Nos moldes
Com remanescentes do Yes, Circa mantém a sonoridade típica do rock progressivo, em show bom, mas pouco concorrido, no Teatro Rival, no Rio. Foto: Louise Palma/ Divulgação.
Musicalmente as semelhanças param por aí. Apesar das inserções de Kaye, o som do Circa é mais pesado, calcado nas melodias da guitarra, e não tem o baixo dominante de Squire. O baixista Ricky Tierney, discreto, só marca presença ao fazer as vezes do próprio Squire, no clássico “Roundabout”, que fecha a noite em grande estilo. Na maior parte do tempo é Sherwood quem conduz o grupo. Os solos de “Brotherhood Of a Man”, que arrancam aplausos do público, e a jam instrumental de “Remember Along The Way”, na parte final, são bons exemplos. O que prevalece, porém, são estruturas musicais complexas e mudanças de andamento daquelas que deixam o fã de rock progressivo de queixo caído. Mas não colam na cabeça do ouvinte menos experimentado.
Da parceria com Chris Squire, Sherwood resgata “The More We Live”, a única dele no álbum “Union”, de 1991. Embora tenha o título citado antes do início, a canção não soa familiar por boa parte da plateia, mas tem uma das melhores evoluções de guitarra da noite, com Tony Kaye - sempre empolgado - curtindo um raro momento como coadjuvante. O tecladista começou mostrando serviço já na segunda música, “Ever Changing World”, quando, na larga introdução, inseriu o riff de “Smoke On The Water”, do Deep Purple, numa referência/homenagem a Jon Lord, que passara dessa para outra na última segunda (leia aqui). Em seu solo – nem tão grande para um show de rock progressivo – Kaye não foi tão referente assim. Só os fãs mais dedicados reconheceram trechos de músicas além da introdução de “Changes”, do álbum “90125” (aquele de “Owner Of A Lonely Heart”), que deu a cara mais pop ao Yes, em 1983.
Divorciada, na maior parte do tempo, dessa sonoridade mais pop, no sentido de cativar o ouvinte, a música do quarteto realça mais quando as partes instrumentais descambam para os duelos entre Kaye e Sherwood. Mesmo porque a dupla da cozinha (o baterista Scott Connor completa o time), embora não deixe a desejar, ocupa com resignação o seu papel. É o que acontece em “If It’s Not Too Late”, que estoura facilmente os 12 minutos, e a já citada “Brotherhood Of a Man”. Curiosamente é no bis que o grupo revela a faceta mais acessível, com “Cut The Ties”, curta e de refrão fácil. A música é uma das que a plateia já conhecia de antemão e arrematou com leveza um bom show de rock progressivo, cujo senão maior foi o público pouco numeroso.
Set list completo:
1- And So On
2- Ever Changing World
3- Together We Are
4- True Progress
5- The More We Live
6- Remember Along The Way
7- Waiting/Tme And a Word
8- Brotherhood Of a Man
9- Halfway Home
10- If It’s Not Too Late
11- Cast Away
12- Roundabout
Bis
13- Cut The Ties
Foi um grande show, sem dúvida ! Pena não ter sido bem divulgado, pois o teatro estava bem vazio. Uma grande noite !