Curto, mas intenso
De volta ao Rio em menos de dois anos, Black Label Society apresenta novas músicas, mas economiza no repertório. Fotos: Felipe Diniz/Divulgação Circo Voador.
Mas a imagem que deve ficar na cabeça de todos é a de Wylde exibindo o colete com a marca do Black Label, ou sobre a plataforma socando o peito com os dois punhos cerrados sem dó, no final da noite. O guitarrista, contudo, ficou devendo. Subtraiu duas músicas do repertório que vinha sendo tocado na turnê, incluindo “Overlord”, uma de suas melhores performances ao vivo, e, quando teve a oportunidade de solar, gastou 10 minutos percorrendo o braço da guitarra em uma velocidade quase estéril. O que prova a tese que Zakk Wylde é muito melhor integrado à banda do que como virtuose solitária. Tanto que os solos no final de “Concrete Jungle”, uma das melhores da noite, e de “My Dying Time”, uma das poucas em que Lorina aparece, em um duelo até curto, pelo tamanho do prazer que proporciona, deixaram o tal momento solo na poeira.
A música é uma das quatro do novo álbum, “Catacombs Of The Black Vatican”, que entram no repertório. Outra, “Damn The Flood”, é que mais empolga a plateia entre as novas, tanto que uma roda de pogo enfim se abre no meio do público, na maior parte do tempo contemplativo e com os braços erguidos em coreografia ensaiada por vocação. A música – e isso não é novidade no BLS – tem um riff sabathiano talhado para bateção de cabeça e é, de fato, o que acontece. Outra em que o mesmo efeito aparece é “Godspeed Hell Bound”, na qual o peso absurdo toma conta do Circo Voador seguramente deixando ouvidos a zumbir a noite toda, e isso é ótimo. Wylde usa seis modelos de guitarras diferentes, cinco com estampas geométricas em duas cores.Em relação ao show de 2012 (veja se foi melhor), além das quatro novas, o repertório teve duas músicas diferentes inseridas: “The Beginning… At Last” e “Funeral Bell”, as primeiras da noite, quando de cara Wylde toca com a guitarra nas costas. Resgatada do álbum “The Blessed Hellride”, “Funeral Bell” tem um riffaço de enlouquecer cabeludo doido e é a primeira a empolgar de verdade, após um leve ajuste no som que encorpou ainda mais a massa sonora produzida pelo quarteto. “Parade of the Dead” forma com a já citada “Overlord” a dupla cuja ausência é difícil de aceitar, muito embora o solo de teclado de 2012, diga-se de passagem, não tenha feito falta alguma. Dessa vez Zakk Wylde só toca o instrumento na introdução de “In This River”, num momento relax da noite. Dario Lorina tira onde na lap steel guitar em “Angel Of Mercy”, a balada pesada da vez, faixa do novo álbum.
Na parte final do show – só uma horinha e vinte minutos? – é a já citada “Concrete Jungle” que comanda. A música, cuja melodia que é um verdadeiro achado, e tem ponte e refrãos certeiros, não é um clássico da banda por acaso. Antes, em “The Blessed Hellride”, Wylde repete a cena de 2012 quando ele e Lorina usam um modelo double neck cada um, com braços de 12 e seis cordas e superfície espelhada. Wylde toca a música em uma e sola na outra, mas Dario Lorina não usa as 12 cordas. “Stillborn” mantém o tradicional encerramento e a expectativa para um bis não se prolonga, num dos shows mais curtos da história do Black Label Society como banda principal. Foi bom, mas, ao mesmo tempo, ficou devendo.Set list completo
1- The Beginning… At Last
2- Funeral Bell
3- Bleed for Me
4- Heart of Darkness
5- Suicide Messiah
6- My Dying Time
7- Damn the Flood
8- Guitar Solo
9- Godspeed Hell Bound
10- Angel of Mercy
11- In This River
12- The Blessed Hellride
13- Concrete Jungle
14- Stillborn
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