Pilhado
Na primeira vez com show solo no Rio, Black Label Society atrai bom público e brilha através da guitarra diferenciada de Zakk Wylde. Fotos: Luciano Oliveira.
O riff e o peso à Black Sabbath (o pedestal não tem caveiras, terço e crucifixo por acaso) são a marca registrada do Black Label Society, que, no entanto, deixa de lado as passagens mais lentas, tornando o som mais porrada em todos os sentidos. Aficionado pelo instrumento, Wylde exibe vários modelos listrados, em círculos – clássico -, em paralelas, zigue-zague, etc. Pode ter passado batido, mas registra-se que ele entrou nessa onda muito antes de as listras vermelhas e brancas do White Stripes, queridinho da mídia, fazer sucesso. Se Jack White é reconhecidamente talentoso, Zakk Wylde está muito à frente como compositor, e, sobretudo, criador de riffs triturantes. Em “The Blessed Hellride”, faixa-título do álbum de 2003, o exagero: Wylde e o outro guitarrista, Nick Catanese, exibem um modelo double neck cada um, com braços de 12 e seis cordas. Se Zakk Wylde debulhou as duas durante a música, Catanese não tocou no braço das 12 cordas. Mas o que vale é o impacto visual.
Entre as músicas mais recentes, “Godspeed Hellbound” iniciou a noite atropelando e coube a “Overlord” um dos melhores momentos da noite, em que a condução riffônica pesada e cadenciada elevou os punhos cerrados em ritmo instintivamente ensaiado pelo poder do rock. Em “Forever Down”, um punhado de bolas de gás pretas é lançado sobre o público, mas o efeito é ruim: é pouca bola pra muita gente. A climática “In This River” é o único momento de descanso para os ouvidos, e vem depois de um solo de teclado no qual Zakk Wylde prova que é músico dos bons. Quase deu para balançar os braços erguidos. É quando ele apresenta a banda, numa das poucas vezes em que dirigiu a palavra à plateia, em idioma parecido com o inglês. O outro momento solo, com a guitarra em punho, é uma destruição só, num misto de técnica, velocidade não estéril e peso cavalar. Wylde passeia de lado a outro do palco, enlouquecendo o público, sobretudo o do gargarejo, flagrado nos telões laterais.Embora tenha instigado o público para tocar uma música a mais, no final, o set list, encerrado com a já citada “Stillborn”, é exatamente o mesmo de toda a turnê pela América Latina. Uma tacada certa, ainda mais se consideramos que, nos últimos tempos, as coisas mudaram muito para Zakk Wylde. Ele deixou de ser guitarrista de Ozzy depois de duas décadas, e, vitimado por uma rara doença sanguínea, não pode mais beber - o líquido da latinha com a qual ele brindou o público seguramente não continha álcool. E isso à frente de uma banda cuja fonte de inspiração, já no nome, é a bebida. Tendo agora o Black Label Sociey como atividade principal, Wylde se depara com um universo de novos caminhos, e, a depender do belo show deste sábado, o Rio já faz parte desse novo capítulo a ser publicado. Parabéns aos envolvidos.
Set list completo1- Godspeed Hellbound
2- Destruction Overdrive
3- Bored to Tears
4- Berserkers
5- Bleed for Me
6- The Rose Petalled Garden
7- Solo teclado
8- In This River
9- Forever Down
10- Solo guitarra
11- Parade of the Dead
13- Overlord
13- The Blessed Hellride
14- Suicide Messiah
15- Concrete Jungle
16- Stillborn
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