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Com a turnê do novo álbum, Duran Duran se mostra relevante em espetáculo bem produzido e que atualiza sonoridade oitentista. Fotos: Luciano Oliveira.

Grande frontman, Simon LeBon comanda um belo show do Duran Duran no chuvoso Rio de Janeiro

Grande frontman, Simon LeBon comanda um belo show do Duran Duran no chuvoso Rio de Janeiro

No palco os dois sinais gigantes de “fast forward” e “review”, aqueles mesmos do mídia player ou tape deck, mostram a teoria que inspira a atual turnê do Duran Duran. Quem explica é o vocalista do grupo, Simon LeBon, dando boa noite ao público, antes da música que dá título ao álbum, à turnê e à fase atual: “All You Need Is Now”. Ou seja, o importante é o agora. “Viemos para essa cidade linda no único dia de chuva em todo o ano”, brincou LeBon, no palco do Citibank Hall, no Rio, no segundo show da turnê em solo brasileiro. A chuva que caiu o dia todo poderia ter prejudicado o comparecimento do público, não fosse um verdadeiro mutirão de promoções e descontos nos caros ingressos praticados por aqui. E a platéia, no fim das contas, foi generosa, em número - cerca de 4500 pessoas - e animação.

John Taylor e LeBon cantam juntos no show

John Taylor e LeBon cantam juntos no show

Da última vez que esteve no Rio (veja como foi), o grupo lamentou uma longa ausência, mas agora, três anos e meio depois, não trouxe tantas mudanças no repertório, embora tenha um disco novinho para se mudar para as prateleiras dos fãs. Mas, na produção de palco, inexistente na turnê anterior, quanta diferença. Além dos sinais gigantes, barras verticais na parte de trás do palco projetavam canhões de luzes sobre o público, num efeito dos mais interessantes, percebidos logo na primeira música, a arrastada “Before The Rain”, uma das quatro do novo CD incluídas no set, cujo tom épico se revelou inadequado para um início de show. O bicho só começou a pegar – e não parou mais – com “Planet Earth”, emendada com o hit “A View To A Kill”, tema de James Bom nos cinemas.

LeBon, do alto de seus 52 anos, está bem fisicamente, dosa a voz recheada de efeitos na mesa de som e se mostra bem humorado com a própria pose que desenvolveu como ícone do new romantic nos anos 80: é quase um cantor de cabaré. Ao ser apresentado por uma duranie, no meio do público, a pedido dele próprio, o vocalista ouviu os adjetivos “lindo, bonito e gostosão” fazerem rima com “Simon libão”. Nada mais kitsch. Com o élan de outros tempos, LeBon se mostra como nem sempre é reconhecido: um dos grandes frontman do rock em todos os tempos. Em “Ordinary World”, hit temporão dos anos 90, recebe humildemente a cantora Fernanda Takai, que se derrete ante o galã e não compromete com o gogó. Além de talentosa, a vocalista do Pato Fu tem um bom agente e já divulga o novo álbum, que tem a música como uma das faixas.

O discreto e eficiente guitarrista Dom Brown

O discreto e eficiente guitarrista Dom Brown

A tônica do show é dada pelo tecladista Nick Rhodes, responsável pela linguagem do grupo, e pela marcação, quase sempre inspirada no funk de raiz, do baixista John Taylor. Junto eles colocam o guitarrista Dom Brown numa coadvujação expressa, revelando os segredos do tecnopop de um modo cristalino e didático, em que pese um ou outro prato digital da bateria de Roger Taylor e suas viradas econômicas. Rhodes arrasa em “Save a Prayer”, irresistível lentinha de todas as épocas e lugares; em “Notorius” e sua estética funk exagerada; e em “Hungry Like the Wolf”, esta sim, com o batera indo muito bem nas viradas. Em duas das músicas novas, o grupo consegue repaginar o som que emblematizou há 30 anos, dando tons modernos à fórmulas antigas. Caso da faixa título do CD, e de “Girl Panic!”, cujo clipe, com super modelos como integrantes da banda, no telão, é a cara do Duran Duran way of life.

A prova da diversidade instrumental do Duran Duran é que, embora o show tenha duas horas de duração, a sensação é a de que 18 músicas é pouco. Sinal de que as versões ao vivo têm consistência, não se limitam a repetir as versões registradas em disco. O bis, com “Girls on Film” e “Rio”, é o mesmo de 2008, e as músicas do álbum da época, “Red Carpet Massacre”, foram todas deixadas de lado em nome dos hits e das músicas do novo álbum. Nas contas do público, animadaço, as melhores foram “Is There Something I Should Know?”, “View to a Kill” e “Notorius”, quando até uma tentativa de levantar cartazes com a sílaba “no”, gaguejada na música, foi feita, sem sucesso. O negócio agora é esperar o próximo álbum e a volta ao Brasil – e ao Rio -, porque o agora era importante, mas, num instante, já passou.

A banda completa no palco bem produzido, incluindo o 'boss' Nick Rhodes, escondido, no fundo, à direita

A banda completa no palco bem produzido, incluindo o 'boss' Nick Rhodes, escondido, no fundo, à direita

Set list completo

1- Before the Rain
2- Planet Earth
3- A View to a Kill
4- All You Need Is Now
5- The Reflex
6- Come Undone
7- Safe (In the Heat of the Moment)
8- Is There Something I Should Know?
9- Girl Panic!
10- Save a Prayer
11- Notorious
12- White Lines
13- Ordinary World
14- Hungry Like the Wolf
15- (Reach up For The) Sunrise
16- Wild Boys / Relax
Bis
17- Girls on Film
18- Rio

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. fabio em maio 3, 2012 às 17:23
    #1

    Rapaz… esse show foi muito bom… fui meio cabreiro, achando que ia me deparar com algo decadente e fui surpreendido.
    Achei que eles tao bem atuais… e os hits clássicos envelheceram bem!

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