O Homem Baile

Direto na cara

Com carisma e simpatia, Primal Fear mostra a força de boas composições do heavy metal tradicional. Fotos: Maurício Porão.

O tempo também passa para Ralf Scheepers, mas a sua voz que afinada do início ao final do show

O tempo também passa para Ralf Scheepers, mas a sua voz que afinada do início ao final do show

Os quatro galalaus estão na beirada do palco cantando e agitando uma incansável plateia, participativa que só ela. A música, lançada há quase 20 anos, é tida como uma das melhores do grupo de origem alemã emblematizado por uma águia gigante de asas abertas. Sustentada por um riff e um andamento pesado e reto, a canção é praticamente a fórmula perfeita do heavy metal - tradicional ou não – que tem sido repetido ao longo dos anos, para o bem ou para o mal, fazendo a alegria das turbas metálicas mundo afora. No Rio não é diferente, e já na parte final do show no Circo Voador, o Primal Fear bota “Chainbreaker” pra funcionar com todas as suas forças.

A principal delas é o vocalista Ralf Scheepers, espécie de Rob Halford encorpado que permanece com o gogó em dia depois de mais de meio século de aventuras, boa parte delas no meio metálico; já cantou até no Gamma Ray. Ladeado pelo baixista Mat Sinner, lenda alemã de idade incalculável, ele distribui simpatia e uma aura positiva sobre o público que, somada a um repertório reto, direto e preciso, faz do show um dos mais legais que passaram pelo Circo nos últimos tempos. E não só por isso. A dupla de guitarristas, Tom Naumann e Alex Beyrodt, está especialmente inspirada, executando as músicas com peso e técnica que lhe são íntimos, mas, também, com grande interatividade com o púbico e entre eles, no palco. Na bateria, o correto Francesco Jovino não deixa saudades de Aquiles Priester, que durou pouco no posto.

Primal Fear em força bruta: Scheepers agita ao lado dos guitarristas Tom Naumann e Alex Beyrodt

Primal Fear em força bruta: Scheepers agita ao lado dos guitarristas Tom Naumann e Alex Beyrodt

O show é o primeiro de uma turnê pela América do Sul, e que tem o Rhapsody de Luca Turilli como banda de abertura (veja como foi). É também a oportunidade para mostrar as músicas do álbum mais recente, “Rulebreaker”, que saiu em janeiro, e, pelo visto, já é de amplo conhecimento por parte do público. Duas aparecem num início de show que é pressão pura, com um bloco de quatro músicas coladas umas nas outras. São elas “In Metal We Trust” (dá pra vestir mais a camisa que isso?), com o canhoto Naumann debulhando a guitarra sem piedade, e a própria “Rulebreaker”, de refrão chiclete e com a clássica cadência do heavy metal à Judas Priest, salientando o primeiro de muitos duelos entre Beyrodt e Tom Naumann. Repita-se: o início é um massacre das guitarras pesadas do heavy metal.

Outra das novas que surpreende pela participação do público é “The End Is Near”, que engatilha, por vocação, uma roda de dança que não cessaria mais ao longo da noitada metálica. Mas, ausente do Rio por mais de 15 anos (essa é a terceira vinda), o quinteto não se furta em tocar bastante coisa “das antigas”, e o repertório cobre quase todos os 11 discos de uma carreira que já beira duas décadas. Assim, “Final Embrace” é abertura de segurança que desencadeia um cantarolar do nada; “Sign Of Fear” reforça o ótimo trabalho de guitarras, com certo “quê” de hard rock por conta de Alex Beyrodt; e “Metal Is Forever” tem o vocal carregado de um “eco do bem” reproduzido da gravação original para conquistar a adesão final à custa de outra dobradinha refrão + riff colante.

O histórico baixista Mat Sinner, com extensa folha de serviços prestados ao metal, ainda com muito gás

O histórico baixista Mat Sinner, com extensa folha de serviços prestados ao metal, ainda com muito gás

No bis, um plus a mais. Em vez do encerramento com “Rollercoaster”, de forte sotaque pop graças a de outro refrão dos bons, como tem sido frequente nessa turnê, o grupo acrescenta “Running In The Dust”. A música tem a letra ligeiramente modificada para incluir a Cidade Olímpica no contexto, e serve também para mostrar como Scheepers, depois de quase hora e meia, e de sofrer com as mudanças de temperatura das viagens aéreas, segue com a afinação em ótimo estado. Mais uma prova de que tocar bem pode não ser tão fácil, mas compor boas músicas e fazer um show com carisma/simpatia do jeito que o Primal Fear faz é que são elas.

Set list completo:

1- Final Embrace
2- In Metal We Trust
3- Angel in Black
4- Rulebreaker
5- Sign of Fear
6- The Sky is Burning
7- Nuclear Fire
8- Angels of Mercy
9- The End Is Near
10- When Death Comes Knocking
11- Chainbreaker
12- Metal Is Forever
Bis
13- Rollercoaster
14- Running in the Dust

Ralf Scheepers segue com o punho em riste, ao lado de Beyrodt, que toca com uma pegada hard rock

Ralf Scheepers segue com o punho em riste, ao lado de Beyrodt, que toca com uma pegada hard rock

Tags desse texto:

Comentários enviados

Sem comentários nesse texto.

trackbacks

There is 1 blog linking to this post
  1. Rock em Geral | Marcos Bragatto » Blog Archive » Exagerado

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado