No Mundo do Rock

Parada obrigatória

De tom biográfico, exposição low-profile que esmiúça a história do Nirvana começa no Rio; em setembro, é a vez de São Paulo. Fotos: Reprodução.

nirvanaexpo17-11Começou nesta quinta (22/6), no Rio de Janeiro, a exposição “Nirvana: Taking Punk to the Masses”, que conta a história do último grande ícone global do rock, através de imagens, fotografias, objetos pessoais, costumes e trilhas sonoras. Ao todo, são mais de 200 peças que ficarão expostas no Museu Histórico Nacional até o dia 22 de agosto.

Mais do que contar a história do Nirvana através de objetos icônicos e recordações pessoais, o objetivo da exposição é inspirar os visitantes a seguir o exemplo do grupo, no que o curador Jacob McMurray chama de “experiência humanizadora”. A velha e boa ideia de que é possível, do nada, montar uma banda de rock com o lema punk “do it yourself” e fazer uma revolução através do rock.

Não por acaso o “punk” está no título da mostra, e McMurray, que também é curador do Museu de Cultura Pop em Seattle (MoPOP), esteve no Rio na manhã desta quinta para conversar e fazer uma visita guiada com jornalistas, blogueiros e adjacências. Segundo ele, a ideia é também fugir dos dramas pessoais de Kurt Cobain (que acabou se matando em 1994) para manter o foco no entorno de uma banda de rock que chega ao estrelato fazendo música.

Por isso não há imagens gigantes do Nirvana em telões de última geração, mas fotos em tamanho 10×15 tiradas na época, ao lado de, por exemplo, integrantes do Sonic Youth, uma das grandes influências para Kurt, e cuja baixista, Kim Gordon, aconselhou a assinatura do contrato com a gigante gravadora Geffen. É opção da curadoria fugir da grandiloquência para mostrar tudo como realmente aconteceu.

nirvanaexpo17-2E também dar ênfase a objetos pessoais em detrimento de material de memorabília que nem deve ser difícil de reunir e que se espalha aos montes no mundo virtual. Assim, sobressaem a primeira guitarra que Cobain espatifou no chão, em 1989, em um show para 25 pessoas, época em que o músico sequer tinha dinheiro para pagar o aluguel, quiçá para comprar outra (imagem abaixo, à direita); o contrato padrão assinado com a gravadora Subpop, com as lacunas preenchidas à caneta, do jeito que era feito por qualquer outra banda; ou o cartaz feito à mão anunciando o primeiro show do grupo sob o nome Nirvana, com a “imagem” da Virgem Maria (imagem à esquerda).

Esses e outros cartazes da exposição se assemelham – e muito – aos feitos por aqui em casas de show underground como o Garage Art Cult, no Rio, ou outras que cada cidade brasileira tem/teve, mais ou menos na mesma época em que as sementes do Nirvana e do grunge eram plantadas lá nos cafundós agro de Seattle. Ou seja, o “do it yourself” do punk se alastrou por todo o mundo naquela época, o que não tira o mérito de Jabob McMurray de reforçar a ideia nesses dias tão estranhos.

Dias em que pessoas talvez não tenham paciência para ler os pequenos textos que identificam cada peça da exposição, processo sem o qual não se pode compreender o tom biográfico da mostra. De início, aparecem os três instrumentos tocados pela formação clássica do Nirvana, que tinha, além, de Kurt Cobain, guitarra e vocal, o baixista Krist Novoselic e o baterista Dave Grohl, com as respectivas fotos que identificam músicos e instrumentos.

Novoselic, hoje razoavelmente afastado do mundo da música, foi, segundo McMurray, figura chave para o início da coleta de peças para a mostra, e preparou uma lista de álbuns que o influenciaram, que podem ser escutados na íntegra, um por um, dentro da exposição, em frente a um painel com as respectivas capas. Grohl, hoje líder do Foo Fighters, sempre envolvido em turnês, esteve por duas vezes na mostra em Seattle. Levou inclusive as filhas, e chegou, no seu maior estilo, a “dar sustos” no público ao aparecer do nada junto da bateria; a mesma que está no Rio.

nirvanaexpo17-3Com paciência, é possível assistir também à primeira reportagem de TV feita com o Nirvana, em uma emissora local, em Seattle, e a entrevistas com músicos e produtores envolvidos com o grunge. Ou mesmo escutar o som de bandas contemporâneas como Soundgarden, Alice In Chains e Pearl Jam, usando fones de ouvido. O espaço não é dos mais amplos, mas há, a caminho da saída, ambientes destinados a frivolidades como um em que é possível o visitante fazer uma foto atrás do anzol com a nota de um dólar, igualzinho ao bebê da capa do álbum “Nervermind”.

Vale mais à pena ver a imagem não finalizada da mesma capa, enviada pela gravadora para a aprovação. Ou encarar, de perto, os manequins caracterizados como na imagem da capa do álbum “In Utero”, o último gravado pela banda. Ou olhar para a primeira fita demo gravada por Kurt Cobain, identificada como “Kurt Covain” porque o produtor Jack Endino fora apresentado a Kurt naquele dia. Ou os set lists originais escritos à mão por Dave Grohl, dos dois únicos shows que o Nirvana fez no Brasil, um em São Paulo e outro no Rio, no inesquecível Hollywood Rock de 1993. Ou mais um monte de coisa que é preciso estar lá para ver.

Outras, seguem como objeto de desejo, como a guitarra que Cobain usou durante a gravação do clipe de “Smells Like Teen Spirit”, obra-prima do rock em todas as épocas que catapultou o grupo para o sucesso global. Peça que Jacob McMurray deseja há muito tempo, mas que ainda não conseguiu capturar.

Essa é a primeira vez que a mostra, que começou a ser idealizada em 2009, e desde 2011 era fixada no museu de Seattle, é transferida para outro lugar. Lá, mais de três milhões de pessoas já visitaram. No Rio, fica até 22 de agosto, e a partir de 12 de setembro a mostra segue para São Paulo, onde permanece até 12 de dezembro, no Lounge Bienal, no Parque Ibirapuera. Os ingressos para ambas as cidades já estão à venda, veja o serviço abaixo:

nirvana

Serviço
Exposição “Nirvana: Taking Punk to the Masses”
Museu Histórico Nacional: Praça Mal. Âncora, s/n - Centro, Rio de Janeiro/RJ
De 22 de junho a 22 de Agosto de 2017
De terça a sexta, das 10h às 17h30; sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h
Classificação: 16 anos
Preços (bilheteria ou site): R$ 25, de terça a quinta-feira (R$12,50 meia entrada) ou R$ 35, de sexta a domingo (R$17,50 meia entrada)
Site: www.ingressorapido.com.br

Tags desse texto:

Comentário

Seja o primeiro a comentar!

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado