copas, imagine agora, em um momento de renovação. Por isso, a equipe teve mais de uma hora para tentar ao menos um empate, e nada conseguiu. Ao contrário, em velozes conta ataques, o México é que quase ampliou o marcador.

E por que não conseguiu nada a Alemanha? Porque é um time sem craques e excessivamente de toque de bola, de modo que pouco se desenvolvem jogadas mais criativas e em direção ao gol. Ou, por outra, tem craques, sim, e o maior deles é Tony Kroos, cuja principal virtude é não errar passes. Não é marcar gols, fazer lançamentos ou grandes jogadas, mas passar bem a bola; diz-se que fica mais de seis meses sem errar um. Assim, estaria até agora no estádio de Moscou tocando a bola pra lá e pra cá sem balançar as redes.

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O México, não. Seus destaques partiram pra dentro desde o início da partida, em lances verticais de verdade. O meia Vela, cadenciando o jogo, e o atacante Lozano deitaram e rolaram, sobretudo na Avenida Kimmich, uma das mais largas do mundo na Rússia, sem cobertura alguma. Lozano só não fez outros gols porque padeceu de um preciosismo decepcionante, inclusive no lance do gol, que parecia que ia perder, antes de soltar um tiro a queima roupa, indefensável até para um goleiraço como Neuer.

E o que faz o Professor Osório? Saca da equipe, na segunda etapa, justamente a dupla Vela e Lozano, quase colocando tudo a perder; eu não disse que ele é imprevisível? E o que fez a Alemanha, em cera de 66 minutos depois de ser vazada? Tocou de lado a outro, acertou uma cobrança de falta na trave, com Kroos, sempre ele, um ou outro chute a gol, sempre prensado pelos mexicanos, e as entradas do gigante Mario Gomez e de Brandt, que acertou a trave também. Pouco, muito pouco.

Pelo grupo do Brasil, aquele jogo ruim de se ver mais cedo, em que a Sérvia dominou a Costa Rica, ratificando que a zebra de 14 não vai voltar a conhecer tão cedo. O time tem muitos jogadores da geração que venceu o Mundial sub 20 de 2015, contra o Brasil, e o jogo foi decidido em uma cobrança de falta de Kolarov. Mas registre-se que a barreira abriu bisonhamente, com jogadores virando de lado; é mole? E que o placar só não foi mais elástico porque o centroavante Mitrovic, mesmo não sendo aquela coca-cola toda, perdeu dois gols daqueles que não se pode perder nem em pelada, quanto mais em Copa do Mundo. Segue o líder.

Até a próxima que é falta no Neymar!

Resultados de 17-6-2018:
Costa Rica 0 x 1 Sérvia
Alemanha 0 x 1 México
Brasil 1 x 1 Suíça

Top 64 jogos da Copa 2018:
1-Portugal 3 x 3 Espanha
2- Argentina 1 x 1 Islândia
3- Alemanha 0 x 1 México
4- Brasil 1 x 1 Suíça
5- França 2 x 1 Austrália
6- Rússia 5 x 0 Arábia Saudita
7- Costa Rica 0 x 1 Sérvia
8- Egito 0 x 1 Uruguai
9- Peru 0 x 1 Dinamarca
10- Croácia 2 x 0 Nigéria
11- Marrocos 0 x 1 Irã

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