Bola é Bola Mesmo

Gilberto tem razão

Prestes a se aposentar, jogador do Cruzeiro não suporta mais as arbitragens e desabafa após partida; a crônica esportiva precisa se mais dura com os erros dos juízes

As declarações do jogador Gilberto, do Cruzeiro, nesse final de semana, devem ser lavadas em conta. Em tom de desabafo, o meia/lateral disse que vai parar de jogar porque não aguenta mais as arbitragens brasileiras. Não, ele não estava de cabeça quente, até porque Gilberto, que foi a duas Copas do Mundo pela seleção brasileira, é sempre calmo, tranquilo, ponderado. Provavelmente ele queira parar de jogar porque, aos 35, já não suporta mais o conjunto da obra: as contusões, o esforço para manter a boa forma e as cobranças pelo Gilberto vigoroso do passado, entre outras coisas, incluindo a arbitragem. A essa altura, nesta terça, talvez ele provavelmente tenha revisto a postura de parar. Mas quanto às arbitragens ele está certíssimo.

Eu concordo com ele porque, como torcedor, perdi o gosto vocacional de torcer pelo meu time e passo os jogos torcendo para que o juiz não estrague tudo. Há tempos, inclusive, não escrevo nessa coluna que se pretende semanal, por causa de um lance que estragou meu domingo, lá em abril. Na semifinal da Taça Rio, vi o árbitro ignorar um pontapé aplicado pelo goleiro Felipe em Rafael Moura, logo no início do Fla-Flu. A falta, se marcada, resultaria na expulsão sumária do jogador que decidiu a classificação do Flamengo, com nada menos que sete defesas na partida e mais três na disputa por pênaltis. O juiz, desaforadamente, marcou simulação do He-Man, numa jogada em que isso não existe: qualquer atacante tenta pular o goleiro para escapar da falta e fazer o gol. Como foi derrubado, caiu. Antes do final da partida, antes de saber o resultado, desanimei.

Podem alegar os torcedores adversários que tudo não passa de choro de perdedor, mas retruco que, para mim, o jogo perdeu a graça antes mesmo de acabar. Na cobertura da imprensa, cada vez mais dominada pela política do “vender jornal” ou da audiência, comandada pela Flapress, o lance foi minimizado. Assim como foram relegadas ao segundo plano as declarações de Gilberto. Da mesma forma, ao longo dos anos as análises as arbitragens em mesas redondas e programas do tipo descambam para o campo da polêmica para dar audiência, e os analistas vão assumindo a máxima segundo a qual “é assim mesmo, há erros pra todos os lados e tudo se compensa no final do campeonato”. Não deveria ser assim.

São vários os fatores que levam uma equipe a ser vencedora no final de um jogo e de uma competição. Técnica, concentração, estabilidade psicológica, estrutura de treinamento, sorte, etc. Tudo isso faz parte do futebol, que é, antes de qualquer coisa, um jogo que só tem um vencedor. O que não faz parte é a interferência da arbitragem no resultado das partidas, em lances simples que acabam se tornando capitais por deficiência técnica de quem apita o jogo, o único ali que, embora remunerado, não é verdadeiramente profissional. Cabe à crônica esportiva se posicionar com clareza e imputar culpa aos árbitros que erram, sem usar saídas pela “tangente” que incluem “interpretação”, falta de recursos eletrônicos e que tais. É preciso apontar duramente as falhas desses senhores. Sem choro, porque Gilberto tem razão.

Até a próxima, que a coisa tá cheirando mal lá no Ninho do Urubu!!!

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