Bola é Bola Mesmo

O time das causas impossíveis

Fluminense volta a superar a si próprio em classificação épica; impossível mesmo é passar pela arbitragem local, apoiada pela Flapress

Certa vez ouvi dizer que havia um santo, o Expedito, que é o “protetor” das causas impossíveis, não me lembro onde, nem como. Mas achei graça. Como pode uma entidade proteger uma causa impossível? Ou mesmo fazer alguém conseguir uma graça – ainda que divina – se ela é impossível? Ora, o impossível – de fato – não é possível. Eis que o futebol revela uma equipe com o dom quase divino de superar as causas impossíveis. Entenda-se isso como fazer, do impossível, algo possível. Ou, por outra, acreditar que tudo, absolutamente tudo, é possível.

Vejam que o Fluminense, vítima de uma cafajestagem de Muricy Ramalho, foi abandonado ao relento. O técnico, seguramente um dos melhores do país, pela Libertadores que jamais venceu, jogou duas partidas em casa e uma fora, somando parcos dois pontinhos e abandonou o barco. Ali, via-se um Fluminense, já, eliminado da competição; virar o jogo com outras duas partidas fora (as últimas da fase de grupos) e uma em casa não era possível. Com um interino oficial, uma vitória emocionante, de virada, contra o América do México, em casa, um brilho reacendeu nos olhos dos tricolores.

Mas apagou na rodada seguinte. Enquanto via Slash debulhar a guitarra numa exibição memorável, o Flu jogava bem – dizem – no Uruguai e tomava um caro dois a zero no Nacional. Aí, sim, concretizava-se a eliminação sonhada pelo aético Muricy Ramalho. No resumo, a partir dali era preciso vencer fora de casa o Argentino Jrs., uma equipe argentina (de segunda, mas da Argentina) por dois gols de diferença e torcer pelo empate entre Nacional e América do México. Numa palavra: impossível.

Mas o torcedor tem dessas coisas de ver o time até quando quase tem a certeza de que ele vai perder e ser eliminado. Muitos tricolores se despencaram para a Argentina para ver o impossível acontecer, e outros tantos ligaram a TV, não para ver a pelada da Copa do Brasil escolhida pela Globo, mas para sofrer, quase seguramente, uma dolorosa eliminação causada por uma treinador amarelão que abandonou a equipe (e o clube) quando ela mais precisava dele. No fim das contas, Éderson Moreira conseguiu seis pontos em duas partidas fora e uma em casa e, Muricy, um terço disso, em duas em casa e uma fora. O que é a natureza…

Porque, na Argentina, o Fluminense brilhou como Fluminense, como time grande que tem que partir pra cima sob qualquer circunstância, ainda mais precisando do resultado contra uma equipe mais fraca. Usou a máxima da faixa inspiradora com o dizer “lutem até o fim”, e foi isso que todos fizeram. Que o Nacional, que quase não leva gols, mas também não faz, empataria com o América (tranquilo, esperando a classificação) era batata. Coube ao Flu superar, na Argentina, o Argentino Jrs. Por dois gols de diferença. E assim o fez, de novo, de forma suada e dramática, conseguindo o feito no finzinho do jogo. Atraiu, assim, e de novo, o apreço de todas as torcidas – há relatos de rubro-negros que mudaram de canal. Fez, de novo, o impossível virar possível, no maior estilo time das causas impossíveis.

Até para o impossível, no entanto, há limites. Por isso, recomenda-se que o Flu aperte o reset, aproveite o fato de jogar em casa nas oitavas de final da Libertadores e inicie a disputa contra o Libertad, na quinta, em grande estilo, para não ter que cortar um dobrado no jogo de volta, no Paraguai. Que inicie o Brasileirão firme, com técnico novo e elenco renovado, para não dar chance ao azar. Porque, com a quantidade de investimentos que recebe, o Fluminense não pode se ver em outro lugar senão na disputa pelo título.

Flapress

Aqui no Rio sempre ouvi reclamações de todos os torcedores quanto à benevolência da imprensa esportiva no trato com o Flamengo, que, afinal, tem a maior torcida do País, dá mais audiência, vende mais jornal, etc. Sempre relevei. Achava razoavelmente normal, de um lado, e um exagero, de outro. Isso até o último domingo.

Já havia achado estranho a Globo preterir o Flu na Libertadores pela pelada disputada no Engenhão, mas no domingo me surpreendi com a cara de pau da emissora. Ora, meus amigos, o lance capital da partida foi o pontapé aplicado pelo goleiro Felipe no Rafael Moura, logo no início do Fla-Flu. A falta, se marcada, resultaria na expulsão sumária do jogador que decidiu a classificação do Flamengo, com nada menos que sete defesas na partida (foi o líder da Flapress, Renato Maurício Prado, quem contou) e mais três na disputa por pênaltis. O juiz, desaforadamente, marcou simulação do He-Man, numa jogada em que isso não existe: qualquer atacante tenta pular o goleiro para escapar da falta e fazer o gol. Como foi derrubado, caiu.

Até aí tudo bem. O árbitro é péssimo, depois disso deu um gol com o mesmo Rafael em escandaloso impedimento, e se perdeu, invertendo faltas e distribuindo cartões para aplacar a própria insegurança. O caso é que o lance foi tratado de passagem na Globo e sequer fez parte dos melhores momentos no intervalo, no qual o comentarista de arbitragem se limitou a constatar que o árbitro prejudicou o Flamengo ao validar o gol do Flu. Ora, se o Flu deu um banho de bola e parou em Felipe, imaginem com o Flamengo com um a menos e sem o goleirão? Agora entendo a força da Flapress.

Até a próxima, que estão roubando o Botafogo até contra time pequeno!!!

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