O Homem Baile

Atemporal, cabaré chique do Duran Duran faz a festa no Rio

Em exatas duas horas de show o ícone da new romantic oitentista levou a um razoável público o prazer de dançar ouvindo rock dos bons

Um sujeito com a camisa do Flamengo e envolto numa bandeira brasileira gigante cantando uma música chamada “Rio” tinha tudo par ser um carioca vocacional. Mas era um típico cidadão britânico: Simon LeBon, vocalista do Duran Duran, encerrando a turnê brasileira anteontem à noite, no palco do Vivo Rio. “Rio” foi só um dos hits que fizeram a fama da banda, ícone do chamado new romantic nos anos 80. Além da música em si, o sub-estilo prezava por uma suntuosidade no modo de vestir que o quarteto mantém até hoje, com uma impecável indumentária temática desenhada especialmente para esta turnê mundial – não à toa o Duran Duran antecipou, na música pop, o conceito de metro-sexual.

Não que o show tenha começado na temperatura em que terminou. Depois do tema do filme “Laranja Mecânica” como introdução, a fria “The Valley”, do álbum mais recente, “Red Carpet Massacre”, foi mal escolhida para um início que só se revelou eficaz com o poderoso riff de “Planet Earth”. A música desencadeou uma saraivada de hits que veio a confirmar que muito antes do advento da música eletrônica o rock já fazia dançar – e muito. Antes de “Hungry Like The Wolf”, LeBon, numa animação atroz, lembrava que em janeiro completariam 21 anos de ausência do Duran Duran na cidade, que tocou numa das edições do finado Hollywood Rock.

Um dos grandes momentos da noite, embora o público fosse apenas razoável, veio com a trinca “Notorious”, um funk rock da pesada; “I Don’t Want Your Love” e “Save a Prayer”, certamente uma da músicas mais tocadas nas rádios ditas adultas no Brasil em todos os tempos. O trabalho de teclados embutido nela fez lembrar que o carrancudo Nick Rhodes é quem está na retaguarda do grupo para Simon LeBon brilhar lá na frente. Em “Faling Down”, parceria com Justin Timberlake, ele destaca como é bom “estar aí há tanto tempo” na hora de escolher um parceiro de peso e mostra como o Duran Duran, pode, também, soar contemporâneo.

O contraponto viria com a seqüência “cool” quase chata de três baladas. “Serious”, “The Chauffer” e “Come Undone”, emendadas, deram a pausa para a platéia descansar antes de uma fileira matadora para encerrar, incluindo o super hit “Ordinary World” - essa dos anos 90 -, o petardo “Is There Something I Should Know?”, uma das que mais empolgou, e “Wild Boys”, num clima de cabaré chique total. “The Reflex” causou arrepios na platéia e fez até Nick Rhodes, ao ser provocado, deixa escapar um discreto sorriso.

“Rio” ficou para o bis, depois da simplérrima “Girls On Film” e de uma animada apresentação dos integrantes da banda e seus convidados – guitarrista, vocalista e saxofonista. Após duas horas de muita festa, Simon LeBon parecia, no fim das contas, mais feliz que a torcida do Flamengo.

Set List completo:

1- The Valley
2- Planet Earth
3- Hungry Like The Wolf
4- Nite Runner
5- Notorious
6- I Don’t Want Your Love
7- Save a Prayer
8- Red Carpet Massacre
9- A View To a Kill
10- Falling Down
11- Serious
12- The Chauffeur
13- Come Undone
14- Ordinary World
15- Is There Something I Should Know?
16- The Reflex
17- White Lines
18- Sunrise
19- Wild Boys

Bis

20- Girls on Film
21- Rio

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