O Homem Baile

Nos moldes

Com remanescentes do Yes, Circa mantém a sonoridade típica do rock progressivo, em show bom, mas pouco concorrido, no Teatro Rival, no Rio. Foto: Louise Palma/ Divulgação.

Billy Sherwood, na guitarra e vocal, e o animado tecladista Tony Kaye, um dos fundadores do Yes

Billy Sherwood, na guitarra e vocal, e o animado tecladista Tony Kaye, um dos fundadores do Yes

Chamar o Circa de supergrupo pode soar exagerado, já que, na verdade, o quarteto só existe por conta as constantes mudanças de formação do Yes, tocado pelo punho de aço do baixista Chris Squire. Mas não se pode desprezar a presença do tecladista da formação original do grupo, Tony Kaye. Ele dividiu as atenções ontem, no Teatro Rival, no Rio, com Billy Sherwood, que canta e toca guitarra. Multi-instrumentista, Sherwood integrou o Yes a partir dos anos 90. Não por acaso seu modo de tocar guitarra se assemelha ao de Trevor Rabin – para o desespero dos fãs mais conservadores – e a voz busca o tom – quase sempre sem sucesso – de Jon Anderson. Talvez por isso, mesmo próximo de Squire, Sherwood não tenha sido cogitado para cantar no Yes na atual fase, pós Anderson (leia mais aqui).

Musicalmente as semelhanças param por aí. Apesar das inserções de Kaye, o som do Circa é mais pesado, calcado nas melodias da guitarra, e não tem o baixo dominante de Squire. O baixista Ricky Tierney, discreto, só marca presença ao fazer as vezes do próprio Squire, no clássico “Roundabout”, que fecha a noite em grande estilo. Na maior parte do tempo é Sherwood quem conduz o grupo. Os solos de “Brotherhood Of a Man”, que arrancam aplausos do público, e a jam instrumental de “Remember Along The Way”, na parte final, são bons exemplos. O que prevalece, porém, são estruturas musicais complexas e mudanças de andamento daquelas que deixam o fã de rock progressivo de queixo caído. Mas não colam na cabeça do ouvinte menos experimentado.

Da parceria com Chris Squire, Sherwood resgata “The More We Live”, a única dele no álbum “Union”, de 1991. Embora tenha o título citado antes do início, a canção não soa familiar por boa parte da plateia, mas tem uma das melhores evoluções de guitarra da noite, com Tony Kaye - sempre empolgado - curtindo um raro momento como coadjuvante. O tecladista começou mostrando serviço já na segunda música, “Ever Changing World”, quando, na larga introdução, inseriu o riff de “Smoke On The Water”, do Deep Purple, numa referência/homenagem a Jon Lord, que passara dessa para outra na última segunda (leia aqui). Em seu solo – nem tão grande para um show de rock progressivo – Kaye não foi tão referente assim. Só os fãs mais dedicados reconheceram trechos de músicas além da introdução de “Changes”, do álbum “90125” (aquele de “Owner Of A Lonely Heart”), que deu a cara mais pop ao Yes, em 1983.

Divorciada, na maior parte do tempo, dessa sonoridade mais pop, no sentido de cativar o ouvinte, a música do quarteto realça mais quando as partes instrumentais descambam para os duelos entre Kaye e Sherwood. Mesmo porque a dupla da cozinha (o baterista Scott Connor completa o time), embora não deixe a desejar, ocupa com resignação o seu papel. É o que acontece em “If It’s Not Too Late”, que estoura facilmente os 12 minutos, e a já citada “Brotherhood Of a Man”. Curiosamente é no bis que o grupo revela a faceta mais acessível, com “Cut The Ties”, curta e de refrão fácil. A música é uma das que a plateia já conhecia de antemão e arrematou com leveza um bom show de rock progressivo, cujo senão maior foi o público pouco numeroso.

Set list completo:

1- And So On
2- Ever Changing World
3- Together We Are
4- True Progress
5- The More We Live
6- Remember Along The Way
7- Waiting/Tme And a Word
8- Brotherhood Of a Man
9- Halfway Home
10- If It’s Not Too Late
11- Cast Away
12- Roundabout
Bis
13- Cut The Ties

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. André Motta em julho 18, 2012 às 12:57
    #1

    Foi um grande show, sem dúvida ! Pena não ter sido bem divulgado, pois o teatro estava bem vazio. Uma grande noite !

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