O Homem Baile

Eterno recomeçar

Altos e baixos em show morno mostra que o Jimmy Eat World precisa seguir se reinventando. Fotos: Nem Queiroz.

Muito tempo longe dos brasileiros: o líder do Jimmy Eat World, Jim Adkins, canta e toca guitarra

Muito tempo longe dos brasileiros: o líder do Jimmy Eat World, Jim Adkins, canta e toca guitarra

Mal começa o show e o vocalista pede desculpas por demorar tanto para tocar no Brasil. Afinal, com quase 25 anos de estrada, o Jimmy Eat World já deve ter viajado para tudo o que é canto, e chega a ser difícil de entender o porquê de terem demorado tanto para receber a acalorada acolhida em um Circo Voador lotado, na última terça (28/3). Ok que a atração caçula da noite, o Two Door Cinema Club (veja como foi), é que arrasta o maior número de pessoas, e a interseção entre os fãs das duas bandas não parece ser tão grande, mas a animação quando os primeiros acordes de “Bleed American”, um clássico do grupo, a segunda a ser tocada, é de chamar atenção. E é o que dá em Jim Adkins aquela sensação de “onde eu estava com a cabeça que não vim tocar aqui antes?”.

Mais simbólico entre os álbuns do JEW, “Bleed American”, de 2001, é o que cede maior número de músicas ao show, com um aprovo substancial por parte da plateia. A impressão é que os fãs das antigas sequer acompanham o trabalho mais recente do grupo, como o último álbum “Integrity Blues”, que saiu no ano passado. Por isso “Get Right”, a primeira da noite, não chega a mobilizar, em que pese a emoção de ver a banda no palco pela primeira vez. O que seria uma tônica em toda a apresentação. Assim como a carreira deles é atribulada, cheia de mudanças de direção, o show também tem altos e baixos, e, fora clássicos de uma ou outra época, depende muitos da abordagem de composições relativamente pouco conhecidas da plateia.

Para cada “Work”, por exemplo, cuja melodia cola de cara até no jovem fã do Two Door Cinema Club, há uma “23”, que pouco contribui para a manutenção do pique do show. A inclusão da insossa balada “Hear You Me” também não chega a apetecer o público, a não ser por um solitário isqueiro erguido no meio do salão, e é outra que quebra a sequência do que se espera de um show de rock. Do disco novo, a segunda a ser tocada é “Pass The Baby”, com um início sombrio e arrastado, até tomar o caminho enviesado do esporro, em uma estrutura mais pesada do que a versão de estúdio. O que ajuda na performance é que todos na linha de frente – além de Adkins, o baixista Rick Burch e o guitarrista Tom Linton – cantam muito bem, e em quase todas as músicas.

O baixista Rick Burch, Jim Adkins e o guitarrista Tom Linton: boas vocalizações em todo o show

O baixista Rick Burch, Jim Adkins e o guitarrista Tom Linton: boas vocalizações em todo o show

Em “Sweetness”, por exemplo, já na parte final do show, a força vocal é apoiada pelo público, que se envolve com a cantoria. Mas os momentos de maior vigor são mesmo quando o grupo realça sua base punk – ou poppy punk, como queiram -, em músicas como “My Best Theory”, calçada por uma ótima introdução de guitarra, que sustenta a canção; a manjada “The Middle”, que arremata a noite em grande estilo com todos cantando junto e com um fã subindo no palco; e “For Me This Is Heaven”, mais pelo arranjo que inclui uma belo solo de guitarra do que pela força da música em si. Com tantas idas e vindas em todos esses anos, a julgar por esse show, parece que o Jimmy Eat World precisa seguir se reinventando.

Set list completo:

1- Get Right
2- Bleed American
3- I Will Steal You Back
4- If You Don’t, Don’t
5- Hear You Me
6- For Me This Is Heaven
7- Lucky Denver Mint
8- Big Casino
9- My Best Theory
10- Pass The Baby
11- Futures
12- Pain
13- Work
14- 23
15- Sure and Certain
16- Sweetness
17- The Middle

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