Som na Caixa

Keane
The Best Of Keane

(Universal)

keanebestofDez anos e quatro álbuns lançados é o suficiente para o lançamento de uma coletânea? Para o Keane, sim, e esta “Best of” (literalmente) reúne, na versão mais simples, 17 faixas dos álbuns do grupo, uma meia novidade, “My Shadow”, do EP “The Night Train”, e duas faixas inéditas, que sobraram do álbum mais recente, “Strangeland”, lançado no ano passado. Tanto “Higher Than the Sun”, que apresenta um refrão colante logo no início, mas tem melodia comum que aponta para um “ôôô” no final, como “Won’t Be Broken”, também de fácil assimilação e de alto poder cantarolante, não fariam feio e poderiam ter entrado no disco.

Parece, no entanto, que as duas não caíram no gosto do quarteto, uma vez que, em vez de puxar a fila, aparecem no final do disco, respeitando a ordem cronológica em que as faixas foram lançadas. E aí leva vantagem o segundo e mais bem sucedido disco, “Under the Iron Sea” (2006), a julgar pela parada americana, com nada menos do que sete das 12 músicas incluídas. O de estreia, “Hopes And Fears” (2004), bem vendido no mercado americano, aparece com cinco faixas, sobrando pouco tempo para “Perfect Symmetry” (2008), com só duas, e “Strangeland” (2012), com três. Contabilizações à parte, da escolha se conclui que a mudança impingida em “Perfect Symmetry” parece não ter mesmo agradado ao Keane.

Explica-se que nesse álbum (resenha aqui) o grupo embarcou de cabeça numa onda dançante que outras bandas britânicas contemporâneas, como o Franz Ferdinand, por exemplo, também ilustraram. A guinada, pode não parecer, era uma inciativa de tentar deixar para trás as referências ao Coldplay, coisa comum às bandas britânicas daquela época. No caso do Keane, o teclado “sensível” foi levado às últimas consequências, a ponto de o grupo sequer ter um guitarrista de origem em sua formação. Não que “Perfect Symmetry” fosse lá uma grande revolução musical, mas, ao menos representava um caminho, deixado de lado, em princípio em “Srangeland”, e também ao que parece, na escolha deste “best of”. Ou, por outra, as opções foram mesmo pautadas pelo sucesso comercial, individual, de cada single.

Porque, a bem da verdade, hits é que não faltam. Você pode escolher entre “Is It Any Wonder?”/“Nothing in My Way”, que funcionam muito bem juntas desde a origem; a por vezes menosprezada “Crystal Ball”, cujo efeito de guitarra sintetizada sustenta linda melodia; a versão remixada arrasa quarteirão de “Spiralling”, um dos grandes hits globais do Keane, tocado e baixado a torto e a direito; as recentes “Silenced by the Night” e “Sovereign Light Café” (shalalá included); ou mesmo a sutil “Bedshaped”. Qualquer uma delas é satisfação garantida ou sua guitarra de volta.

Agora, aquele que é fã de verdade e estiver com um tutu a mais no bolso vai optar por uma versão bem mais caprichada como a “deluxe version”, com 38 músicas, em CD duplo, incluindo raridades e lados B do grupo. Ou a “super deluxe”, que ainda tem um DVD exclusivo, com um show acústico gravado recentemente (mais detalhes aqui). Mas o CD simples dá, sim, um bom apanhando do que é o Keane, ainda mais para neófitos. E não eixe de ler o texto do encarte, assinado pelos integrantes do grupo e que conta a história emocionante de fãs de rock que montam uma banda rumo ao sucesso. Tem até a descrição de umas braçadas na Praia de Ipanema. Olha que coisa mais linda.

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