Som na Caixa

Soundgarden
Superunknown 20 Years Deluxe Edition

(Universal)

soundgardensuperunknown20brasilDemorou um pouco para o Soundgarden lançar material inédito desde que anunciou o retorno na virada de 2009 para 2010, já que o grupo disse se concentrar, em princípio, no resgate de material antigo. É dessa seara que enfim sai este filé – antes foram um disco ao vivo e uma coletânea - para comemorar o aniversário de 20 anos do lançamento de “Superunknown”, o disco de maior sucesso de uma das bandas de maior destaque do que ficou combinado chamar de grunge. Além do álbum original remasterizado, um segundo disco traz outras 16 faixas, a maioria não lançada antes, muito menos no Brasil.

“Superunknown” – vale a lembrança – é o disco de maior sucesso do Soundgarden, contabilizando quase 4 milhões de cópias vendidas (cinco “discos de platina”) só nos Estados Unidos, antes deste relançamento chegar às lojas. Encabeçado pela baladaça de sotaque setentista “Black Hole Sun”, o álbum rendeu outros quatro singles e é o único da banda alcançar o topo da parada americana. Ao colocar o disco para tocar na vitrola com o distanciamento dos 20 anos, emergem grandes sucessos que nem pareciam ser todos da mesma cria. Além de “Black Hole Sun”, há músicas marcantes da carreira do Soundgarden incluídas até hoje nos shows, como, pela ordem, “Feel On Black Days”, “My Wave”, “The Day I Tried to Live”, “Like Suicide”, “Superunknown” e “Spoonman”. Ou seja, já temos aí metade das faixas, fora a genial “Black Hole Sun”.

O disco, contudo, tem outras pérolas que, se passaram despercebidas à época, ajudaram a lhe garantir o status de um dos melhores em todos os tempos, muito embora o “rock torto” do Soundgarden poucas vezes seja assim louvado. É fácil ver vantagem na sutileza de “Mailman”, na sombriamente densa “Limo Wreck” ou na simplicidade calma de “4th Of July”. Só a atenção renovada nessas três já vale a reedição do disco, mas é o segundo CD o mais revelador, porque não traz apenas um apanhado de músicas em versões quase iguais às que estão no álbum e como ficaram conhecidas ao longo dessas duas décadas. E isso sem contar as quatro últimas faixas, inéditas de verdade.

A crua versão demo de “Black Hole Sun”, se não supera a que foi para o disco, fornece ao ouvinte a sensação de uma performance particular na sua própria sala de estar, e é disso que o fã gosta. Entre as faixas gravadas em ensaio, sem interrupções, nas quais se vê a voz de Chris Cornell em seu estado mais puro buscando a afinação, é “Head On” que se destaca. E o supergrave de “Black Days III”, meio demo, meio ensaio, realça uma versão sinistríssima e suja de “Feel On Black Days”, sem guitarras. Entre as quatro faixas nunca lançadas no Brasil, a boa “Birth Ritual”, da trilha do filme “Singles”, emblema da Seattle grunge dos anos 1990, aparece na versão demo e salva a lavoura; as outras três passam batido. Duas outras músicas lançadas na época em singles ou EPs, “Cold Bitch” e “Motorcycle Loop” foram omitidas nesse apanhado.

O desfecho em grande estilo vem com as quatro faixas inéditas. É que os caras pegaram as demos de “Spoonman” e “The Day I Tried To Live” e deram para uma mixagem de hoje, o que encorpou – e muito – o conjunto sonoro das duas. Já as demos de “4th Of July” e “Superunknown” viraram músicas instrumentais da pesada, literalmente. Mas essas só os fortes entenderão. Vale o registro, por fim, de que esta é a versão mais simples dos relançamentos de 20 anos de “Superunknown”. As versões mais caprichadas, só lançadas no exterior, têm mais faixas demo e gravadas de ensaio, um Blu-ray de áudio com todas as faixas em mixagem 5.1 e até um vinil com encarte gigante com a arte original expandida (clique aqui e veja todos os detalhes).

Tags desse texto:

Comentários enviados

Sem comentários nesse texto.

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado