Direto na cara
Com carisma e simpatia, Primal Fear mostra a força de boas composições do heavy metal tradicional. Fotos: Maurício Porão.
A principal delas é o vocalista Ralf Scheepers, espécie de Rob Halford encorpado que permanece com o gogó em dia depois de mais de meio século de aventuras, boa parte delas no meio metálico; já cantou até no Gamma Ray. Ladeado pelo baixista Mat Sinner, lenda alemã de idade incalculável, ele distribui simpatia e uma aura positiva sobre o público que, somada a um repertório reto, direto e preciso, faz do show um dos mais legais que passaram pelo Circo nos últimos tempos. E não só por isso. A dupla de guitarristas, Tom Naumann e Alex Beyrodt, está especialmente inspirada, executando as músicas com peso e técnica que lhe são íntimos, mas, também, com grande interatividade com o púbico e entre eles, no palco. Na bateria, o correto Francesco Jovino não deixa saudades de Aquiles Priester, que durou pouco no posto.
O show é o primeiro de uma turnê pela América do Sul, e que tem o Rhapsody de Luca Turilli como banda de abertura (veja como foi). É também a oportunidade para mostrar as músicas do álbum mais recente, “Rulebreaker”, que saiu em janeiro, e, pelo visto, já é de amplo conhecimento por parte do público. Duas aparecem num início de show que é pressão pura, com um bloco de quatro músicas coladas umas nas outras. São elas “In Metal We Trust” (dá pra vestir mais a camisa que isso?), com o canhoto Naumann debulhando a guitarra sem piedade, e a própria “Rulebreaker”, de refrão chiclete e com a clássica cadência do heavy metal à Judas Priest, salientando o primeiro de muitos duelos entre Beyrodt e Tom Naumann. Repita-se: o início é um massacre das guitarras pesadas do heavy metal.Outra das novas que surpreende pela participação do público é “The End Is Near”, que engatilha, por vocação, uma roda de dança que não cessaria mais ao longo da noitada metálica. Mas, ausente do Rio por mais de 15 anos (essa é a terceira vinda), o quinteto não se furta em tocar bastante coisa “das antigas”, e o repertório cobre quase todos os 11 discos de uma carreira que já beira duas décadas. Assim, “Final Embrace” é abertura de segurança que desencadeia um cantarolar do nada; “Sign Of Fear” reforça o ótimo trabalho de guitarras, com certo “quê” de hard rock por conta de Alex Beyrodt; e “Metal Is Forever” tem o vocal carregado de um “eco do bem” reproduzido da gravação original para conquistar a adesão final à custa de outra dobradinha refrão + riff colante.
No bis, um plus a mais. Em vez do encerramento com “Rollercoaster”, de forte sotaque pop graças a de outro refrão dos bons, como tem sido frequente nessa turnê, o grupo acrescenta “Running In The Dust”. A música tem a letra ligeiramente modificada para incluir a Cidade Olímpica no contexto, e serve também para mostrar como Scheepers, depois de quase hora e meia, e de sofrer com as mudanças de temperatura das viagens aéreas, segue com a afinação em ótimo estado. Mais uma prova de que tocar bem pode não ser tão fácil, mas compor boas músicas e fazer um show com carisma/simpatia do jeito que o Primal Fear faz é que são elas.Set list completo:
1- Final Embrace
2- In Metal We Trust
3- Angel in Black
4- Rulebreaker
5- Sign of Fear
6- The Sky is Burning
7- Nuclear Fire
8- Angels of Mercy
9- The End Is Near
10- When Death Comes Knocking
11- Chainbreaker
12- Metal Is Forever
Bis
13- Rollercoaster
14- Running in the Dust
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