O Homem Baile

Sempre fiel

Krisiun segue economizando material novo, mas show no Rio renova a brutalidade da música que mantém a cumplicidade dos fãs. Fotos: Maurício Porão.

O baixista e vocaliata do Krisiun, Alex Camargo, tocando com a agresividade que lhe é peculiar

O baixista e vocaliata do Krisiun, Alex Camargo, tocando com a agresividade que lhe é peculiar

“Black Force Domain”! “Black Force Domain”! É o grito do público que enche o Teatro Odisséia, no Rio, ainda no início da noite deste sábado (17/9), na expectativa de ver o Krisiun reiniciar o show mandando um de seus grandes clássicos no bis. Como de hábito, o trio tem uma performance matadora no palco, em um misto equilibrado de peso, velocidade e muita agressividade, e com perícia técnica que escapa a visão menos atenta, mas não aos ouvidos. As duas décadas e meia de carreira e intermináveis turnês pelo Hemisfério Norte dão ao grupo espécie de selo de excelência no metal extremo universal, e, brasileiros, enchem de orgulho – e ainda em mais essa – o público que o vê, no mínimo, equiparado às demais bandas do cenário metálico extramuros.

Essa forma de estabilidade, porém, talvez faça o grupo deixar de ousar, de certo modo, ao incluir somente duas músicas novas no repertório, “Scars Of The Hatred” e “Ways Of Barbarism”, ambas do disco mais recente, o ótimo “Forged in Fury”. Sabe-se que nesse caso é difícil manter muitas músicas ensaiadas, dada a complexidade da execução, e ainda que o trio define o set list minutos antes de subir no palco, mas, ainda assim, soa como verdadeiro desperdício compor, ensaiar, gravar e lançar um disco com 10 faixas inéditas para depois não explorar esse material ao vivo. Ademias, a música nova de hoje é o clássico pedido de amanhã. Tanto que “Ways of Barbarism”, realmente uma das melhores de “Forged In Fury”, por ser tocada a cada show no último ano, já é queridinha do público.

Reflexões que não passam na cabeça daqueles que se amontoam na beirada do palco ou da turba que não fica tonta nas rodas de pogo nem a pau. E que, honra seja feita, não diminui em nada a intensidade atroz de um show do Krisiun. “Combustion Inferno”, por exemplo, logo no início, por mais que seja bem conhecida por suas incríveis mudanças de andamento, do modo veloz para o modo muito rápido, ainda impacta na plateia. Outra é “Sentenced Morning”, reintegrada no repertório há pouco tempo e que ganha o povaréu na introdução muitíssimo bem trabalhada e no encerramento matador. A música, de passagens intrincadas, ressalta os incontáveis mini desdobramentos que cada composição do Krisiun pode oferecer, ainda mais quando executada ao vivo, ali na cara, sem truque algum.

Os irmãos Moyses Kolesne e Alex Camargo, respectivamente guitarra e baixo, apostam corrida no palco

Os irmãos Moyses Kolesne e Alex Camargo, respectivamente guitarra e baixo, apostam corrida no palco

Porque se o batera Max Kolesne impinge velocidade e agressividade incomparáveis, incluindo um solo até curto para a estatura dele, quem haverá de recuar? E aí os outros dois irmãos, Alex Camargo (baixo) e Moyses Kolesne (guitarra) parecem apostar corrida entre si. Cabe ao guitarrista, no meio desse espetacular tiroteio, sacar solos inventivos com os de “Apocalyptic Victory” e “Ways Of Barbarism” (de novo), só para ficarmos em dois exemplos. O show, até curto, para quem é a atração de fundo, tem ainda “Ace Of Spades”, do Motörhead, grande referência para o Krisiun, em homenagem a Lemmy Kilmister, e, no bis, atendendo ao clamor do público - adivinhem -, “Black Force Domain”. Faltou “Ominous” e sobrou um coraçãozinho nefasto ali com o Alex Camargo, mais foi um showzaço mesmo assim. Mais um, aliás.

Mais cedo, a abertura ficou a cargo do Siriun, quarteto de thrash/death metal local que amaciou os tímpanos do público para a atração principal. O grupo tocou com um baterista substituto, detalhe que nem seria percebido não fosse citado pelo vocalista/guitarrista Alexandre Castellan. Embora tenha uma boa pegada e um satisfatório entrosamento entre os músicos, o quarteto é bem novo e não esconde referências muito claras a bandas como Sepultura, por exemplo. Ao todo, são sete músicas incluídas no repertório, e as mais legais são “In Chaos We Trust”, título do álbum de estreia, com uma introdução matadora, e “Transmutation”, que tem um videoclipe na praça.

Set list completo Krisiun:
1- Ravager (Intro)
2- The Will to Potency
3- Combustion Inferno
4- Scars Of The Hatred
5- Vengeance’s Revelation
6- Ways Of Barbarism
7- Sentenced Morning
8- Descending Abomination
9- Blood Of Lions
10- Solo de bateria
11- Ace Of Spades
12- Apocalyptic Victory
13- Hatred Inherit
Bis
14- Black Force Domain

O guitarriasta e vocalista do Siriun, Alexandre Castellan: bom entrosamentos e referências claras

O guitarriasta e vocalista do Siriun, Alexandre Castellan: bom entrosamentos e referências claras

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