Com uma história no post rock nacional há mais de 10 anos, o Labirinto não fica devendo nada aos grupo internacionais que, como ele, participam da edição de estreia do Overload Music Fest, que acontece no Rio e em São Paulo, na semana que vem. E a banda vai aproveitar o “muito produtivo” ano de 2014 para apresentar duas músicas novas nesse show, que abre a edição paulistana no evento; no Rio, uma apresentação solo está em vias de ser agendada.

Também lançado este ano, o single “Masao”, com cerca de 25 minutos de duração, está garantido no repertório da apresentação, como nos conta o guitarrista Erick Cruxen, nesse bate-papo por e-mail. A música homenageia um trabalhador da usina de Fukushima, no Japão, que segurou as pontas após o tsunami de 2011 (saiba mais). Além de Cruxen, fazem parte do Labirinto Felipe Freitas e Luis Naressi (guitarras e sintetizadores), Ricardo Pereira (baixo) e Muriel Curi (bateria).

Com boa articulação na cena post rock mundial, o Labirinto frequentemente faz turnês no exterior e tem trabalhos produzidos e lançados em vários países. No Brasil, toda a discografia da banda tem o download gratuito liberado, ou seja, para quem não conhece, é só dar uma escutadinha antes dos show do festival. Erick Cruxen também fala das bandas do Overload Music Fest, dos planos para o próximo álbum e do desafio de se fazer post rock no Brasil. Olha aí:

Rock em Geral: Por que vocês tocam apenas na versão paulistana do Overload Music Fest? Ficou um gostinho de “queríamos tocar no Rio também”?

Erick Cruxen: No Rio, o festival será dividido em dois dias, não possibilitando outras apresentações no mesmo dia em função dos horários do Teatro Rival; ao contrário de São Paulo que contará com mais tempo, para proporcionar os shows de todas as bandas no mesmo dia. Mas estamos armando, com a produção do Overload, um show do Labirinto no Rio ainda esse ano. Devemos divulgar a data em breve.

REG: Vocês acham que as bandas escaladas para o festival têm afinidades com o Labirinto, incluindo o tipo de som de cada uma e o público interessado?

Erick: Sim, principalmente com o God is an Astronaut que é uma das grandes referências do Labirinto, desde os primórdios da banda. No caso das outras bandas, vejo uma diferença sonora mais evidente - exceto no caso do Alcest (entrevista aqui), por exemplo, que temos notado muitos apreciadores da banda também virem nos contatar nas mídias sociais -, mas ainda mantendo alguma similaridade musical, o que permite que o público, de uma forma geral, aprecie todo o line up.

REG: Como uma banda de post rock, o Labirinto tem músicas de longa duração. Nesse sentido, como fazer um set list para um show de abertura de festival, cuja duração não deve ser muito grande?

Erick: O tempo que teremos para nos apresentar no festival é semelhante ao que sempre tocamos em outros shows. Assim, a forma de organizar nosso set list será praticamente igual a de outras apresentações. Na verdade, todas as bandas do festival possuem tempos parecidos para se apresentarem, com exceção do God is an Astronaut, que encerrará a noite com um show mais longo, eu imagino.

REG: Vocês já pensaram como será esse set list, se terá coisas mais novas ou mais antigas?

Erick: O set list para o Overload contará com as músicas que já tocamos em nossas últimas apresentações. São duas músicas do split “Labirinto & Thisquietarmy” (2013), o single Masao (lançado em 2014), e mais duas músicas inéditas que sairão no próximo disco, com lançamento previsto para o segundo semestre de 2015, e que estão no vídeo lançado na semana passada: http://youtu.be/vquqHCK3I1E

REG: Além das músicas, sempre com arranjos caprichados, vocês estão planejando algum tipo de feito visual para o show de vocês?

Erick: Sempre procuramos projetar imagens relacionadas às músicas, que são tocadas ininterruptamente, sem pausas. As projeções visuais são preparadas de acordo com cada set que tocamos. Em cada show é contada uma história, com imagem e som. Contudo, no Overload, é possível que não haja a possibilidade de projeção.

REG: O que vocês diriam para quem vai ao festival ver as bandas internacionais chegar mais cedo para o show do Labirinto?

Erick: O festival será um evento único no Brasil! O que tem nos surpreendido bastante é que o público do Labirinto irá em peso ao festival (alguns até que não conhecem as outras bandas). Muitos tem interagido conosco pelas mídias sociais confirmando que chegarão cedinho e ficarão até o último minuto! E para quem não conhece o Labirinto, e estará no festival, pode ouvir nossa música: www.labirinto.mus.br

REG: O Labirinto tem um bom intercâmbio internacional no meio do post rock. Conte como vocês conseguem e como funciona isso:

Erick: Creio que devido as nossas turnês, shows em festivais no exterior e, praticamente, o contato diário com bandas, selos, produtoras e público estrangeiro, conseguimos manter uma grande interação com o pessoal de fora do Brasil. A dedicação com o público nas mídias sociais e a própria linguagem de nossas músicas também contribuem muito nisso. A internet, certamente, ajuda muito a manter os laços próximos, mesmo estando há uma grande distância física, contudo nada substitui o contato pessoal, e procuramos reencontrar os fãs estrangeiros, que sempre nos apoiam, e as pessoas que interagem no mesmo meio que nós, em toda turnê que fazemos.

REG: Recentemente vocês lançaram o single “Masao”, quais os planos de novos lançamentos e turnês?

Erick: Em 2014, lançamos o single e um vídeo ao vivo com “Masao” e mais duas músicas inéditas (“Avernus” e “Alamut”), que mencionei acima. O ano de 2014 está sendo muito produtivo, em relação a shows, festivais e interação com nosso público no Brasil. Já estamos preparando nosso próximo disco cheio, que será lançado em 2015. Provavelmente, iremos realizar duas turnês internacionais no ano que vem, além de shows por aqui. Temos bastante trabalho pela frente!

REG: Toda a discografia do Labirinto está com o download gratuito liberado. É essa a melhor forma de fazer a música de vocês circular? É duro fazer post rock no Brasil?

Erick: Certamente, essa é a melhor forma para poder divulgar o material de uma “banda alternativa”. Já foi muito mais difícil fazer música instrumental (nem tanto por ser post rock/metal) no Brasil. Devido à internet, ao maior contato com as bandas gringas, e ao surgimento de diversos grupos instrumentais por aqui, esse tipo de música recebeu mais aceitação e admiração. Conquistamos um público muito bacana ao logo de 10 anos de Labirinto e continuaremos sempre fazendo a música que amamos, independente de o meio ser mais propício ou não ao estilo da nossa música.

OVERLOAD MUSIC FEST

O Overload Music Fest acontece no Rio e em São Paulo, em setembro. Os shows acontecem no Teatro Rival, no Rio, nos dias 4 (Alcest e God Is An Astronaut) e 5 (Fates Warning e Swallow The Sun,); e no Via Marques, em São Paulo, no dia 6, com todas as bandas reunidas e ainda a nacional Labirinto. Ainda há ingressos para as três noites. Clique aqui para saber como comprar as entradas para os shows do Rio, e aqui para o shows de São Paulo.

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