Exagerado
Com muita pompa, Rhapsody do guitarrista Luca Turilli faz show correto que deixa mais dúvidas do que certezas. Fotos: Maurício Porão.
Se não dá, paciência, porque depois de uma longa introdução instrumental, o grupo invade o palco como nos bons tempos do heavy metal clássico, depois melódico, depois sinfônico. Dá gosto de ver os músicos de idade avançada correndo de lado a outro do palco como de novinhos ainda fossem, e, mais ainda, as qualidades do vocalista Alessandro Conti. Ele segura muito bem o viés de alto alcance, e é auxiliado por vozes mais baixas pré-gravadas em perfeita sintonia. A música é “Knightrider of Doom”, do Rhapsody original, e é o bastante para o público vir abaixo. Parecia pouca gente, mais cedo, na abertura com o Monstractor, mas até que a massa encorpa e agita durante quase todo o set, em número maior em relação à atração de fundo, o Primal Fear (veja como foi).
E são dois componentes citados matreiramente ali em cima que deixam mais dúvidas que certezas nesse tipo de show. O primeiro é o sinfônico, que levou o heavy metal melódico (podem chamar de power metal) a um modus operandi pautado pelo exagero que faz tudo o que vem depois parecer pomposo demais, além dos limites do bom senso e do bom gosto, over dosado e enjoado pacas. O segundo é que, ao vivo e sem teclados, o espetáculo é repleto de sons gravados, pedais que sintetizam a sonoridade das guitarras a ponto de elas soarem como teclados, numa difícil equalização até para um local com boa estrutura de som como o Circo. E, no fim das contas, com uma maçaroca sonora dessas, com tanta coisa artificial, fica difícil saber o que realmente é real. Porque, se não for tudo feito na hora, ao vivo, ali em cima do palco, que graça tem a música, o rock, e, sobretudo, o heavy metal?De verdade mesmo é o interesse da plateia pelo show, e vale ressaltar que mais ou menos metade das músicas do repertório é do Rhapsody original, cujas composições, honra seja feita, são de autoria de Luca Turilli. Ou, seja jogo ganho com clássicos do naipe de “Unholy Warcry”, que dispara um pula-pula já ao ser reconhecida, em que pese um duelo vocal de Conti com o além; o arremate com “Dawn of Victory”, que já era pedida no meio do salão; ou “The Pride Of Tyrant”, dona de poderoso refrão, que não vinha sendo relacionada. Contudo, as músicas mais recentes, todas do segundo álbum da banda de Luca Turilli, que saiu no ano passado, soam como reles preenchedores de espaço, assim como os três (!) solo, de guitarra, baixo e bateria (Alex Landenburg), sendo este espécie de respiro orgânico, embora parcialmente embolado com o tema de “Game Of Thrones”. Positivamente, passou do ponto.
Curiosamente o Monstractor, do interior do estado do Rio, foi a banda mais pesada da noite, na abertura, ainda antes das 20h. O grupo, que vai na linha de um thrash pesadão inspirado em Sepultura e adjacências, mandou oito músicas com a adesão de quem chegou mais cedo, e, mesmo em direção oposta à das bandas principais, cativou a plateia com muito bater de cabeça, coisa difícil de acontecer em um passado não muito distante. A cada música a intensidade com que os guitarristas tocavam entre si era aumentada, com destaque para Diego Monsterman, emérito esmerilhador das seis cordas, que empunha o instrumento como se viola fosse, na altura do peito/pescoço. Divertido.Set list completo Luca Turilli’s Rhapsody:
1- Knightrider of Doom
2- Rosenkreuz (The Rose and the Cross)
3- Land of Immortals
4- Unholy Warcry
5- Son of Pain
6- Prometheus
7- Solo bateria
8- Il cigno nero
9- Solo guitarra
10- The Pride Of Tyrant
11- Demonheart
12- Solo baixo
13- Dawn of Victory
Bis
14- Emerald Sword
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A banda do lione é Rhapsody OF fire e não on.
Corrigido. Obrigado!